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Geografia do Canadá

O objetivo deste trabalho é analisar a formação histórica do território e da população do Canadá e a organização espacial, política, social e econômica desse país na atualidade, bem como a sua inserção no espaço e na sociedade mundial.

Formação territorial

Historicamente, o Canadá foi colonizado pela França e pela Inglaterra, apesar de ter sido conquistado por um italiano – John Ca­bot – a serviço do rei inglês Henrique VII.

A colonização do país foi parte do expansionismo europeu pela América, diferenciando-se de outras áreas desse continente apenas no modelo de colonização.

Politicamente, o Canadá é uma monarquia parlamentarista, sendo o chefe de Estado o monarca chefe do Reino Unido, pois pertence à Comunidade Britânica das Nações (Commonwealth). O território é dividido em dez províncias e três territórios (extremo norte), como mostra o mapa a seguir:

Mapa do Canadá.
Canadá.

Aprenda mais em: História do Canadá.

Aspectos naturais do Canadá

Segundo maior país em superfície – superado apenas pela Federação Russa –, o Canadá é o maior da América, superando Estados Unidos e Brasil.

Apesar do extenso território, o Canadá encontra limites à ocupação de grande parte do seu espaço nacional em função das condições climáticas (latitudes elevadas). As regiões central e norte do país apresentam, respectivamente, climas temperado frio e polar, impossibilitando as práticas de diversas atividades agropecuárias e dificultando, ainda, a instalação humana.

Clima e vegetação

Climaticamente, o Canadá pode ser regionalizado em quatro áreas definidas pelas generalidades climáticas apresentadas na figura abaixo:

Clima do Canadá.
Canadá – Clima.
  • a parte meridional (B), divisa com os EUA, apresenta um clima temperado, com característica mesotérmica, e vegetação de pradarias (herbáceas);
  • no centro-norte (A), a prática agrícola é dificultada, pois o clima é mais rigoroso, sendo temperado frio, com influência de ventos polares, destacando-se a taiga ou floresta de conífera, que apresenta grande importância para as indústrias madeireira e de papel e celulose – uma das mais desenvolvidas do mundo;
  • mais ao norte (C), o clima é o polar, com característica microtérmica, e acompanhado pela tundra;
  • o clima frio de montanha (D) ocorre nas áreas dos dobramentos jovens da porção ocidental.

A extensa região de domínio do clima temperado frio permite uma das maiores áreas de floresta temperada do espaço mundial, importante para a indústria madeireira e de papel e celulose nacional.

Relevo

Geologicamente, o país apresenta três principais unidades de relevo: no oeste, ocorrem as montanhas rochosas (dobramentos modernos) do Cenozoico; na região central, ocorrem as planícies que são intensamente utilizadas, ao sul, pela agricultura moderna tecnificada; no leste, ocorrem as montanhas velhas do Pré-Cambriano, ricas em minérios e com elevado potencial hidrelétrico (Planalto do Labrador).

Hidrografia

Em relação à hidrografia, temos os rios Mackenzie, desaguando na vertente ártica e o São Lourenço, considerado o elo econômico-comercial entre o Oceano Atlântico e os Grandes Lagos para o Canadá e os EUA, ao permitir o comércio exterior por suas águas, além de passar por importantes centros industriais, como Montreal, no território canadense.

Economia do Canadá

O desenvolvimento canadense está associado a diversos aspectos, entre eles, o modelo de colonização – povoamento –, as riquezas do território e os investimentos estadunidenses. O elevado desenvolvimento econômico canadense permitiu a esse país estar no grupo seleto do G7 – as sete economias mais poderosas do mundo.

Historicamente, a industrialização canadense é recente, alavancada após a Primeira Guerra Mundial, com a invasão de empresas estadunidenses, no sudeste, buscando mão-de-obra mais barata e ampliação do mercado consumidor. O país é fortemente dependente de capitais, mercado e empresas estadunidenses. Um bom exemplo desta realidade é o controle de empresas dos EUA na área agrícola da Prai­rie, além da própria participação no Nafta.

A maior parte das exportações direciona-se para o vizinho, assim como as importações. Darcy Ribeiro, antropologo brasileiro, falecido em 1997, criou a famosa expressão “apêndice dos EUA”, para mostrar o grau de integração econômica entre esses dois países. Tentando mudar um pouco este “monopólio”, o Canadá assinou participação na Apec. O país exporta papel, alumínio, aviões, trigo, minerais, pes­cado, petróleo.

A concentração industrial está na fronteira com os EUA, principalmente na região sudeste do Canadá, onde forma com o Nordeste estadunidense uma das maiores aglomerações industriais do planeta, assim como uma das áreas de maior poluição industrial. Essa concentração industrial canadense evidencia a forte dependência econômica em relação ao país vizinho.

