História

Maias, Incas e Astecas

Na região da Mesoamérica (que compreende o México e parte da América Central) e na região andina (atual Peru) desenvolveram-se três das maiores culturas pré-colombianas: os maias, incas e astecas.

A cultura maia, a mais antiga delas, entrou em declínio até desaparecer, enquanto os incas e astecas formaram grandes impérios.

Os maias

Origem

A civilização maia é a mais antiga das grandes culturas pré-colombianas, com origens que remontam possivelmente ao século XVI a.C. Estendeu-se pelo sul da península de Yucatán (no atual México) e em parte da Guatemala e de Honduras. Seu apogeu deu-se entre os séculos III e IX d.C.

Organização

Herdeiros dos olmecas, um dos primeiros povos organizados da América, os maias viviam em cidades-Estado independentes, que controlavam territórios próprios e falavam línguas diferentes. No entanto, estavam confederadas na chamada Liga de Mayapán, que conseguiu manter o equilíbrio entre as diferentes cidades por aproximadamente duzentos anos.

Mapa da localização dos maias.
Os maias surgiram por volta do século VII a.C., na península de Yucatán, no México, e dominaram as regiões onde hoje estão Guatemala, Honduras e Belize.

Sociedade

A  sociedade era encabeçada por sacerdotes e nobres guerreiros. Os camponeses constituíam a maior parte da sociedade e viviam nas terras que cultivavam. Também existiam artesãos especializados e escravos, geralmente prisioneiros de guerra.

Economia

A família era a unidade social fundamental, e a economia baseava-se na agricultura, sendo os principais itens cultivados o milho, o algodão e o cacau, que chegou a ser utilizado como moeda. Nas atividades artesanais destacaram-se os trabalhos em jade, os tecidos e os cestos. O florescimento do artesanato possibilitou um próspero comércio com os povos vizinhos.

Ciências

Os maias tinham conhecimentos bastante avançados de astronomia, de matemática e de arquitetura, e desenvolveram uma escrita que só começou a ser decifrada no final do século XIX.

Os ricos sacerdotes idealizaram um sistema de numeração vigesimal que empregava o zero, e suas noções de astronomia permitiram-lhes conceber um calendário de 365 dias e observar o céu a partir de pirâmides escalonadas elevadas.

Pirâmide - Maias
Pirâmide da serpente em Chichén-Itzá. Na língua maia, Chichén-Itzá significa “boca do poço” de Itzá. A cidade foi construída por volta de 440, perto de poços naturais – cenotes – subterrâneos que eram utilizados para rituais religiosos e sacrifícios humanos, segundo pesquisas arqueológicas recentes.

Arte

Os maias construíram grandes templos e palácios que eram adornados com ricos afrescos. Uma das principais cidades maias era Tikal, cujos palácios e templos em forma de pirâmide se destacavam.

No sítio arqueológico de Bonampak (Chiapas, no México) fica uma das amostras mais bem-conservadas da pintura mural maia. Nas pinturas ali preservadas, estão representados distintos rituais maias, como a apresentação do herdeiro do trono à Corte e o sacrifício dos inimigos vencidos em batalha.

 

Ruínas da civilização maia.
Ruínas de Palenque, no sul do México, atestam a engenhosidade maia.

Religião

Politeístas, entre seus principais deuses estavam Chac, o deus da chuva; Centeotl, o deus do milho; e Kuculcan, o deus do vento. Em sua honra faziam-se sacrifícios humanos, danças e jogos, entre os quais se destacou o jogo de bola.

Com origem que remonta a 5 mil anos, o jogo de bola dos maias era ao mesmo tempo uma cerimônia religiosa e um espetáculo. Era jogado por duas equipes opostas, com uma bola de borracha dura que deveria ser passada por um anel de pedra preso a uma parede em cada lado do campo.

Declínio

Quando os espanhóis chegaram à península de Yucatán, no século XVI, os maias estavam imersos em um período de decadência que os levou à sua dissolução e cujas causas ainda permanecem bastante obscuras.

