Geografia

O Modelo Japonês

O modelo japonês de desenvolvimento caracterizou tanto o período de hipercrescimento de 1956-1973, quanto a ousada reestruturação econômica e tecnológica que enfrentou com sucesso os desafios da década de 1970.

O cerne do processo de desenvolvimento japonês desde a década de 1950 é o projeto nacionalista do Estado desenvolvimentista, implementado pela burocracia estatal em nome da nação.

Os burocratas do Estado têm orientado e coordenado as empresas japonesas, organizadas em redes, ajudando-as com políticas de comércio, tecnologia e crédito para competir com sucesso na economia mundial.

O superávit comercial foi transformado em superávit financeiro e, aliado à alta taxa de poupança interna, permitiu uma expansão não-inflacionária, possibilitando, ao mesmo tempo, altas taxas de investimento, aumento rápido dos salários reais e a melhora dos padrões de vida.

O Japão conseguiu combinar crescimento com redistribuição, elevar os salários reais de forma substancial e reduzir a desigualdade de renda a um dos níveis mais baixos do mundo.

Índices elevados de investimento em P&D e enfoque em indústria avançada capacitaram o Japão a assumir uma posição de liderança nos setores de tecnologia da informação em uma época em que seus produtos e processos se tomaram essenciais na economia global.

Esse desempenho econômico contou com estabilidade social e alta produtividade da força de trabalho, por meio da cooperação entre a gerência e os trabalhadores, possibilitada pela estabilidade no emprego e pela promoção da força de trabalho permanente com base no tempo de serviço.

A estabilidade social baseava-se em três fatores principais:

• comprometimento do povo para reconstruir o Japão;

• acesso ao consumo e grande melhoria dos padrões de vida;

• família patriarcal forte e estável que reproduzia os valores tradicionais, induzia à ética do trabalho e proporcionava segurança pessoal a seus membros, à custa da manutenção da submissão feminina.

Os mecanismos do “milagre japonês” foram:

• incansável direcionamento para exportações com base em alta competitividade, pelo aumento da produtividade, pela qualidade do trabalho e pelo protecionismo dos mercados internos;

• abundância de capital resultante do alto índice de poupança e crédito de curto prazo para os brancos, a baixas taxas de juros;

• esforço sustentado para o desenvolvimento tecnológico e inovação tecnológica, com programas patrocinados pelo governo;

• ênfase na indústria;

• política industrial mudando da setores de baixa tecnologia para os de alta tecnologia, acompanhando a demanda mundial.

No Japão, o governo orienta o desenvolvimento econômico, assessorando as empresas sobre linhas de produtos, mercados de exportação, tecnologia e organização do trabalho. Ele completa as orientações com grandes financiamentos e medidas fiscais, bem como com apoio seletivo para programas estratégicos de P&D.

A intervenção governamental no Japão é organizada com base na autonomia do Estado em relação a empresas e, em grande medida, em relação ao sistema político-partidário, embora o conservador Partido Democrático Liberal governasse incontestado até 1993.

No geral, a forma tradicional de trabalho com base em emprego de horário integral, projetos profissionais bem delineados e um padrão de carreira ao longo da vida está sendo extinta de forma lenta, mas indiscutível.

A principal preocupação das autoridades japonesas da área do trabalho é a diminuição potencial de futuros trabalhadores japoneses devido ao envelhecimento da população e à relutância japonesa com respeito à imigração.

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