Países

Iêmen

Conhecida na antiguidade como Arabia felix (Arábia feliz) graças a suas riquezas, o Iêmen foi unificado em 1990, depois de ter permanecido dividido durante décadas entre a República Árabe do Iêmen (Iêmen do Norte) e a República Popular Democrática do Iêmen (Iêmen do Sul).

O Iêmen localiza-se no sul da península arábica. Limita-se ao norte com a Arábia Saudita, ao sul com o golfo de Áden, a oeste com o mar Vermelho e a leste com Omã. Ocupa uma superfície de 531.869km2, que inclui uma faixa indefinida na fronteira com a Arábia Saudita. Também fazem parte do país as ilhas de Perim e Kamaran (no extremo sul do mar Vermelho), de Socotra (na entrada do golfo de Áden) e Kuria Muria (próximas ao litoral de Omã).

Geografia física

A estreita planície litorânea, conhecida pelo nome de Tihama, é dominada por uma cadeia de montanha cujo ponto culminante é o Djebel Suwaib, com 3.760m. A leste das montanhas estende-se um planalto desértico, que ocupa três quintas partes da superfície do país. As montanhas são de origem vulcânica e constituem um centro de atividade sísmica. Na zona oriental, correspondente ao antigo Iêmen do Sul, o território divide-se em três regiões.

Mapa de Iêmen

A primeira é uma estreita franja de costas banhadas pelo golfo de Áden, que se estende por cerca de 1.400km. A partir dessa franja, levanta-se bruscamente o planalto, mais elevado na zona subocidental, que alcança altitude máxima no Djebel al-Hasha, com 3.227m. O planalto é cortado por dois rios principais, o Adramaut, de curso permanente, e o Masila, de curso temporário. Na direção noroeste, o planalto desce lentamente até fundir-se com o deserto, que constitui a terceira região do país.

Clima

O clima do Iêmen varia de acordo com a altitude. A franja costeira e o deserto recebem menos de 100mm de precipitações pluviais por ano; e o setor subocidental do planalto, 400mm. Na região mais ocidental do país, cerca de 14% do solo apresenta extraordinária fertilidade. Contribui para isso um regime de chuvas abundantes, que caem em duas estações por ano, e que permitem a prática da agricultura sem necessidade de irrigação. As temperaturas são altas em todo o país, e elevam-se com frequência a mais de 38oC na costa.

População

Os iemenitas, em sua imensa maioria de raça árabe, distribuem-se em três grupos principais, de acordo com a forma de vida: agricultores sedentários, população urbana e pastores nômades. O árabe é a língua oficial. A densidade demográfica é relativamente elevada, em comparação com outros países da região. As taxas de natalidade e mortalidade são muito elevadas. As principais cidades são Áden, Sana, Taiz, Hodeida, Muqalla, Saiun, al-Shihr e Tarim.

Economia

No território do antigo Iêmen do Norte, a agricultura e a pecuária se desenvolvem nas áreas de altitudes intermediárias, cujas encostas foram transformadas em terraços cultiváveis. Na produção de cereais, destacam-se o sorgo, o trigo, o milho e a cevada. Também se cultivam hortaliças, cítricos, damasco, pêssego, uva e batata, além de culturas comerciais como fumo, café, algodão, cana-de-açúcar e gergelim. Os pastos cobrem cerca de um terço das terras férteis e permitem criar cabras, ovelhas, vacas, asnos e dromedários; essas duas últimas espécies são empregadas, em grande escala, no transporte de pessoas e cargas. O Iêmen desenvolveu também uma grande frota pesqueira, com capitais nacionais e estrangeiros, que pesca principalmente sardinha, cavala e siba.

O território do Iêmen não contém jazidas minerais significativas. As principais riquezas minerais são petróleo, gás natural, ouro, cobre, chumbo, molibdênio e zinco. O setor industrial encontra-se claramente dividido entre o artesanato tradicional, como o ramo têxtil, e as indústrias modernas, como a do petróleo.

As exportações são muito inferiores às importações, o que gera um vultoso déficit comercial, compensado pelas remessas dos emigrantes que trabalham em outros países e pelos empréstimos externos, sobretudo da Arábia Saudita. O comércio exterior flui pelos portos de Hodeida, al-Muja e Salif. As cidades de Sana, Hodeida e Taiz contam com aeroportos internacionais. A situação econômica geral teve de ser revista e replanejada a partir da unificação das duas repúblicas iemenitas, em 1990.