Várias hipóteses já foram levantadas: guerras entre as cidades, disputas internas pelo poder político, revoltas sociais, invasões de outros povos, esgotamento do solo, seca prolongada etc.

Os astecas

Origem e organização

Os astecas formaram um poderoso império no local que hoje é o México. Eles se organizavam em uma confederação de cidades – Texcoco, Tlacopán e Tenochtitlán (onde morava o imperador).

Como o povo asteca era guerreiro, sua dominação estendeu-se por 150 anos, até sua conquista por Fernão Cortez entre 1519 e 1523.

Graças a essa organização militar, os astecas construíram um império que abrangia 500 cidades e 15 milhões de habitantes.

Mapa da localização dos astecas.
Principais cidades astecas.

Sociedade

O imperador asteca tinha um poder ilimitado, e os sacerdotes e guerreiros, principal apoio imperial, eram as camadas sociais mais influentes. Artesãos, agricultores e servidores públicos formavam a maior parte da população, Havia também escravos, em sua maioria prisioneiros de guerra, que constituíam mão-de-obra para a agricultura e o transporte.

A sociedade asteca valorizava a guerra e era por meio dela que os pobres podiam ascender socialmente: a bravura demonstrada em combates era recompensada com títulos, terras e escravos.

Economia

As cidades astecas funcionavam como grandes centros de troca. Nos mercados, eram comercializados produtos agrícolas, carne, vestimentas e utensílios em geral. A moeda era a semente de cacau, cujo produto, o chocolate, era muito valorizado e considerado a bebida dos deuses.

Pintura de como era a cidade asteca de Teotihuacán.
A grande cidade de Tenochtitlán, obra de Diego Rivera (1886-1957), um dos maiores pintores mexicanos.

Ciências

A educação era muito importante para os estratos sociais superiores, que aprendiam religião, história e música, bem como a ler e a escrever (a sociedade asteca desenvolveu uma espécie de escrita pictográfica).

Os astecas dedicavam-se à astronomia, tendo determinado com grande precisão as trajetórias do Sol e da Lua e previsto eclipses. A observação do céu lhes permitiu também prever as geadas e estabelecer as características dos ventos dominantes, o que era bastante útil para a agricultura e o bem-estar do Império.

Religião

Os astecas incorporaram à sua religião vários deuses de povos conquistados. Os deuses que mais cultuavam eram Quetzalcóatl, “serpente de plumas”, criador da Terra e das pessoas, e Huitzilopochtli, deus do Sol e da guerra, aos quais ofereciam sacrifícios humanos.

Queda do Império Asteca

Apesar de sua prosperidade, os povos dominados pelos astecas ficaram descontentes. O suporte da economia do Império era o recolhimento de impostos dos povos vencidos, prática que, aliada aos sacrifícios humanos, fez com que os astecas fossem odiados e temidos pelos povos a eles submetidos.

Por esse motivo, Fernão Cortez, que contou com o apoio das populações que se aliaram aos conquistadores, conseguiu dominar o Império Asteca em apenas três anos.

Veja mais em: A Conquista do Império Asteca pelos Espanhóis

Os incas

Os incas fundaram o império mais extenso da América pré-colombiana. Com uma impressionante organização, um poderoso exército e um grande sistema de comunicações, controlaram amplos territórios.

Mapa de onde localizava-se a civilização inca.
Localização das principais cidades incas.

Origem

Na área andina, mais precisamente na região de Cuzco (atual Peru) e tendo como precedentes as culturas nazca e mochica, nasceu o Império Inca. Seu fundador foi Manco Capac, o primeiro Inca, considerado Filho do Sol.

Em tomo do ano 1200, Capac dominou as tribos de Cuzco, e seus sucessores estenderam a conquista inca rumo ao norte e ao sul, ao longo da Cordilheira dos Andes.

Na época em que era mais amplo, o Império Inca englobava os atuais Peru, Bolívia, parte do Equador, o noroeste da Argentina e o norte do Chile.

