História do Brasil

Sociedade Açucareira

A atividade açucareira criou um tipo de socie­dade que concentra a autoridade nas mãos dos senhores de engenho. Este grupo formava uma aristocracia, mas não uma nobreza here­ditária, como a existente em Portugal. A so­ciedade açucareira, como assim foi chamada, tinha as seguintes características:

  • patriarcal;
  • rural;
  • escravista;
  • católica;
  • miscigenada.

Como podemos notar nas características enu­meradas acima, o homem branco, proprietário de terras e escravos, tinha um papel de des­taque social. Dentro de seus domínios, este homem tinha o poder de decidir e interferir na vida de todos, incluindo na de sua mulher.

Das mulheres, especialmente as da elite, es­perava-se cumprir somente a função de gerar filhos e educá-los até poderem ir completar seus estudos na Europa, caso fosse homem; se fosse mulher, seria educada para ser uma boa dona de casa, ou seja, obediente e resignada. Seu papel na sociedade restringia-se então a organizar e preservar o espaço privado, no caso as dependências da casa-grande.

Fora dos limites de sua propriedade rural, o se­nhor de engenho também tinha grande influ­ência nas cidades e nas vilas. Com seus pares, decidia os rumos da política local, dominando as câmaras municipais. Através do exercício do cargo de “homens-bons”, representantes da vila eram eleitos de forma censitária e toma­vam as decisões dentro das vilas coloniais.

Engenho da sociedade açucareira.
Engenho.

Entretanto, a sociedade açucareira foi um uni­verso rico em complexidades e diferenciações sociais. Esta riqueza originava-se na divisão so­cial do trabalho e na diversidade de ocupações e especialidades encontradas na economia açu­careira, sendo ocupadas por escravos ou ho­mens livres, seja na zona rural, seja na urbana.

Assim, uma sociedade rígida e patriarcal era forjada tendo como base a produção de açúcar. A massa de escravos à disposição do senhor de engenho era um indicador de seu poder, marcado também pelos seus domínios territoriais.

O tráfico negreiro foi intenso para a área do Nordeste que, do século XVI até meados do século XVII, mais necessitava de braços. Esse tráfico contribuiu também para o enriquecimento da metrópole, pois era um mecanismo de drenagem de riquezas para Portugal, ao menos nos seus primeiros tempos.

A mão de obra indígena foi preterida em favor da africana, pois os nativos se recusavam a trabalhar de forma extenuante na agricultura. Eles conheciam as terras, o que lhes permitia fugir com maior facilidade, e tinham relações identitárias que permitiam fazer rebeliões conjuntas, o que não acontecia com a população importada da África.

Referência: Boris Fausto. História do Brasil. São Paulo: Edusp. 2000. p. 80-81.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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