História

O reino lendário de Main, no século VII a.C., que exportava incenso para o Egito no século XIV a.C., é o primeiro de que se tem notícia em terras do Iêmen. Outro reino antigo foi o de Sabá, estabelecido no sudoeste do país, cuja rainha visitou Salomão, segundo o Antigo Testamento. Durante o primeiro milênio antes da era cristã, o sul do Iêmen dividia-se em dois reinos: o de Qataban e o de Adramaut, que comerciavam com incenso e eram famosos por seus sistemas de irrigação. No século I a.C., o reino de Sabá entrou em decadência, e o poder passou para os himiaritas, que estabeleceram a capital em Sana. Após a destruição de Jerusalém, no ano 70 da era cristã, chegaram ao país colonos judeus, e em meados do século IV estabeleceram-se os primeiros grupos cristãos. Em 525, o reino cristão da Abissínia derrubou o último rei himiarita. Em 575 o país foi invadido pelos persas sassânidas, e na segunda metade do século VII incorporou-se ao Islã. Na década de 630, o primeiro califa muçulmano, Abu Bakr, realizou incursões em território do Iêmen, que chegou a dominar por inteiro, unificando assim toda a península árabe. Apesar da integração, o território conservou um alto grau de autonomia, governado de fato por pequenas dinastias tribais.

As turbulências políticas prosseguiram, e no final do século IX foi instaurada a dinastia dos zaiditas, família poderosa, cujos membros participaram do governo do Iêmen do Norte até 1962. Entre 1173 e 1229 o Iêmen foi regido pela dinastia egípcia dos aiubidas, e até o final do ano 1450, pelos resúlidas, período de florescimento artístico e científico. A arquitetura e agricultura tiveram grande avanço. Em princípios do século XVI, o Iêmen foi invadido por mamelucos egípcios, e em 1517 por turcos otomanos, expulsos em 1635 pelos zaiditas. No século XVIII houve nova divisão do território iemenita, provocada por lutas entre tribos inimigas. Durante o século seguinte, o desejo egípcio de recuperar Áden esbarrou na oposição do Reino Unido, que ocupou o Iêmen do Sul em 1839 e o transformou em protetorado e colônia em 1937. Enquanto isso, os turcos consolidavam seu domínio no Iêmen do Norte.

Um acordo anglo-turco tentou fixar os limites entre o Iêmen do Norte e o protetorado do Áden em 1914, mas a questão só foi resolvida em 1934. Uma revolução socialista proclamou, em 26 de setembro de 1962, a República Árabe do Iêmen (Iêmen do Norte). Apesar da oposição dos nacionalistas iemenitas, o protetorado foi incorporado à Federação da Arábia do Sul, criada em 1963. Os britânicos prometeram conceder a independência em 1968, mas um ano antes o poder foi ocupado pela Frente de Libertação Nacional, de orientação marxista. Nesse mesmo ano foi proclamada a República Popular do Iêmen (Iêmen do Sul), que em 1970 adotou o nome de República Democrática Popular do Iêmen.

Em 1979 as duas repúblicas iemenitas entraram em guerra. Forças do Iêmen do Sul penetraram na República Árabe do Iêmen. Após um mês de combates, ambas as partes aceitaram a mediação da Liga Árabe, e dois anos depois iniciaram conversações com vistas à unificação. As negociações começaram em 1981, mas a República Árabe do Iêmen acusou o vizinho de financiar as forças guerrilheiras da Frente Nacional Democrática que operavam em seu território. Na República Popular Democrática do Iêmen desencadeou-se em 1986 uma luta entre facções que provocou mais de duas mil mortes e a destituição do presidente Ali Nasir Mohamed Husani.

Ao cabo de muitas lutas, conseguiu-se a união em 22 de maio de 1990, quando os dirigentes de ambos os países, Ali Abdala Sale, pelo Iêmen do Norte, e Haidar Abu Bakr al-Attos, pelo Iêmen do Sul, proclamaram a República do Iêmen, em cerimônia histórica, festejada em todo o novo país. O governo foi confiado a Ali Abdala Sale, que promoveu eleições livres em 1993 e teve que enfrentar outra guerra civil contra os separatistas do sul no ano seguinte.

Sociedade e cultura

O sistema de previdência social é bastante deficiente. São altos os índices de doenças como tuberculose, gastrenterite, febre tifoide e malária. A população divide-se entre os ramos sunita e xiita do islamismo. O ensino é gratuito e cobre a grande maioria das crianças em idade escolar, embora haja altos índices de analfabetismo. O ensino religioso tem um centro avançado em Tarim.

O Museu Nacional de Arqueologia de Áden conserva restos das civilizações que se sucederam no sul da Arábia. No Museu Etnográfico Nacional há coleções do artesanato tradicional iemenita.

A literatura oral é rica em provérbios, contos, expressões místicas e poesia. A literatura escrita, mais limitada, prefere os temas históricos e teológicos, as biografias e a poesia.

Veja também: