Literatura

Gênero Épico – Epopeias

Épico, do grego épos, significa “palavra, notícia ou discurso”, o gênero épico é uma narrativa em prosa ou em versos que relatam acontecimentos heroicos, revoluções sociais, fundações de cidades, descobertas de continentes, para tanto, menciona fatos brilhantes, determinados heróis e realizações grandiosas.

Pela grandeza de várias obras antigas e que, no entanto, venceram o tempo; pelo envolvimento com a História do homem desde tempos helenísticos e pela complexidade de sua estrutura, o gênero épico faz por merecer a ênfase que lhe é dada, apesar da importância artística dos demais gêneros literários.

Um dos aspectos que demarcam os caracteres do épico é que ele expressa, com a constância não encontrada em nenhum outro, a objetividade do autor, no sentido de que, a par de transparecer, contidamente, a emoção do autor, o épico trata do mundo externo a ele, narrador, ou seja, prima pelo emprego da 3ª pessoa.

Um dos traços típicos do gênero épico é a eloquência e a grandeza de imagens, conseguidas, entre outros recursos, por meio de vocabulário enfático.

O épico é um gênero narrativo muito versificado, podendo ter caráter universal, nacional ou regional, apresentando um herói retirado da história da mitologia ou do folclore. Um texto épico em verso caracteriza-se pela narração de lutas, conquistas, derrotas, sofrimentos, glórias, enfim, de aventuras, procurando o autor se abster do envolvimento emocional.

Epopeia

É bom ressaltar que, dependendo do espaço abordado, um texto épico pode ser chamado de epopeia, poema épico, poemeto épico. No caso específico de uma epopeia, cujo espaço é maior, tem-se a divisão a seguir.

a) Introdução

  • Proposição: é a apresentação da história e do herói do poema.
  • Invocação: o poeta vai pedir inspiração às suas musas.
  • Dedicatória: o autor oferece sua obra a seu protetor.

b) Desenvolvimento

  • Narração: é o desenrolar dos fatos e das aventuras do herói.

c) Conclusão

  • Epílogo: é o final da história com o comentário do autor.

Principais epopeias

  • Ilíada, de Homero (800-750 a.C): uma das mais importantes da literatura mundial, narra diversos acontecimentos da guerra de Troia, centrando-se em episódios conhecidos como a ira de Aquiles;
  • Odisseia, de Homero: escrita posteriormente à ilíada, narra as viagens de Odisseu (ou Ulisses) após a tomada de Troia e o regresso do herói ao seu reino de ítaca;
  • Eneida, de Virgílio (70-10 a.C.): escrita no século I a.C., narra a história de Eneias, um troiano que viaja pela região da atual Itália e norte da Africa e se torna ancestral dos romanos;
  • A divina comédia, de Dante Alighieri (1265-1321): escrita no século XIV e narrada em versos, descreve, de maneira rigorosamente simétrica, uma viagem pelo Inferno, Purgatório e Paraíso;
  • Os lusíadas, de Camões (1524-1579): escrita no século XVI, narra a viagem de Vasco da Gama às Índias. A epopeia exalta os grandes feitos históricos de ilustres portugueses.

Os textos inerentes ao gênero épico apresentam um narrador que conta aos leitores, por meio de uma linguagem rebuscada, os fatos ocorridos. Várias dessas narrativas foram feitas em prosa, entretanto, encontra-se várias delas em verso e quando isso ocorre recebe o nome de poema épico.

Exemplo:

As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
E em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas
Daqueles reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando:
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

CAMÕES, Luís Vaz de. Os lusíadas. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1980.

Depois de um longo período, a epopeia entra em declínio, e já no final da Idade Média começam a surgir novos tipos de narrativa, agora em prosa, que vão, cada vez mais, ganhando força e se definindo em novos gêneros narrativos.

Por: Miriã Lira