Artes

Vanguardas Europeias

No começo do século XX, a criação artística passa por uma ruptura radical. Os diversos movimentos que se sucedem, desde os primeiros anos até 1940, são chamados de vanguardas europeias.

As vanguardas europeias mudaram o rumo da arte ocidental e revelaram o talento de alguns artistas geniais no século XX: Picasso, Kandmsky, Mondrian, Duchamp, Dalí e Miró, que hoje são artistas “clássicos” que figuram em qualquer livro de história da arte, e fizeram parte de movimentos que romperam com a visão habitual de enxergar a produção artística.

A grande característica comum de todas as vanguardas é a noção de que há múltiplas maneiras de enxergar e perceber a arte, tão variadas quanto os múltiplos suportes que o produto artístico pode ter. A arte deixa de ser expressão de um ideal coletivo unitário, porque já se entende que a sociedade não é uniforme. O artista já não reproduz aquilo que considera belo, mas investiga formas de encontrar a beleza ou a singularidade, mesmo que para isso precise romper com padrões estéticos cristalizados, tidos como normais.

Cada movimento de vanguarda do início do século XX teve características próprias, mas todos procuraram de alguma forma conectar a arte com a vida, outorgando ao artista uma capacidade transformadora, como nunca houvera antes. Por tudo isso, seus princípios estéticos muitas vezes são indissociáveis de sua biografia e cotidiano.

Apesar de romperem de forma radical com padrões anteriores, os principais movimentos do período – Cubismo, Futurismo, Expressionismo, Dadaísmo, Surrealismo e as várias correntes de arte abstrata – acabam se tornando parte do gosto comum. Com seu amadurecimento, criam padrões e geram um patrimônio estético que é absorvido e entendido como parte das possibilidades de criação.

Saiba mais detalhes sobre cada vanguarda:

Cubismo – Acabou com a representação pictórica feita a partir de um único ponto de vista, favorecendo a compreensão corpórea e mental do objeto representado.

Pintura de vanguarda
Pablo Picasso, Natureza-morta sobre assento de cadeira.

Futurismo – Com linguagem entusiasmada e com tom categórico, clamava por um mundo novo. Apelava para a agressividade juvenil como instrumento para acabar com as tradições corrompidas; e para a violência e a guerra como meio de regeneração. Ao mesmo tempo, exaltava as virtudes do progresso científico e técnico.

Pintura futurista da vanguarda europeia
Giacomo Balla, Automóvel durante uma corrida, estudo de velocidade (1913).

Expressionismo – Movimento heterogêneo que, por meio da distorção das formas e do uso das cores que não correspondem ao padrão natural, destaca aspectos emocionais e psicológicos que vem das camadas mais profundas da alma humana.

Pintura expressionista da vanguarda
Edvard Munch, O grito (1893).

Dadaísmo – Atitude subversiva que negava todos os valores culturais estabelecidos por uma sociedade da “ordem” – que, paradoxalmente, havia experimentado a loucura destruidora da Primeira Guerra Mundial.

Escultura dada do tempo das vanguardas
Raoul Hausmann, O espírito de nosso tempo (1919)

Surrealismo – Busca expressar a verdadeira função do pensamento e transpor à arte os meandros do sonho e do subconsciente. É um movimento que cria atitude mental aberta ao desconhecido, que tem consequências nas artes plásticas e na literatura.

O contexto histórico das vanguardas europeias

A primeira metade do século XX caracteriza-se por grandes mudanças na arte, mas também em outros campos: na sociedade, com o amadurecimento do discurso sobre luta de classes e as primeiras vitórias das revoluções proletárias, sobretudo com a Revolução Russa, em 1917; na política, com duas guerras mundiais agitando a Europa e demonstrando ao mundo a força de Estados Unidos, União Soviética e Japão como potências emergentes. As guerras e, entre elas, a Grande Depressão econômica dos anos 1930, geram grande impacto econômico e psicológico no mundo inteiro, afetando diretamente a produção artística.

Por: Arnaldo V. Nascimento