História

Revolução Chinesa

A revolução chinesa foi uma luta nacionalista, no começo do séc. XX,  a fim de que os chineses comandassem a China sem intervenção de nenhum outro país, tendo uma vitória Socialista.

Antecedentes

No começo do séc. XX, as coisas começaram a mudar. Em 1905 foi fundado o Kuomitang (partido naciolista da época) por Sun Yat-sen. Em 1911, nacionalistas chineses a comando do Kuomitang, chefia­ram uma revolta que derrubou o imperador e proclamou a republica. Ele sonhava com um Estado democrático, que estimulasse a modernização econômica da China.

As coisas não foram como o Sun Yat-sen imaginava. Depois de sua morte (1925), o Kuomintang passou a ser liderado por Chiang Kai-shek. O novo governante chinês aproximou-se dos países ocidentais porque precisava de segurança para garantir seu domínio político sobre toda a China.

Mas Chiang Kai-shek tinha agora um rival a enfrentar, o Partido Comunista da China (PCC). fundado em 1921. O Kuomintang perseguiu os opositores, assassinando milhares de comunistas (Massacre de Xangai, 1927). A fuga dos comunistas foi um verdadeiro escândalo.

Na Longa Marcha, liderados por Mao Tsé-tung percorreram mil léguas sob o fogo das tropas do governo chinês. Depois de mais de duzentos combates, enfrentando o deserto, a neve e a floresta, os sobreviventes chegaram ao noroeste da China, praticamente inacessível ao inimigo.

A Segunda Guerra Mundial tinha começado mais cedo para os chineses. Desde 1937 que o Japão havia lhes declarado guerra total para submeter o país. Para enfrentar o inimigo. o PCC e o Kuomintang acertaram uma trégua. Mas na verdade os generais do Kuomin­tang, foram dominados pela corrupção, então a liderança da luta patriótica contra os japoneses passou para Mao Tsé-tung e o PCC. Com isso, os comunistas ganharam um enorme prestígio junto à população.

Quando a Segunda Guerra acabou, em 1945, quase ninguém mais acreditava no Kuo­mintang. Os guerrilheiros de Mao Tsé-tung agora formavam um poderoso Exército Vermelho, com centenas de milhares de camponeses armados.

A Revolução Chinesa de 1949 abriu caminho para o desfile triunfal dos comunistas em Pequim, e Chiang Kai-Shek fugiu para a ilha de Formosa (Taiwan), que continuou capitalista (e é chamada também de China Nacionalista).

Como foi a Revolução Chinesa

Na primeira etapa da revolução, chamada de Nova Democracia, as grandes e médias propriedades rurais foram confiscadas pelo Estado e entregues aos camponeses.

A reforma agrária foi muito importante para diminuir a pobreza no país. Milhões de pessoas que antes viviam entulhadas nas favelas da periferia de Xangai e Pequim ganharam terra para trabalhar.

Também foi organizado um gigantesco movimento de educação popular, que alfabetizou dezenas de milhões de adultos. As mulheres, que até então eram tratadas como servas domésticas, ganharam igualdade de direitos com os homens. Sem dúvida, era uma nova China que estava nascendo.

Em 1953, todas as empresas, bancos e indústrias passaram para o controle do Estado. A China se tornava um país socialista que seguia o modelo soviético, com apoio total à industria pesada e à economia dirigida por planos de 50 anos. A URSS ajudava bastante, enviando dinheiro, tecnologia, engenheiros, médicos, professores e operários especializados.

De 1958 a 1962, os chineses arriscaram o Grande Salto para a Frente, que era um ambicioso plano de desenvolvimento econômico. Eles chegaram a sonhar em se tornar um país desenvolvido no prazo de apenas 10 anos.

Os camponeses se organizaram em grandes cooperativas chamadas comunas rurais. Cada comuna era uma fazenda coletiva (onde tudo pertencia a todos, onde trabalhavam em cooperação) com milhares de famílias camponesas. Essas comunas tinham seus próprios recursos para investir, incluindo a instalação de pequenas indústrias, escolas e hospitais.

Porém o sonho mostrou-se incompatível com a dura realidade. Não havia recursos suficientes para que as comunas rurais pudessem ter todos os serviços que projetavam. Para piorar, aconteceram grandes enchentes, que destruíram plantações e provocaram fome.

O Grande Salto para a Frente tinha fracassado. O resultado foi uma terrível epidemia de fome que matou milhares de pessoas.

As críticas a Mao Tsé-tung levaram ao seu afastamento do poder, sendo substituído por Liu Shao-chi (1958-1969). Isso representou, para Mao, um desprestígio que o colocou por um tempo à margem do processo decisório partidário.

Mais adiante, Mao recuperaria o poder e o prestígio no Partido, naquilo que ficou conhecido por Revolução Cultural, uma política que, sob o pretexto de desburocratização, eliminou grupos contrários a Mao Tsé-tung.

Este, com apoio de unidades paramilitares, com cerca de 11 milhões de estudantes, executou sumariamente dissidentes políticos. O Livro Vermelho, base da Revolução Cultural, propunha que se eliminassem os quatro velhos: as “velhas ideias”, a “velha cultura”, os “velhos hábitos” e os “velhos costumes” da China. Nada mais era do que o perpetuar de Mao no poder político da China. Essa Revolução Cultural se iniciou em 1966 e se estendeu até 1976, ano da morte de Mao Tsé-tung.

Maiores personalidades da Revolução Chinesa

Mao tse-tung, (1893-1976)

Fundador do Partido Comunista Chinês, do Exército Popular de Libertação e da República Popular da China, nasce numa família de pequenos proprietários de Changcha. É enviado a Pequim para cursar a escola secundária e a universidade e se envolve no movimento democrático de 4 de maio de 1919.

Ao voltar a Iennan, organiza círculos de estudo da teoria marxista. Participa do congresso de fundação do Partido Comunista, em 1921, em Xangai, mas é considerado herético por sugerir que a revolução chinesa deve ser camponesa, e não liderada por operários industriais. Passa a advogar construção de bases revolucionárias no campo, contra a opinião da maioria dos dirigentes.

Essas bases acabam sendo decisivas para a sobrevivência das forças comunistas, que se salvam do golpe militar de Chiang Kai-shek em 1927. Mesmo assim, as opiniões estratégicas de Mao continuam em minoria até a derrota do Exército Popular de Libertação frente à quinta ofensiva das forças do Kuomintang, em 1935, que resulta na Longa Marcha. Durante essa retirada de 100 mil homens através de 12 mil km para Iennan, Mao é eleito o principal dirigente do PC e comandante do EPL.

Estabelece seu quartel-general na província de Shensi, região que permanece sob o controle do Exército Popular. Em 1939 casa-se com Chiang Ching, uma artista de Xangai, apesar da oposição de outros dirigentes, como Chou Enlai. Durante a Segunda Guerra, faz uma aliança com o Kuomintang para defender o território chinês e amplia as bases sob seu domínio.

Em 1948 lança uma ofensiva final sobre o governo e estende o domínio do governo popular socialista sobre toda a China. Acumula os cargos de secretário-geral do PC e presidente da República e dirige as transformações radicais no país. Em 1966 lança a Revolução Cultural e usa o movimento para libertar-se de seus opositores e inimigos dentro do próprio PC.

No início dos anos 70, sob influência de Chou Enlai, começa a conter as tendências mais esquerdistas, inclusive as lideradas por sua mulher, Chiang Ching, e promove uma bertura do país ao mundo ocidental. Em 1971 reata relações diplomáticas com os Estados Unidos e ingressa na ONU. As disputas pelo poder acirram-se no país. Com a morte de Chou Enlai no início de 1976, Mao vê crescer o poder de seu vice-primeiro-ministro, Deng Xiaoping, mais tarde seu sucessor.

Chiang Ching (1914-1991)

Atriz na juventude, é quarta esposa do dirigente comunista chinês Mao Tse-tung, com quem se casa em 1939. Fica mundialmente conhecida a partir de 1965, como a principal dirigente da Revolução Cultural chinesa e uma das organizadoras da Guarda Vermelha, organização paramilitar da juventude maoísta. Com a morte de Mao em 1976, é afastada do poder e presa.

É condenada à morte em 1981, durante o processo contra a chamada Gangue dos Quatro – os dirigentes da Revolução Cultural -, acusada de mandar matar milhares de oposicionistas. Em sua defesa, afirma que limitava-se a cumprir ordens de Mao: “Eu era apenas o seu cachorrinho”. Sua pena é comutada para prisão perpétua em 1983. Doente a partir de 1988, suicida-se em 1991.

Deng Xiaoping, sucessor de Mao Tse-tung no comando da China. Com 16 anos integra um programa de estudo e trabalho na França, onde adere ao Partido Comunista. De volta ao país passa a organizar forças a favor de Mao Tse-tung. Participa da Longa Marcha com Mao mas depois passa a ser acusado de ser pouco ortodoxo em relação aos princípios maoístas. Em 1966 é demitido do cargo de secretário-geral do partido e submetido à humilhação pública pela Guarda Vermelha.

Depois de algumas tentativas frustradas, volta à política depois da prisão da Gangue dos Quatro e da mulher de Mao. Recupera a liderança no final da década de 70 e internacionalmente passa a ser considerado o responsável pela modernização do país. Começa a perder popularidade na década de 80 ao defender posições da ala mais radical do partido. Em 1989 manda reprimir com violência as manifestações pacíficas de estudantes na Praça da Paz Celestial em Pequim.

Por: Samoel Santos

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