Medicina e Enfermagem

Lavanderia Hospitalar

O objetivo final do serviço de lavanderia hospitalar (LH) é transformar, em quantidade estabelecida, no tempo adequado e com segurança, a roupa suja e contaminada em roupa limpa. De fato, as roupas não precisam estar estéreis ao final do processo, e sim estar higienicamente limpas: livres da quantidade de microrganismos patogênicos que pudesse causar doença humana.

A lavanderia hospitalar coloca-se dentro da estrutura de um hospital como uma prestadora de serviços, ou um setor de apoio. Ela pode não pertencer à área física ou à estrutura administrativa do hospital. Estudos norte-americanos publicados em 1992 e 1993 mostram uma tendência à terceirização desse serviço, com até 50% das instituições optando por este sistema externo.

Em qualquer uma dessas situações, a posição da Lavanderia Hospitalar deve ser vista por dois lados: prestadora de serviços e cliente de seus próprios usuários. Esta percepção ajuda-nos a definir os objetivos desse serviço em relação ao seu produto final – roupa limpa -, determinando os procedimentos a serem realizados, materiais a serem empregados, tipos de máquinas necessárias, área física e recursos humanos adequados. Por outro lado, a roupa a ser recebida também deve ter algumas características, que serão atingidas de acordo com sua forma de utilização, coleta, embalagem, identificação e transporte até a Lavanderia Hospitalar.

Deve haver linhas de comunicação claras e diretas entre os setores e a Lavanderia Hospitalar, assim como destes com o serviço de controle de infecções hospitalares, no que se refere à qualidade e à quantidade das roupas e das precauções a serem utilizadas  durante a execução dos processos considerados anteriormente.

Além disso, procedimentos apropriados são necessários para minimizar o risco de irritação da pele ou de doenças relacionadas à exposição a produtos químicos usados no processo de lavagem.

O SERVIÇO DE LAVANDERIA HOSPITALAR

A lavanderia hospitalar é um dos principais serviços de apoio ao atendimento dos pacientes, responsável pelo processamento da roupa e sua distribuição em perfeitas condições de higiene e conservação, em quantidade adequada a todas às unidades do hospital. O serviço de lavanderia, rouparia e costura de um hospital é de suma importância para o bom funcionamento do hospital, pois a eficiência de seu funcionamento contribuirá para a eficiência do hospital.

Um bom sistema de processamento da roupa é fator de redução das infecções hospitalares. Estudos realizados na área de microbiologia revelaram que o processamento da roupa em um ambiente único, utilizado nas lavanderias tradicionais, propiciam a recontaminação constante da roupa limpa na lavanderia. Esses estudos mostraram, ainda, que grande número de bactérias jogadas no ar, durante o processo de separação da roupa suja, contaminava todo o ambiente circundante. Tais descobertas revolucionaram a planta física da lavanderia hospitalar, bem como instalações, equipamentos e os métodos utilizados no processamento da roupa.

A principal medida introduzida para o controle das infecções, foi a instalação de barreira de contaminação, que separa a lavanderia em duas áreas distintas:

1. área contaminada ou suja, utilizada para separação e lavagem;

2. área limpa, utilizada para acabamento (centrifugação, secagem/calandragem, dobragem) e guarda.

Lavanderia hospitalar
Lavadora tipo hospitalar ou de barreira [Mezomo, 1985]

Esta barreira de contaminação só é realmente eficiente se existirem as lavadoras de desinfecção, com duas portas de acesso, uma para cada área, na parede que separa a área suja/contaminada da área limpa, e se as pessoas da área contaminada não circularem nas áreas onde a roupa sai limpa. A barreira de separação deve ser dotada de visores para facilitar a comunicação e o controle.

1 – EPIDEMIOLOGIA

A roupa suja geralmente contém grande quantidade de microrganismos. Algumas publicações relatam contagens de 2 x 104  bactérias por 100 cm2 e até 108 por 100 cm2. Os principais patógenos identificados nas roupas sujas são bastonetes gram-negativos (BGN), principalmente enterobactérias e Pseudomonas sp., assim como Bacillus sp. Embora tenha sido demonstrada que a roupa suja possa ser uma fonte de diversos microrganismos, o risco de transmissão de doenças parece ser desprezível.

