Geografia

Queda do Muro de Berlim

A queda do muro de Berlim, também conhecido como o “muro da vergonha“, em 9 de novembro de 1989, que separava as zonas oriental e acidental de Berlim, teve o valor me­tafórico de símbolo do colapso do Socialismo Realmente Existente – Sorex, denominação então dada ao modelo soviético de socialismo.

O ato em si, apesar de simbólico, foi importante marco no processo de unificação das duas Alemanhas, sepa­radas pelos acordos do pós-guerra. A partir de 3 de outubro de 1990, duas nações independentes se uniram com uma fusão econômica, monetária e po­lítica.

A antiga Alemanha Oriental, socia­lista, oficialmente denominada Repú­blica Democrática da Alemanha – RDA, adotou o capita­lismo. Aboliu a propriedade estatal dos meios de produ­ção, integrou sua população ao novo sistema legal, trabalhista e social da República Federal da Alemanha, até então conhecida como Alemanha Ocidental.

Queda do muro de Berlim

A antiga divisão da Alemanha deixara o lado oriental com a menor parte de recursos, especialmente no tocante aos minerais estratégicos. Além disso, enquanto o lado ocidental recebia forte injeção de capital americano, por meio do Plano Marshall e todo o apoio logístico da Otan, a porção oriental obtinha pouco investimento, e. maior parte direcionada ao setor militar.

Essa diferença se fez sentir em todos os setores da eco­nomia. Enquanto o lado ocidental deslanchava, apoiado pelas fontes estratégicas de recursos e pelo desenvolvi­mento da tecnologia e investimento de capitais, o lado oriental, ligado ao Pacto de Varsóvia, mostrava estrutu­ras obsoletas e pouco dinamismo econômico.

Após a reunificação, o governo alemão e o mundo sen­tiram a grande diferença de desenvolvimento entre as duas porções do país. Na parte ocidental, a mão-de-obra alemã é especializada, com grande tradição industrial e já adaptada à tecnologia de ponta em todos os setores da economia. Para serviços menos qualificados, a Alemanha Ocidental havia usado a estratégia da utilização de mão-de-obra imigrante, especialmente a turca.

Com a reunificação, grandes contingentes de trabalha­dores alemães da parte orien­tal, também compondo uma massa de trabalhadores com tradição industrial, atraídos pe­los melhores salários e pelas perspectivas de crescimento socioeconômico, migraram para a parte ocidental, gerando tensões com a mão-de-obra imigrante.

Essas tensões são alimentadoras da xenofobia lo­cal, onde grupos denominados neonazistas estão a todo mo­mento praticando atos de ter­rorismo contra os etnicamente diferentes, acusando-os especialmente de roubar-lhes os empregos – atitude usada para justificar seus atos de preconceito e violência.

A forma encontrada pelo governo alemão de minimizar tais proble­mas é fazer maciços investimentos na parte oriental, a fim de reerguê-la, aproximando o seu desenvolvimento ao da porção ocidental. A reunificação mobilizou grandes esforços e, num primeiro momento, o sonho acalentado por décadas, colocou a descoberto o grande desnível entre os dois sistemas que polarizaram o mundo até então.

Verdade é que, com a queda do muro de Berlim, desmoronou também todo o sistema soviético, que já vinha dando sinais de enfraquecimento em todas as partes do mundo onde mantinha influência. A sobrevivência do sistema num certo sentido, já era fruto apenas do aparato militar que era mantido em porções estratégicas do planeta

A bipolarização, típica da Guerra Fria, deixa de existir. Com o desmantelamento interno do regime soviético, a ideologia socialista cai em descrédito, expondo ainda mais a força dos EUA no mundo. Fala-se em multipolarização, com uma distribuição de forças geoestratégicas no globo apoiadas no fator econômico, porém, centradas nos EUA.

Por: Renan Bardine

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