História

Formação e Desintegração da URSS

Neste artigo, iremos entender o processo de territorialização e todos os caminhos que levaram a formação da URSS, sua ascensão e posterior extinção.

Antecedentes

No século XV, à sombra do antigo Império Mongol, o Estado russo surge autocrático e centralizado. Anexando povos e regiões e constituindo um vasto território, Ivã, o Terrível, constitui-se no primeiro governante moscovita a governar todo o território russo de forma centralizada, sendo o primeiro czar (imperador), em 1547.

Deste período até o século XX, os governos, em especial os de Pedro, o Grande, Elizabeth I e de Catarina II, continuaram a expansão territorial e aproximou, a Rússia do ocidente. No início deste século, a Rússia empreendeu uma política expansionista que vai chocar-se com o Congresso de Berlim.

Nesse contexto, a industrialização e o desenvolvimento econômico ocorreram de forma acelerada, apesar de não garantirem o desenvolvimento social de grande parcela da população e a eliminação da pobreza e da miséria.

As diversas revoltas que ocorreram no início deste século, as derrotas na Primeira Guerra Mundial (1914-1917), o aumento da pobreza e a proliferação dos ideais anarquistas, socialistas e comunistas empurram o país para a revolução de 1917, que marcou o fim da Rússia e o início da constituição da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, processo concretizado em 1922.

Formação da URSS

Com o fim da guerra civil, a Rússia pôde por em prática seus ideais socialistas. Instalou-se pela primeira vez no mundo e de forma institucional, o regime socialista.

Empenhada em solucionar seculares problemas socioeconômicos, a Rússia situou-se como um modelo para países que enfrentavam dificuldades semelhantes, especialmente para os que recebiam sua influência direta cultural e política, em virtude da proximidade geográfica. A partir daí, a expansão do socialismo passa a ter conotação geopolítica-ideológica, fator que definiu, em 1922, a criação da URSS, abrangendo os territórios antes pertencentes ao Império Russo.

Eram, portanto, 15 Estados formando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, com a direção do partido comunista centralizado em Moscou,numa área territorial de aproximadamente 22 milhões de Km2 de extensão.

Formação da URSS.
Divisão da política da URSS (1945/1991).

Economia Soviética

O governo soviético criou um grupo de trabalho denominado Gosplan (Comissão do Plano Geral do Estado), com o objetivo de planificar e centralizar a economia. De inicio estabeleceu-se um plano econômico de emergência, elaborado para vigorar no período de transição do capitalismo, ou economia planificada. Esse plano ficou conhecido como NEP (Nova Política Econômica).

Em 1929, quando Stalin se consolidou no poder, a NEP foi abandonada e substituída pelo Planejamento Econômico centralizado, onde o Estado por meio do planos Quinquenais, planejava investimentos, quantidade e qualidade de produção, distribuição e preços.

No curto espaço de doze anos (de 1928 a 1940), a ex-União Soviética conheceu um grande desenvolvimento industrial. Recuperou, com vantagem a posição perdida às vésperas da revolução de 16917. De Quinta nação mais industrializada, no início do século, passou para o terceiro lugar, em 1940, perdendo somente para os EUA e a Alemanha.

Participou da Segunda Guerra Mundial, ao lado dos aliados, vencendo a Alemanha nazista. Após a guerra, torna-se uma superpotência e passou a competir com os Estados Unidos pela liderança mundial.

2° Guerra mundial, início da guerra fria e bipolarização

A participação da URSS na II Guerra Mundial tem início em 1941, quando seu território foi invadido pelas tropas alemãs. Este acontecimento foi decisivo para levar a União Soviética a se unir às forças contra o (Reino – Unido, França…) na luta contra o Nazi-fascismo.

Durante vários meses os alemães impuseram severas derrotas aos soviéticos. Porém, a partir de 1942 acontece uma reviravolta. Os alemães começam a recuar devido resistência dos soviéticos e ao rigoroso inverno com temperaturas 30º abaixo de zero.