Entretanto, como as bactérias encontram-se mais frequentemente em infecções hospitalares (IH) são as mesmas isoladas nas roupas, especula-se que estas podem contribuir na disseminação dos patógenos nosocomiais. Apesar desta consideração não provar que a roupa é a fonte de infecção, alguns estudos, mesmo sendo poucos, têm levantado a possibilidade de as roupas serem fontes de infecções em pacientes:

  • Surto de Febre Q em funcionários da lavanderia (relacionado com o manuseio e a separação das roupas sem equipamentos de proteção individual [EPI] adequados, Am j hyg, 1967);
  • Infecções por Tinea pedis  em residentes asilares (relacionadas à lavagem sem desinfectante, além de uso comunitário de meias, Brit Med J, 1967) ;
  • Dois casos de meningite por Bacillus cereus no pós operatório;
  • – Surto de salmonelose em asilo, atingindo funcionários da lavanderia;
  • Surto de IH por Streptococcus pyogenes no berçário;
  • E, ainda, colonização de crianças por Staphylococcus aureus, surto de escabiose, transmissão de catapora e hepatite A aos trabalhadores da lavanderia e contaminação cruzada de caracteres urinários com BGN dos lençóis sujos resultando em ITU.

Uma consideração a ser feita diz respeito à presença documentada desses mesmos tipos de patógenos no meio ambiente inanimado do hospital, sendo que as tentativas de eliminar ou reduzir a esse microrganismos do meio não resultaram em uma diminuição no risco de IH. Este risco praticamente inexistente de transmissão de doenças através do meio inanimado, incluindo as roupas, é consistente com os resultados de numerosos estudos epidemiológicos que têm demonstrado que a fonte mais comum para essas infecções é o meio animal (homem).

2 – ASPECTOS FÍSICOS DA LAVANDERIA HOSPITALAR

A localização adequada de uma lavanderia hospitalar é aquela que considera os seguintes aspectos:

  • transporte e circulação da roupa, vertical ou horizontal;
  • demanda das unidades do hospital;
  • sistema de distribuição de suprimentos no hospital;
  • * distâncias, considerando diversos fatores: tempos e movimentos; ruídos e vibrações; odores; calor; riscos de contaminação; futura expansão; localização das caldeiras; custo de construção; direção dos ventos; orientação solar [Machado, 1996].

Dentre estes, deve-se dar ênfase especial à direção dos ventos, para que não haja corrente de ar do ambiente contaminado para o limpo; deve-se evitar escadas ou degraus entre a lavanderia e o estante do prédio, para facilitar o transporte da roupa. Havendo desníveis inevitáveis, deve-se adotar rampas para facilitar a circulação de carrinhos, tanto de roupa suja como limpa.

O formato da lavanderia deve possibilitar um fluxo racional de trabalho de processamento da roupa, seguindo um fluxo progressivo, como em uma linha de montagem industrial, evitando cruzamento de circulações das atividades. Para um fluxograma funcionalmente resolvido, são admitidas formas de I, L ou U, mostradas abaixo:

Lavanderia hospitalar com formato “I”
Lavanderia com fluxo no formato “I” [Mezomo, 1985]
Lavanderia hospitalar no formato “L”
Lavanderia com fluxo no formato “L” [Mezomo, 1985]
Lavanderia hospitalar com formato “U”
Lavanderia com fluxo no formato “U” [Mezomo, 1985]
A precaução fundamental é evitar que a roupa suja cruze ou entre em contato com a limpa*, evitando a recontaminação e a dificuldade permanente para o trabalho, causada pelo trânsito cruzado das pessoas.

A localização inadequada dos equipamentos e instalações, não condizentes com o serviço, levam a um desperdício de tempo, aumento de fadiga e, consequentemente, um baixo rendimento.

3 – DIVISÃO FÍSICA E FLUXO DE PRODUÇÃO DA LAVANDERIA

Em uma lavanderia hospitalar deve ser previsto no mínimo, as seguintes áreas:

  • Área contaminada;
  • Área limpa:
    •  molhada (centrifugação);
    • seca (secagem, calandragem e prensagem);
    • rouparia;
  • Costura;
  • Coordenação (chefia);
  • Área de lanche.

3.1 –  Área Contaminada 

A área de recebimento, separação, pesagem e lavagem das roupas sujas na lavanderia é considerada crítica, pois é a mais contaminada área de todo o hospital. Podemos dizer que trata-se de uma espécie de central de microrganismos. A área caracteriza-se por apresentar: mau odor; risco de contaminação e fadiga.

Conforme já citado, esta área deve ser absolutamente separada do restante da lavanderia por meio de parede até o teto (barreira de contaminação) para evitar a dispersão dos microrganismos pelas áreas limpas, o que levaria à recontaminação da roupa.