Regiões econômicas

Do ponto de vista econômico, o Canadá pode ser dividido em cinco regiões:

Mapa com as regiões econômicas do Canadá.
Canadá – Regiões econômicas.
  • o Grande Norte (A) é marcado por baixas densidades demográficas e, em função da taiga (floresta de coníferas), pela exploração madeireira e pela produção de celulose (é o maior exportador mundial);
  • a Colúmbia Britânica (B) apresenta grande potencial hidrelétrico, devido às Montanhas Rochosas. O expoente urbano-industrial é Vancouver, que interliga a bacia do Pacífico;
  • a Prairie (C) é o celeiro agrícola do país, – em que o trigo é o principal produto para exportação (Reino Unido e China), mas a presença de combustíveis fósseis também é importante;
  • o Sudeste ou Grandes Lagos (D) é o “coração” econômico do país e a continuidade urbano-industrial estadunidense. A riqueza é decorrente de vários fatores, tais como o início da colonização, os recursos minerais e a hidrovia do São Lourenço. A urbanização é intensa e encabeçada pelas metrópoles de Montreal e Toronto. Politicamente, o sudeste é formado pelas duas províncias mais desenvolvidas: Ontário (de origem inglesa) e Quebec (de origem francesa). A industrialização é diversificada e as indústrias de papel, avião e metalurgia se destacam.
  • as Províncias Atlânticas (E) são caracterizadas pela atividade pesqueira, beneficiada pela corrente fria do Labrador.

Aprenda mais em: Economia do Canadá.

População canadense

O Canadá apresenta um pouco mais de 35 milhões de habitantes para ocupar o segundo maior território mundial, tornando-se um país fracamente povoado, com apenas 4 hab./km2. Por isso, o país é considerado pouco populoso e pouco povoado.

O quadro natural dificulta a ocupação integral do território, tornando o norte do território um grande vazio demográfico, enquanto 90% de seu efetivo populacional permanece ocupando uma pequena faixa de terra na porção sul de seu território, destacando as pro­víncias de Ontário e Quebec, no leste, e a Colúmbia Britânica, no oeste. O rigor climático do norte funciona como um elemento repulsivo para a ocupação humana.

A fronteira com os EUA representa a principal concentração populacional, principalmente na região dos Grandes Lagos e vale do São Lourenço, na província de Ontário – cidades como Toronto e Ottawa (capital nacional) e na província de Quebec (ocupada por franceses) – cidades como Montreal e Quebec. Essas províncias abrigam juntas mais de 50% dos moradores e da produção industrial do país.

No oeste, a província da Colúmbia Britânica também apresenta importante concentração populacional e industrial – cidade como Vancouver. Na porção central do território, é a província de Alberta com exploração de combustíveis fósseis que se destaca – cidades como Edmonton e Calgary.

A estrutura etária do país apresenta maioria de adultos (64%), seguidos pelos jovens (21%) e por idosos (15%), o que representa uma preocupação econômica e social para o país, com a contínua elevação dos gastos sociais com a população idosa, ao passo que a expectativa de vida ultrapassa os 80 anos, alargando o topo ou ápice da pirâmide etária, enquanto a base – população de jovens – apresenta redução em decorrência do baixo crescimento vegetativo, reduzindo a PEA, gerando escassez de mão de obra.

A imigração é vista como importante caminho para aumentar a população economicamente ativa (PEA) e a contribuição previdenciária, porém a intenção das autoridades canadenses é de sem­pre atrair imigrantes qualificados, como ocorreu em 2015, quando o governo lançou o programa “Express Entry” (Entra­da Expressa, em tradução livre), que visa ajudar imigrantes qualificados a entrarem mais rápido no país.

Os brancos de origem europeia são a maioria da população (96%). O país foi colonizado por ingleses e franceses, sendo os descendentes dos britânicos os mais numerosos (40% da população). Os franceses (27% da população) são ocupantes da província de Quebec. Essa divisão faz do Canadá uma nação bilíngue: inglês e francês como línguas oficiais.

Os franceses – francófonos – alimentam o desejo separatista de formar o Quebec Livre, mas de maneira pacífica, utilizando-se de plebiscitos, como no último em 1995, que o não pelo Estado independente venceu por uma pequena margem de votos. A dicotomia franco-britânica, por meio do movimento pró-independência do Quebec, estimula outras dissidências no país, como os povos autóctones que têm reivindicado autonomia para as reservas em territórios do norte do país, principalmente após terem sido descobertas grandes reservas minerais, como o petróleo, nessas regiões.

A população autóctone corresponde a 2% da população nacional, com os inuítes (chamados de esquimós) e os indígenas (55% dos índios registrados vivem em áreas específicas de terra, chamadas de reservas – mais de 2.200 espalhadas pelo país, demarcadas para o uso e benefício dos indígenas). Os imigrantes (ex.: grupo de asiáticos, latino-americanos e europeus), que correspondem a 31% da população, completam o quadro demográfico canadense.

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