Em 1943 os soviéticos derrotaram os alemães na batalha de Stalingrado. Daí por diante as tropas nazistas foram sendo afastadas do território soviético.

A partir dessa vitória a União Soviética se fortalece em 1945 emerge como a segunda maior potência mundial.

Durante a Guerra a União Soviética mostrou ao mundo o seu poderio militar.

Em um curto período a URSS:

  • Contribui efetivamente para a derrota do nazi-facismo;
  • Readiquiriu, na conferência de Yalta e em Postdam territórios que havia perdido por ocasião da I Guerra Mundial;
  • Expandiu seu território e ampliou sua área de influência, submetendo vários países do leste europeu que viviam sob regime socialista; Polônia; Techoslováquia; Hungria; Romênia; Iugoslávia; Bulgária; Albânia e mais tarde a Alemanha Oriental.

Ao final do conflito mundial a economia da URSS estava arruinada e o número de mortes somava cerca de 20 milhões. Apesar disso ela emerge como uma grande potência do planeta.

Guerra Fria

No Pós-Guerra, EUA e URSS, surgem como as duas superpotências mundiais entrando em rivalidade na busca pela hegemonia mundial.

A partir desse momento ficaram bastante tensas as relações entre os Estados Unidos e a União Soviética que passaram a disputar áreas de influência internacional. Iniciava-se assim o período que ficou conhecido como Guerra-Fria que estendeu-se de 1947 (com a Doutrina Truman) até fins da década de 80.

O mundo foi bipolarizado, ou seja, dividido em 2 blocos que se diferenciaram geopolíticas ideologicamente: o Bloco Ocidental, liderado pelos Estados Unidos.Era composto pelos países capitalistas; O Bloco Oriental, conhecido como Cortina de Ferro era dominado pela URSS, compunha-se dos países socialistas.

A tensão entre as potências EUA e URSS era grande. Para os norte-americanos a União Soviética e o socialismo representavam a negação de todos os seus princípios políticos; ditadura ao invés de Democracia; planejamento econômico centralizado ao invés da liberdade de escolha e do pensamento; e a sujeição do individuo ao estado.

O confronto entre EUA e URSS foi intenso, estendendo-se pelos planos da economia, tecnologia e armamentos. Procurando sempre superar forças um do outro, ambos mergulharam em uma acirrada corrida armamentista. Houve grande investimento em tecnologia, indústrias bélicas (como as de aviões, submarinos, helicópteros, mísseis…) industria aeroespacial e especialmente Industria Nuclear.

Já quando lançaram as bombas sobre Hiroshima e Nagasaki os Estados Unidos pretendiam mostrar a URSS seu poderio militar.

O mundo viveu um período de grande tensão, pois caso as potências se confrontassem diretamente suas armas nucleares se encarregariam de não deixar sobreviventes. Seria o fim da história. Durante esse período o que garantiu a paz foi justamente à premissa da mútua destruição assegurada.

Mas os conflitos entre EUA e URSS ocorriam de maneira indireta. Quando Estados Unidos URSS disputavam áreas de influência, o confronto se dada nas regiões pretendidas. Foi como aconteceu na Guerra da Coreia e a Guerra do Vietnã.

As duas superpotências também disputaram a corrida espacial. A União Soviética lança o primeiro satélite artificial em órbita da Terra o Sputinik em 1957m e o primeiro homem a viajar na órbita da terra Iuri Gagarin em 1961. Os Estados Unidos lançam seu 1º satélite artificial Explorer em 1958. Na década de 60 e 70 a competição espacial se intensificou.

A União Soviética rivalizou com os Estados Unidos na busca pela hegemonia mundo durante toda o período da Guerra Fria.

A Industrialização sob uma economia planificada

A União Soviética, em sua maior expansão territorial, no pós-guerra passou a ser composta por quinze repúblicas, ocupando um território de 22,4 milhões de quilômetros quadrados; englobando mais de uma centena de povos.