Deve ter sanitários, vestiários e chuveiros próprios para quem trabalha no local, a fim de evitar a circulação desses funcionários por outras dependências.

O funcionário deste setor deve usar uniforme completo: gorro, máscara, avental (fechado na frente com mangas fechadas no punho), botas e luvas. O uso deste uniforme de defesa é a maneira mais segura de evitar contaminação do próprio funcionário.

Ao sair desta área, deverá tomar banho e vestir roupa pessoal ou outro uniforme comum, caso tenha que ir até outras áreas da lavanderia. Por ser inadmissível o trânsito em outras dependências sem os cuidados acima, é necessário que exista, no interior desta área, um local destinado a depósito de produtos de lavagem.

Esta área deve ter pressão negativa, ou seja, deve receber corrente de ar e não difundir o ar contaminado para outros setores.

3.2 – Área Limpa

– Área Limpa Molhada (Centrifugação): É a chamada área úmida ou molhada. Nela ficam localizadas as máquinas lavadoras (apenas as portas de acesso para saída da roupa lavada), e as extratoras ou centrífugas (Figura 3). É a área de trabalho mais pesada da lavanderia, uma vez que a roupa é retirada ainda molhada da máquina, o que torna o peso, cerca de três vezes maior que a roupa seca. Suas características são: umidade; ruído.

O piso deve ser gradeado próximo às máquinas para evitar a presença de água no chão, pois haveria risco maior de acidente e de insalubridade.

– Área Limpa Seca: Nesta área ficam as secadoras, calandras, prensas, ferros elétricos e mesas. As roupas são secas, passadas, dobradas e encaminhadas à rouparia. Durante a dobragem, as roupas que necessitam de reparos devem ser separadas para serem encaminhadas para o setor de costura. As características desta área são: calor; limpeza.

3.3 – Rouparia

Nesta área ficam estantes para a roupa limpa. Deve ter também, armários fechados para armazenar as roupas de inverno, tipo cobertores, nos períodos de verão.

3.4 – Área de Costura

Nesta área ficam as máquinas, mesas, estantes e armários para roupas novas e roupas a serem reparadas, bem como os tecidos destinados à confecção de peças novas.

3.5 – Chefia

Esta área deve ser do tamanho suficiente para o trabalho de uma pessoa e 2 interlocutores, dispondo de mesa e armário ou arquivo. A localização desta área deve ser estrategicamente estudada de forma a possibilitar visualização de todo o ambiente, podendo estar num piso mais elevado. Todas as paredes devem ser dotadas de visor que possibilite a supervisão de todas as áreas.

3.6 – Área de Lanche

Esta área se destina ao atendimento dos funcionários com relação ao tempo de pausas de descanso, hidratação e lanche, na qual deve conter um lavabo para higienização das mãos antes e após o lanche.

4 – PROCESSAMENTO DA ROUPA

4.1 – Coleta

A coleta geralmente é realizada em horários preestabelecidos, uma vez que a roupa suja deve permanecer o menor tempo possível na unidade. Durante esta operação, o funcionário responsável por esta tarefa deve usar luvas de borracha, máscara e gorro.

A roupa suja deve ser colocada direta e imediatamente no hamper, em sacos de tecidos fortes de algodão ou náilon, sendo que para roupas contaminadas devem ser usados sacos plásticos.

Após fechado, o saco de roupas sujas é retirado do hamper e colocado em carro próprio que, completada sua capacidade, transporta a roupa até a recepção da lavanderia.

Os carros usados na remoção dos sacos de roupa suja nunca devem ser utilizados para o transporte de roupa limpa. Igualmente, deve ser evitado o cruzamento da roupa suja com a limpa.

O percurso e o elevador usados na remoção dos sacos de roupa não devem ser utilizados simultaneamente por carro de roupa limpa ou de comida.

4.2 – Recepção

Na área de recepção, a roupa é retirada do carro de coleta, a fim de ser separada e pesada.

4.3 – Separação

Na área de separação, os sacos de roupa suja são pesados e o resultado do peso é registrado em ficha própria, para controle de custos das diversas unidades.

A roupa é classificada de acordo com o grau de sujidade, tipo de tecido e cor. Essa classificação tem a finalidade de agrupar a roupa que pode ser lavada em conjunto e a que terá o mesmo acabamento.

Na separação, é indispensável que todas as peças de roupa sejam cuidadosamente abertas, para a retirada de instrumentos cirúrgicos, distintivos e outros objetos que por ventura tenham sido encontrados meio as roupas. Desta forma evita-se que estes elementos estranhos entrem no processo de lavagem, causando danos às máquinas e ao próprio processo.

