Países

Paraguai

Paraguai, república da América do Sul, que limita-se ao norte e noroeste com a Bolívia, a leste com o Brasil e ao sul e sudoeste com a Argentina. A superfície é de 406.750 km2. Assunção é a capital.

Território

O rio Paraguai divide o país em duas regiões: a oeste, o Chaco ou Paraguai Ocidental, parte de uma planície aluvial que se estende até a Bolívia, Argentina e Brasil; a leste, o Paraguai Oriental formado pela porção sul do planalto do Paraná, uma bacia onde nascem numerosos afluentes dos rios Paraguai e Paraná que, junto com o Pilcomayo, são os principais do país. O clima é subtropical.

População e Governo

A população, etnicamente, é muito homogênea: a grande maioria é mestiça, descendente dos índios guaranis. Grupos minoritários são constituídos pelos guaranis puros, os descendentes de espanhóis e pequenas colônias de imigrantes dentre as quais destacam-se os menonitas. Segundo dados de 2016, a população é de 6.725.000 habitantes.

As cidades mais importantes são: Assunção, a capital, com 607.700 habitantes (1990); Encarnación, com 58.261 habitantes (1992); Concepción, com 35.276 habitantes (1992); e Coronel Oviedo, com 71.216 habitantes (1995).

O espanhol e o guarani são as línguas oficiais. A maioria dos paraguaios é católica. A religião católica é a oficial, embora seja reconhecida a liberdade de cultos.

A Constituição de 1992 outorga amplos poderes ao presidente da República, que somente pode exercer o cargo durante um período. Está assistido por um Conselho de Ministros e assessorado por um Conselho de Estado.

Bandeira do Paraguai
Bandeira do Paraguai.

Economia

A economia baseia-se na agricultura. Em 2016, o produto interno bruto (PIB) chegou a 27,44 bilhões de dólares, com uma renda per capita de 4.080,20 dólares. Os produtos principais são mandioca, semente de algodão, cana-de-açúcar, milho, soja, batata e frutas.

A criação de gado é a principal ocupação agropecuária; conta com gado bovino, equino, ovino e suíno. A exploração florestal também é importante. Além de madeira, produz taninos e óleos aromáticos. A produção industrial está limitada à transformação de produtos agrícolas e florestais e a bens de consumo básico.

O liberal sistema de importações transforma o Paraguai em um paraíso dos consumidores, que atrai muitos turistas mas também contrabandistas. A unidade monetária é o guarani.

História

Os aborígenes do Paraguai eram indígenas conhecidos como guaranis, devido a sua língua comum. Sua população era muito numerosa quando o explorador português Aleixo Garcia visitou o país, por volta de 1525.

Em 1537, os conquistadores espanhóis que buscavam ouro fundaram Nossa Senhora da Assunção. O Paraguai colonial e o território da Argentina foram governados conjuntamente até 1620, quando se converteram em dependências do vice-reinado do Peru.

No início de 1609, os jesuítas estabeleceram as missões jesuíticas, conhecidas como “reduções”. Gozando de uma autonomia quase completa, converteram-se no poder mais sólido da época colonial. Em 1767 foram expulsos, depois de incitarem uma rebelião contra a transferência do território a Portugal.

Em 1776, a Espanha criou o vice-reinado do Rio da Prata e o Paraguai foi decaindo até ser considerado insignificante no inicio do século XIX.

O Paraguai proclamou a sua independência em 1811. José Gaspar Rodríguez de Francia se autoproclamou ditador e governou até 1840, mantendo o país isolado e a coberto das guerras civis que assolavam os países vizinhos.

Em 1844, o seu sobrinho, Carlos Antonio López, converteu-se em presidente e ditador. Sua política de desenvolvimento autônomo transformou o país mediterrâneo num dos mais desenvolvidos da época, o que foi conseguido enviando os melhores estudantes a cursar carreiras técnicas na Europa. Como consequência, o Paraguai foi o primeiro país sul-americano a construir uma estrada de ferro sem recorrer aos engenheiros ingleses, e a economia era tão próspera que a nação guarani não tinha dívidas. Com a sua morte, em 1962, López foi sucedido por seu filho Francisco Solano López.

Em 1865, quando procurava defender a neutralidade do Uruguai, ameaçada pelo Brasil e a Argentina, provocou a Guerra da Tríplice Aliança que devastou o Paraguai. Quando o conflito terminou com a morte de López em 1870, a economia estava destruída.

O Paraguai esteve ocupado por tropas brasileiras até 1876. Em 1878, foi estabelecida a fronteira com a Argentina, com perdas territoriais consideráveis. A história do Paraguai depois da guerra caracterizou-se pela alternância de períodos de estabilidade política com outros de instabilidade e rebeliões sociais.

A fronteira com a Bolívia, que nunca tinha sido formalmente demarcada, foi o palco da Guerra do Chaco, quando a área foi invadida pela Bolívia em 1929. No acordo final, em 1938, foi concedida ao Paraguai a maior parte da área em disputa.