Enquanto o mundo se guiava pelos padrões tecnológicos, da 2º Revolução Industrial, a economia soviética funcionou bem. A URSS cresceu em termos tecnológicos se fortaleceu militarmente. Até então seu modelo de economia estatizada e planejada funcionou bem.

A industrialização foi beneficiada pelos recursos do subsolo, principalmente o carvão e a linhita. Isso favoreceu a instalação de poderosas usinas termelétricas localizadas em áreas carboníferas, nas Ucrânia e em Moscou e diversas usinas hidrelétricas. Também há imensos recursos em minerais ferrosos e não ferrosos.

A partir do ingresso da URSS na 2º Guerra Mundial, foi priorizada a indústria bélica. Isso aconteceu no 3º plano quinquenal.

O quarto plano quinquenal (1946-1950) foi direcionado para a recuperação da economia reconstrução das fábricas e das obras de infra-estrutura destruídas pela guerra. Investiu-se na construção de barragens, ferrovias, redes de transporte etc.

Os planos que vieram a seguir continuaram a priorizar o setor industrial pesada e bélico. Principalmente industrias como a siderúrgica, a petrolífera a de maquina e equipamentos. O setor bélico destacava-se na produção de: aviões, navios, submarinos, helicópteros, carros de combate, bombas, mísseis, metralhadoras, fuzis, canhões, obuses etc.

A União Soviética por um grande período ditava juntamente os Estados Unidos, ritmo das pesquisas cientificas ciência e tecnológica.

Destacou-se nas indústrias aeroespacial, nuclear, de informática, na tecnológica bio-industrial, engenharia genética e outros ramos da pesquisa avançada.

Do pós-guerra até os anos 70 a União Soviética conseguiu acompanhar e por diversas vezes liderar os níveis tecnológicos e produtivos, mantendo-se como potência não só militar, mas econômica.

O declínio da URSS

Os movimentos separatistas que tiveram início nas republicas Bálticas (Lituânia, Estônia e Letônia) foram decisivos para desencadear uma desintegração em série das republicas soviéticas.

A grande diversidade étnica existente no leste europeu também tiveram uma grande parcela de contribuição para que essa desintegração acontecesse, mas a principal causa desses movimentos separatistas e movimentos nacionalistas era o descontentamento da população em relação ao sistema de governo existente.

A população começou a perceber que à distância que os separava dos ocidentais estava ficando cada vez maior e atribuíram esses retardos tecnológicos ao modelo econômico utilizado pelos governantes ultraconservadores que não apostaram na economia de mercado, não abriram mão do uni-partidarismo, preferiram sempre estar com o poder centralizado nas mãos do estado, enfim não contribuíram em quase nada para que um país de tão grandes dimensões não tivesse mergulhado em tão profunda crise tecnológica e econômica.

O descontentamento da população gerando movimentos nacionalistas também desencadeou uma série de conflitos no leste europeu, a maioria das repúblicas soviética partiu em busca de sua independência. Poucas republicas conseguiram sua independência sem derramamento de sangue.

Foi nesse contexto que em 1985 Mikhail Gorbachev assume o governo e tenta reverter à situação, tentando fortalecer as republicas soviéticas e evitar a desintegração.

Gorbachev inicia a dura transição da economia planificada para a economia de mercado. Inicia um período de reformas na URSS implantando a Glasnost e a Perestroika, que nada mais eram senão a abertura ou transparência política e a abertura da economia.

A intenção era regularizar a situação econômica e política do país. Com essa abertura econômica, a URSS estava aceitando investimentos estrangeiros no país, coisa que até então não era possível. Outra tentativa para que não ocorresse esta desintegração foi à autorização à criação de outros partidos político além do PCUS.

Apesar das tentativas de Gorbachev em manter as republicas unidas, isso não foi possível, uma a uma as repúblicas soviéticas foram conquistando a sua independência.

A URSS organizou até 30 de Dezembro de 91 quando se formou a CEI e a Rússia deixando o país então de ter um poder central único exercido pelo estado para construir sociedades democráticas.

Por: Irineu Júnior

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