4.4 – Pesagem

Após a separação, a roupa é pesada e agrupada em lotes ou fardos correspondentes a uma fração da capacidade da máquina, em geral 80% de sua capacidade de lavagem, além de ser identificado quanto ao tipo de processamento a que deverá ser submetido em função do tipo de sujidade, cor e tipo de tecido.

A pesagem da roupa é indispensável para indicar a carga correta das lavadoras, o peso da roupa recebida de cada unidade para a contabilidade de custos e facilitar a determinação das fórmulas mais adequadas de lavagem.

Após a pesagem, os fardos ou sacos de roupa devem ser levados até a(s) lavadora(s), onde todo o material necessário para a lavagem deve ser colocado à mão, para evitar desperdício de tempo e energia.

4.5 – Lavagem

É o processo que consiste na eliminação da sujeira fixada na roupa, deixando-a com aspecto e cheiro agradáveis, nível bacteriológico reduzido ao mínimo e confortável para o uso.

O processo de lavagem propriamente dito é realizado na área suja. O ciclo a ser empregado no processo de lavagem é determinado de acordo com o grau de sujidade, tipo da roupa, tipo de equipamento da lavanderia e dos produtos utilizados.

Ainda que os ciclos de lavagem sejam em função das sujeiras, das máquinas, das fibras, dos produtos, vão encontrar-se em todos os ciclos, todas ou partes das operações apresentadas a seguir.

O tempo, temperatura e o nível da água devem ser bem combinados em cada etapa para evitar prejuízo ou mau resultado.

4.6 – Centrifugagem

A carga de roupa lavada é distribuída uniformemente dentro do tambor, na sua capacidade. A colocação é feita em pequenos montes de roupa, ajustados, em peso equilibrado, para evitar que o tambor, ao girar, se afaste do eixo, no ponto mais pesado, levando à desregulagem do equipamento e da roupa, por torção ou repuxo. Em geral, o peso da roupa lavada reduz 60%, após centrifugada, devido a eliminação da água.

Terminada a centrifugagem a roupa é retirada, selecionada, colocada em carrinho e encaminhada à secagem, ou tratamento adequado a cada tipo. Na seleção, considera-se os seguintes aspectos: tipo de tecido (liso, felpudo, algodão, acrílico, etc); tipo de roupa (lençol, toalha, roupa de vestir, etc); qualidade da limpeza (se requer nova lavação ou não devido a permanência de manchas). A roupa destinada à secadora é colocada em carrinho próprio. O mesmo é feito com os lençóis.

4.7 –  Calandragem

É a operação que seca e passa ao mesmo tempo as pecas de roupa lisa (lençóis, colchas leves, campos, etc.). Após aquecimento, a calandra geralmente é operada continuamente, para evitar desperdício de energia.

Geralmente são necessários dois operadores para colocar a roupa molhada, e dois para retirar e dobrar a roupa seca.

Durante a retirada da roupa da calandra, é feita uma seleção das pecas danificadas, que deverão ser posteriormente encaminhadas ao setor de costura para reparo ou baixa.

4.8 – Secagem em Secadoras

Roupas como toalhas, roupas de vestir, fraudas, cobertores, peças pequenas como máscaras, propés, gorros, compressas e outras são secadas na secadora.

Depois de secar, as roupas são retiradas da secadora e colocadas em carros apropriados, a fim de serem encaminhadas para as mesas de dobragem e posteriormente para a rouparia para repouso. Durante a dobragem, as roupas danificadas vão sendo separadas para serem encaminhadas para o setor de costura para consertado ou baixa.

4.9 – Prensagem

Uniformes e outras peças que não são passíveis de serem colocadas em calandras ou que tenham detalhes como vinco, são passadas na prensa. Após passadas, são colocadas em cabides e encaminhadas para a rouparia.

4.10 – Passagem a Ferro

Usado apenas eventualmente, ou para melhorar o acabamento de alguma roupa. Não é muito comum o seu uso, pois é pouco econômico, sob o ponto de vista de consumo de tempo, energia elétrica e física.

4.11 – Estocagem

A estocagem da roupa limpa geralmente é feita em um setor chamado rouparia. Neste setor é feito todo um controle da roupa limpa, do estoque e de sua distribuição de forma adequada, em quantidade e qualidade, às diversas unidades do hospital. É na rouparia que é feita a estocagem (repouso) da roupa, distribuição e costura, incluindo conserto, baixa e reaproveitamento.

