História

Renascimento Científico

Durante o período do Renascimento houve grande desenvolvimento no campo das ciências. Pesquisas e descobertas científicas promoveram avanços em áreas como a Física, Astronomia, Matemática e Medicina, entre outras.

O desenvolvimento do espírito de observação e de interpretação – que levou à experimentação racional dos estudos – foi fator determinante para tais avanços, especialmente a partir do final do século XVI. A essa nova concepção de ciência, damos o nome de Renascimento Científico.

Características e contexto histórico

O conhecimento medieval era fundamentalmente livresco, isto é, baseado exclusivamente nas informações e explicações contidas nos livros tradicionais — principalmente as Sagradas Escrituras (Bíblia) e os textos dos Padres da Igreja — autoridades teológicas cujos escritos formam o conjunto denominado Patrística.

Com o advento do Renascimento, a curiosidade e o espírito crítico valorizaram a observação científica e impulsionaram o experimentalismo. O resultado foi um extraordinário desenvolvimento no campo das Ciências.

É importante observar que os renascentistas, fossem eles ligados às artes, literatura ou ciências, não estavam preocupados em negar a existência de Deus, mas, sim, em demonstrar a capacidade que o ser humano tem de conhecer as coisas por meio da razão.

Em outras palavras, havia uma preocupação dessas pessoas da Renascença em resgatar a autonomia da razão, mostrando que ela é capaz de gerar um tipo de conhecimento dissociado daquele produzido por meio da fé. “Conhecer” deixava de ser apenas “acreditar”; “conhecer”, para o homem renascentista, era “duvidar”, “questionar”, “investigar”. Daí o desenvolvimento dos métodos aplicados sobre os objetos e os fenômenos a serem conhecidos.

Principais nomes do Renascimento Científico

Nicolau Copérnico (1437-1534): astrônomo polonês, na sua obra Da Revolução das Esferas Celestes combateu a teoria geocêntrica, que considerava a Terra como sendo o centro do universo, propondo a teoria heliocêntrica – o Sol como o centro do nosso sistema planetário.

Leonardo da Vinci (1452-1519) – empreendeu diversas realizações, entre as quais se destaca o desenho do primeiro mapa-múndi focalizando a América, e projetos de engenhos voadores. Estudou profundamente a anatomia humana, a fim de expressar com maior rigor as formas humanas na pintura e na escultura. Foi precursor de numerosos inventos modernos, tais como uma máquina de voar, o paraquedas, o submarino e o carro de assalto (tanque de guerra).

Paracelso (1493-1541): médico suíço, estudou o campo farmacêutico e descobriu fundamentos físico-químicos nos processos vitais.

Ambroise Pare (1510-1590): cirurgião francês, foi o primeiro a fazer uso de pinças e fios para ligar os vasos sanguíneos nas amputações de membros, tal como se pratica ainda hoje. Esse processo substituiu a cauterização.

Miguel Servet (1511-1553): médico espanhol, descobriu a circulação do sangue pulmonar.

Giordano Bruno (1548-1600): influenciado por Copérnico, entre outros, esse teólogo e filósofo italiano afirmava ser o universo um todo infinito, havendo milhares de sistemas solares.

Francis Bacon (1561-1626): é considerado o fundador da ciência moderna, pois foi o primeiro a expor, em seu livro Novum Organum, o estudo da indução e do método experimental, ensinando que se deve descobrir os fenômenos da natureza pela observação e reproduzi-los pela experiência. Saber é poder, afirmava ele.

Galileu Galilei (1564-1642): natural de Pisa, na Itália, foi matemático, físico e astrônomo. Aperfeiçoou o telescópio a fim de se aprofundar nos estudos astronômicos. Confirmou a Teoria Heliocêntrica de Copérnico. Descobriu as leis da queda dos corpos e anunciou o princípio da inércia e o da composição dos movimentos. Inventou o termômetro e a balança hidrostática e estabeleceu os princípios da dinâmica moderna.

Johannes Kepler (1571-1630): astrônomo alemão, apresentou as leis referentes ao movimento dos planetas em torno do Sol (leis de Kepler). Além disso, dedicou-se a estudos de óptica.

René Descartes (1596-1650): filósofo francês, autor do Discurso sobre o método, onde expõe o critério científico de verificação e conclusão. Sugeriu a fusão da álgebra com a geometria, o que deu origem à geometria analítica.

Isaac Newton (1643-1727): matemático, físico e astrônomo inglês, descobriu as leis da gravitação universal e da decomposição da luz.

Leibniz (1646-1716): filósofo, cientista e matemático alemão, é creditado a ele e a Newton o desenvolvimento do cálculo moderno.

A reação da Igreja Católica ao pensamento e às descobertas dos cientistas renascentistas nem sempre foi pacífica. Giordano Bruno foi condenado à morte na fogueira pelo Tribunal da Inquisição. Miguel Servet foi outro condenado ao mesmo fim. Galileu Galilei teve que abjurar (negar) suas teorias para se ver livre da morte. A luta dos cientistas para superar as dificuldades impostas pela Igreja ao progresso dos seus estudos foi dura e prolongada.

Apesar de todo o avanço intelectual e científico registrado no Renascimento, não devemos esquecer que somente as elites tinham acesso a ele. Contraditoriamente, persistiam — sobretudo nas camadas populares — crenças no sobrenatural e na magia, herdadas dos alquimistas e feiticeiros da Idade Média ou com raízes ainda mais remotas.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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