Geografia

Deriva Continental

A teoria da deriva continental afirma que os continentes nem sempre tiveram a configuração atual; eles estavam unidos em um supercontinente chamado Pangeia, e com a movimentação das placas chegaram à forma que têm hoje.

Histórico e evidências

Observando o mapa do mundo, é possível notar que os contornos de alguns continentes, principalmente da costa leste da América do Sul e da costa oeste da África, parecem se encaixar. Isso foi notado, no século XVI, pelo cartógrafo Abraham Ortelius (1527-1598).

Em sua obra Thesaurus Geographicus, de 1596, mesmo utilizando os mapas relativamente simples de sua época, Ortelius levantou a hipótese de que esses continentes estiveram unidos no passado. Contudo, por falta de dados mais consistentes, essa ideia não foi explorada na época.

Veja como os continentes parecem se encaixar.

Na segunda metade do século XIX, em 1858, outro geógrafo, Antonio Snider-Pellegrini (1802-1885), aplicou o mesmo método de Ortelius para elaborar seus próprios mapas, com os continentes encaixados. Todavia, novamente carecendo de evidências que fossem além do formato dos continentes, essa hipótese caiu, mais uma vez, no esquecimento.

A partir do século XVIII, os naturalistas passaram a descrever extensivamente a fauna e a flora mundial. Entre os paleontólogos foram descobertos inúmeros fósseis semelhantes e formados na mesma época em locais distantes uns dos outros. Por exemplo, tanto na América do Sul quanto na África, foram encontrados fósseis do Mesosaurus brasiliensis, um réptil com cerca de1 m de comprimento que viveu há cerca de 250 milhões de anos.

Fóssil de Mesosaurus brasiliensis, encontrado na África e América do Sul.

Com a organização dos trabalhos de descrição da fauna e da flora, pôde-se notar que várias espécies têm ampla distribuição, ocorrendo em praticamente todos os continentes.

Além disso, expedições do início do século XX descobriram carvão mineral na Antártica, demonstrando a existência de seres vivos no passado daquele continente. Essa foi mais uma evidência científica de que os continentes já estiveram unidos.

Características da teoria da deriva continental

Com base nessas e em outras evidências, o meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener (1880-1930) propôs a teoria da deriva continental, em 1912. Essa teoria estabelece que, há aproximadamente 225 milhões de anos, no período geológico conhecido como Permiano, todas as massas continentais estavam concentradas em um supercontinente, que Wegener chamou de Pangeia, termo originado do grego: pan, todo, e gea, terra.

No período Permiano só havia um continente, o Pangeia.

Outros pesquisadores, como Alexander Du Toit (1878-1948), contribuíram para essa teoria, segundo a qual a movimentação das placas tectônicas a partir da Pangeia deu origem a duas grandes massas continentais: a Laurásia, no Hemisfério Norte, e o Gondwana, no Hemisfério Sul. Esse evento geológico ocorreu há 200 milhões de anos, no período conhecido como Triássico.

No período Triássico, o Pangeia fragmentou-se em dois continentes: o Laurásia (formado pelas atuais América do Norte e Erásia) e o Gondwana (formado pelas atuais América do Sul, África, Índia, Austrália e Antártida).

O movimento tectônico continuou afastando os continentes, de modo que, no período Jurássico, 135 milhões de anos atrás, eles se moviam em direção ao local onde atualmente estão. Foi a partir do Cretáceo, há 65 milhões de anos, que a distribuição dos continentes terrestres passou a ter a conformação atual. É importante ressaltar que eles continuam se separando.

No período Cretáceo, o Laurásia e o Gondwana se fragmentaram, gerando os continentes atuais.

A teoria proposta por Wegener contribuiu para o entendimento do encaixe das linhas das costas dos continentes, da distribuição mundial dos fósseis e das mudanças climáticas observadas em toda a Terra.

Explicou também o fato de se encontrarem sedimentos de origem glacial em locais onde atualmente existem grandes desertos, como no caso da África. Não respondeu, porém, a uma questão: quais seriam as forças capazes de movimentar grandes massas de rochas por longas distâncias? Na época em que essa teoria foi proposta, não havia equipamentos sofisticados para medir forças tão grandes.

Continentes atuais.

O descobrimento das placas tectônicas

Como em várias outras áreas das ciências, o avanço tecnológico possibilitou a invenção de instrumentos de medições, como a rede mundial de sismógrafos, criada na década de 1960. Com equipamentos elaborados à disposição, capazes de coletar muitos dados em pouco tempo, os cientistas começaram a investigar o assoalho oceânico. Durante a Guerra Fria, houve grande esforço para mapear com precisão essas regiões profundas dos oceanos a fim de elaborar estratégias militares. Os dados levantados também foram usados pelos cientistas, que entenderam como acontece a movimentação das placas tectônicas.

Eles perceberam que o assoalho oceânico tem um relevo muito acidentado, com vales e montanhas; em certas partes, o assoalho é relativamente fino e recente; existem áreas de surgimento de placas no meio do oceano e outros locais de desaparecimento de placas (que mergulham no manto); existe um padrão magnético gravado nas rochas, que levou à descoberta do sentido de deslocamento das placas tectônicas.

As linhas vermelhas no mapa representam a delimitação das maiores placas tectônicas que constituem a crosta terrestre.

Essas novas evidências corroboraram, no século XX, a teoria de Wegener, atualmente aceita pelas maiores academias de ciências do planeta.

Saiba mais em: Placas Tectônicas

Curiosidade

Alguns estudos apontam a formação de um novo supercontinente no futuro, reunindo em uma única massa de terra todos os continentes atuais. Esse fenômeno está previsto para daqui a aproximadamente 250 milhões de anos. O possível novo continente foi denominado Pangeia Última.

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