Literatura

Quinhentismo

O Quinhentismo compreende o período que vai de 1501 a 1600, portanto vai do momento do descobrimento do Brasil ao início do processo de colonização da terra. A literatura realizada nesse período é mais uma literatura sobre o Brasil que propriamente uma literatura brasileira. São manifestações literárias do Brasil colonial, de uma literatura feita por e para europeus sobre as características da terra e de seus habitantes.

Trata-se de uma literatura que procurava inventariar a terra, registrando os aspectos da vegetação, dos habitantes e dos primeiros colonos. Junto a essa literatura dos viajantes e cronistas, de aspecto predominantemente documental, havia a literatura dos jesuítas, com algumas qualidades estéticas, ainda que modestas.

O Brasil era visto como um paraíso, um Eldorado, uma fonte permanente de riquezas a ser explorada. A literatura desse momento tem por finalidade descrever as “maravilhas tropicais” e exaltar as belezas tropicais da nova terra.

Literatura documental

A literatura dos viajantes e cronistas do quinhentismo mostra, de modo quase sempre exagerado, a fertilidade do solo, as condições de vida dos índios e dos donatários das capitanias hereditárias. A Carta, de Pero Vaz de Caminha, é o primeiro texto a enaltecer a paisagem brasileira, é o primeiro registro documental do início da literatura no Brasil.

O ufanismo, isto é, a exaltação das qualidades da terra, será tema de diversos autores, até a primeira metade do século XVIII. São exemplos de ufanismo: a História da província de Santa Cruz (1576), de Pero Magalhães Gândavo; Diálogos das grandezas do Brasil (1618), Tratado descritivo do Brasil (1587), de Gabriel Soares de Sousa; Notícias curiosas e necessárias das cousas do Brasil (1668), de Simão Vasconcelos; Frutas do Brasil (1702), de Antônio do Rosário; História da América Portuguesa, de Sebastião da Rocha Pita.

O espanto do europeu, ante as novidades da terra, levou os autores facilmente ao exagero. Criou-se a imagem de uma terra grandiosa, de um verdadeiro paraíso sobre a terra. Esse forte sentimento de nativismo e de ufanismo dos cronistas acabou por contaminar a poesia.

Literatura jesuíta

Quanto à literatura dos jesuítas, esta tinha por finalidade catequizar os índios. Daí a realização de peças de teatro destinadas à conversão do gentil. Dentre os jesuítas, merece destaque o padre José de Anchieta.

De modo em geral, a poesia de Anchieta obedece à medida velha, versos de sete sílabas poéticas, de fácil melodia e memorização, destinada a ser cantada nas comemorações litúrgicas. São poemas marcados pelos símbolos do cristianismo, pelo amor a Deus.

O padre José de Anchieta pacifica uma fera, tendo em uma das mãos a cruz e na outra a Bíblia.
Benedito Calixto, Anchieta e as feras.

Importância do quinhentismo

A produção literária do quinhentismo é de suma importância para a história, a filosofia e a literatura, pois é através dela que podemos analisar os relatos de como era o Brasil e o seu povo naquele período, mesmo que visto pelo homem europeu com costumes e realidades diferente da nossa. Assim como, visualizar as reais intenções do povo português quando aqui chegou, como exemplo a concepção dos jesuítas que primeiro deveria se aprender a cultura e língua indígena para depois deformá-la e catequizá-la.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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