Em 1940, o general Higinio Moríñigo se autoproclamou presidente e governou como ditador até que foi derrubado por um golpe de estado em 1948. Em 1949, Federico Chávez, dirigente de uma facção do Partido Colorado, com o apoio do Exército, foi eleito presidente, impondo uma ditadura. Em 1954, seu governo foi derrubado por uma junta formada por membros do Exército e a polícia.

Em 1954, os eleitores reconheceram como presidente o general Alfredo Stroessner, comandante-chefe do Exército e dirigente máximo do Partido Colorado. Stroessner modificou a Constituição em 1967 para que a sua reeleição fosse legal. Exerceu um regime ditatorial até que foi derrubado por um golpe militar em fevereiro de 1989. O líder do golpe, o general Andrés Rodríguez, venceu as eleições presidenciais. Nas eleições de 1993, Juan Carlos Wasmosy, do Partido Colorado, obteve a presidência.

Coube aos dois governos promover a integração do país ao Mercosul, tratado de integração que está mudando as relações econômicas regionais. Wasmosy sofreu uma tentativa de golpe de estado liderada pelo comandante do Exército, general Lino Oviedo. Superado o incidente com a intervenção dos governos vizinhos, Oviedo se candidatou à sucessão de Wasmosy, mas ao ser condenado pela justiça e preso por sua participação no golpe, não pôde participar das eleições de maio de 1998.

Em seu lugar concorreu seu companheiro de chapa, Raúl Cubas, que ganhou por ampla margem. Apenas assumiu o governo em agosto desse ano, Cubas assinou um decreto que punha em liberdade o general Oviedo. Posteriormente, a Corte Suprema de Justiça considerou inválido o decreto presidencial, e ordenou a volta do general à prisão. Como a ordem judicial não foi cumprida, o Congresso decidiu, em dezembro de 1998, denunciar o comportamento do presidente Cubas ao Mercosul, por violação da constituição. Uma cláusula do tratado constitutivo estabelece que o membro que não mantenha o sistema democrático será expulso automaticamente.

Em 2012, o país vivenciou um processo de impeachment, com a deposição do presidente Fernando Lugo. O vice-presidente Federico Franco do PLRA (Partido Liberal Radical Autentico), que havia rompido com Lugo, assumiu o cargo. Fernando Lugo chegou ao poder em 2008, com 41% dos votos, interrompendo a hegemonia do Partido Colorado, que durava já havia seis décadas e foi sustentáculo da ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-1989).

Conhecido como “bispo dos pobres” por sua formação religiosa e pelo engajamento em movimentos sociais, Lugo conseguiu chegar ao poder com uma ampla aliança política de direita e esquerda, pela Aliança Patriótica para a Mudança (APC, sigla em espanhol), que se rompeu durante o seu mandato.

A queda de Fernando Lugo foi considerada por muitas pessoas um golpe branco (expressão que se refere a uma conspiração ou trama que tem por objetivo mudar a lideran­ça política ou a ordem vigente por meios legais, parcial ou integralmente), isto é, um golpe político da oposição para retirar o presidente com formação política socialista, em uma manobra dos partidos Colorado e PLRA.

O presidente foi acusado com base no Artigo 225 da Constituição, que “prevê o julgamento político do presidente por mau desempenho de suas funções”; o Congresso justificou o impeachment pela crescente insegurança no país, pela morte, em 2012, de 17 pessoas durante um confronto armado entre policiais e camponeses em Curuguaty, pelo apoio dado a um motim de jovens socialistas em um complexo das Forças Armadas, por não ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo armado EPP (Exército do Povo Paraguaio, grupo guerrilheiro que se declara marxista e leninista, acusado de ligações com as Farc, de envolvimento com o narcotráfico, sequestros, assassinatos e assaltos) e pela assinatura do Protocolo de Ushuaia II – que prevê a interferência da Una­sul em assuntos do país.

Com o impeachment “relâmpago” de Fernando Lugo, o Paraguai foi suspenso do Mercosul, por decisão de Brasil, Argentina e Uruguai, sob a alegação de que se feriu a democracia no país. Aproveitando a suspensão do Paraguai, que colocava empecilho à entrada da Venezuela no bloco, por meio do Congresso que não aprovava a presença dos venezuelanos, foi aprovada a inclusão da Venezuela como membro pleno (com poder de veto) no bloco.

No ano de 2013, Horacio Cartes (empresário considerado um dos homens mais ricos do país) foi eleito, democraticamente, presidente do Paraguai. Sob o novo governo, o Congresso paraguaio acabou aprovando a inclusão da Venezuela no bloco e, em 2014, o presidente Cartes aceitou o retorno do país ao Mercosul, atendendo aos pedidos dos integrantes do bloco. Os avanços econômicos do país continuaram com Cartes, por meio do estabelecimento da Parceria Público-Privada para o setor de infraestrutura e da Lei de Responsabilidade Fiscal, que fixou a meta de déficit fiscal em 1,5% do PIB. Uma das obras de infraestrutura é a construção da Ponte Solidariedade, que seria a segunda ponte a ligar Brasil e Paraguai, pois a única ponte é a da Amizade.

Veja também: