História

Santa Aliança

 A proposta que deu origem à Santa Aliança partiu do czar Alexandre I. Em 26 de setembro de 1815, o czar, o imperador da Áustria e o rei da Prússia assinaram o trata­do em nome da Santíssima Trindade e, segundo as regras da caridade cristã, prometiam ajuda mútua. A França aderiu ao tratado.

Foi o príncipe Metternich, entretanto, quem deu à Santa Aliança suas diretrizes. Deveria haver reuniões per­iódicas entre as potências signatárias do tratado, nas quais se discutiriam problemas relativos à preservação da ordem estabelecida pelo Congresso de Viena. Em última in­stância, era uma forma de manter a França sob vigilância e conter os possíveis movimentos revolucionários e lib­erais que viessem a eclodir em qualquer ponto da Europa. É óbvio também que qualquer movimento de caráter sep­aratista, nacional, seria abafado pelo instrumento da reação europeia, a Santa Aliança.

O chamado sistema de Matternich funcionou em várias oportunidades desde a sua criação. O primeiro Congresso da Santa Aliança foi realizado em Aix-la-Chapelle, em 1818. Decidiu a retirada das tropas de ocupação da França, que passa a compor efetivamente a Santa Aliança.

Santa Aliança

Uma associação de estudantes na Alemanha provo­cou distúrbios por ocasião da comemoração do terceiro centenário da Reforma Protestante de Lutero. Os Con­gressos de Carlsbad e de Viena (1819/1820) organizaram uma violenta repressão, impondo vigilância a Universi­dades, combate às sociedades secretas de caráter nacionalista e censura aos jornais. As posições liberais de certos militares da Espanha e do Reino das Duas Sicílias provo­caram revoluções que resultaram na imposição de Consti­tuições a seus respectivos soberanos: Fernando VII da Es­panha e Fernando I das Duas Sicílias. Esses monarcas, porém, apelaram para a Santa Aliança.

Esta, nos congressos de Troppau (1820) e Laybach (1821), decidiu que a Áustria interviria nas Duas Sicílias para restaurar o Absolutismo. Quanto à Espanha, o Con­gresso de Verona (1822) resolveu que caberia à França a missão de organizar a intervenção restauradora, o que foi executado sob o comando do Duque de Angoulême.

A supressão dessas duas revoltas liberais pode ser considerada o último êxito da Santa Aliança.

Com efeito, por volta de 1830, seu poder efetivo havia desaparecido. A rebelião dos gregos contra os turcos (rebelião que recebeu o apoio da Rússia) e a independên­cia das colônias latino-americanas não foram abafadas pela Santa Aliança, o que a enfraqueceu. No caso da América Latina, os interesses da Grã-Bretanha tiveram um papel relevante, pois a independência das colônias significava para os ingleses a abertura de mercados e o surgimento de novas áreas de influência política.

Por esse motivo, tão logo a Santa Aliança começou a cogitar a adoção de medidas contra as colônias rebeladas, a Grã-Bretanha passou a defender o princípio da não-intervenção, colocando-se, na prática, do lado dos movi­mentos emancipacionistas. Essa ruptura oficializou-se com a saída dos ingleses da Santa Aliança (que na época foi rebatizada como a Quádrupla Aliança).

Por: Renan Bardine

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