O território compreendido pelo Império abrangia uma área de 3500 quilômetros no sentido norte-sul e 800 quilômetros no sentido leste-oeste. Sua população variava entre 3 e 16 milhões de pessoas.

Quando os europeus chegaram à América, os incas viviam uma época de grande esplendor. Entretanto, a conquista do aventureiro espanhol Francisco Pizarro resultou no fim do império e na submissão dos incas aos espanhóis.

A organização do Império

Os incas criaram um império vastíssimo, devido à eficiência de seu exército e à sua magnífica organização imperial, embora provavelmente não conhecessem a escrita.

O Império, chamado de Tahuantinsuyu (“o mundo dos quatro cantos”), era dividido em províncias governadas por grandes senhores, um dos quais residia na corte do Inca, em Cuzco, para garantir a lealdade da província.

As cidades dessas províncias comunicavam-se por meio de uma eficiente rede de estradas com mais de 40 mil quilômetros (dos quais só foram descobertos 25 mil, até o momento) e de um serviço de correios.

Para registrar a produção agrícola, os incas desenvolveram um complexo sistema para números, os quipus, uma espécie de registro feito por meio de cordões longos com nós de cores diferentes.

A unidade do Império era garantida por um sistema de caminhos percorridos por mensageiros, que circulavam por etapas, levando as mensagens imperiais e as informações nos quipus. Para defender as cidades, construíram-se grandes fortalezas de pedra, de onde se vigiavam os arredores.

Ruínas de Macchu Picchu.
Na língua quíchua, Macchu Picchu quer dizer “velha montanha”. Macchu Picchu, cidade sagrada dos incas, é uma cidade pré-colombiana relativamente bem preservada, situada nas proximidades da cidade de Cuzco (Peru) e bastante visitada por turistas.

Sociedade

A sociedade organizava-se em clãs formados por centenas de pessoas unidas por laços de parentesco. Encabeçando a sociedade estava o Inca, o chefe supremo. Havia diferentes grupos sociais: os nobres (sacerdotes, militares e políticos), o povo (os não-nobres), os servos e os escravos.

Economia

Os incas, que plantavam milho e batata, criaram sistemas de irrigação e construíram terraços para cultivar as encostas das montanhas andinas. Além disso, cuidavam de rebanhos de lhamas e de alpacas, dos quais obtinham alimento e matéria-prima para confeccionar tecidos. Também usavam o gado como meio de transporte. As roupas do Inca e dos membros da alta nobreza eram feitas com lã de vicunha, que era mais fina.

A metalurgia do cobre e do ouro teve grande desenvolvimento, assim como a cerâmica, que era decorada com figuras humanas, animais e motivos florais ou geométricos.

Religião

Politeístas, os incas adoravam vários deuses, entre eles Viracocha, o criador de todas as coisas; Mama Quilla, a Lua; e, sobretudo, Inti, o deus Sol.

A arte inca: a pedra e os tecidos

Os incas se destacaram pelo trabalho em pedra, especialmente a arquitetura, tendo moldado e talhado em grande escala. Um bom exemplo desse tipo de trabalho é o monumental Templo do Sol, em Cuzco, embora também tenham realizado várias obras menores.

Por ocasião da conquista espanhola, os cronistas descreveram as extraordinárias estátuas e esculturas feitas de ouro e prata, muitas delas destruídas pelos europeus para aproveitar os metais preciosos.

A maior parte das peças de arte que não se perderam foi enterrada com os mortos, para servir de oferenda, ou usada nas cerimônias religiosas. Eram imagens de ouro e de prata cobertas com vestimentas tecidas para essa finalidade,

O tecido constituía outra arte de grande significado para os incas, caracterizando-se por seus desenhos geométricos e seus enfeites de cores brilhantes. Em alguns tecidos aparecem símbolos que podem ser interpretados como uma forma de escrita. Além disso, havia um forte comércio baseado no intercâmbio de tecidos.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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