4.12 – Distribuição da Roupa Limpa

Cada unidade recebe uma cota de roupa para reposição de estoques nas rouparias setoriais. Geralmente o cálculo das quantidades de roupa segue a seguinte ideia: Uma muda fica no leito do paciente, uma outra fica na estante ou carro-prateleira, na unidade de enfermagem, como estoque de reserva para apenas um dia, enquanto tem outra peça na lavanderia em processamento. É comum existir uma cota fixa de roupa para cada unidade, preestabelecida em função da necessidade estimada.

4.13 – Costura

As peças de roupa danificadas, aproveitáveis, são reparadas e recolocadas em uso. O conserto precoce amplia a vida útil da roupa.

As peças danificadas não aproveitáveis recebem baixa no estoque, porém algumas podem ser transformadas em outras peças úteis, como por exemplo uma toalha estragada que pode ser transformada em luvas de banho, um lençol de adulto em lençol de criança, ou outras. Após o conserto, a roupa volta a ser lavada.

5 – EQUIPAMENTOS

5.1 – Lavadora de desinfecção

É uma máquina de lavar com duas portas, composta por tambores de aço inox; mecanismo de reversão equilibrado; dispositivo automático para impedir a abertura simultânea de ambas as portas e fluxo de ar, dentro da máquina, regulado por válvula, de modo a permitir a aspiração do ar da área limpa, durante o escoamento da água, e a expulsão do ar contaminado para a área contaminada.

5.2 – Centrífuga ou extratora

É a máquina usada para eliminar ou extrair até 40% da água da roupa saída da lavadora. Ela é constituída de dois cilindros, um fixo externo e um giratório interno e perfurado.

5.3 – Lavadora extratora

É a máquina de lavar que incorpora a centrifugagem à própria lavadora.

5.4 – Calandra

É um equipamento que se destina a secar e passar a roupa ao mesmo tempo. É constituído de dois ou mais cilindros de metal que giram dentro de calhas fixas de ferro, aquecidas a vapor ou eletricidade. É provida de dispositivo que para os cilindros automaticamente, evitando acidentes com as mãos do operador. A roupa, passando sob pressão, entre a calha aquecida e o cilindro girando, seca e desenruga.

5.5 – Secadora

É um equipamento para secar roupas. Possui dois cilindros, um interno, giratório, que movimenta a roupa, e outro externo fixo.

5.6 – Prensa

Destina-se a passar roupa pessoal. Consta de mesa de tela metálica, revestida de algodão, onde é estendida a roupa. A parte superior, que é uma chapa metálica, aquecida a alta temperatura, desce, exercendo pressão sobre a peça a ser passada.

5.7 – Balança

É um instrumento utilizado para determinar o peso da roupa e dos produtos de lavagem. Normalmente são do tipo plataforma para pesagem da roupa, e tipo doméstica para pesar os produtos químicos de lavagem.

5.8 – Carro de transporte

São carrinhos geralmente de aço inox ou fibra de vidro, usados para transportar as roupas nas unidades, ou de uma máquina para outra, ou de uma área para outra.

5.9 – Hampers

São carrinhos feitos de estrutura metálica, nos quais são encaixados sacos de tecido. São usados durante a troca de roupa dos leitos, nos quais as roupas sujas são colocadas.

5.10 – Máquina de costura

É um equipamento destinado ao reparo das peças danificadas ou a confecção de novas.

6 – CONDIÇÕES AMBIENTAIS

As condições ambientais de uma lavanderia hospitalar têm grande influência na prevenção de doenças profissionais e acidentes, já que compreendem medidas de proteção coletiva.

A alta temperatura, umidade, excesso ou escassez de luminosidade, ruídos e vibrações, comuns em ambientes de lavanderia, podem causar tontura, mal-estar, dor de cabeça, fadiga e outros.

O controle e uso adequado da temperatura, umidade, luminosidade, insolação, ventos dominantes e renovação de ar, contribuem para o conforto dos servidores.

A lavanderia é uma área que compreende um conjunto de maquinário característico que geralmente provoca muito ruído e vibração, devendo, portanto ter tratamento acústico e as máquinas devem ser fixadas ao piso a fim de diminuir a transmissão das vibrações.

Toda lavanderia apresenta equipamentos, que durante o seu funcionamento geram calor e vapor, em virtude dos quais devem ser previstas medidas que reduzam o aquecimento do ambiente.

6.1 – Iluminação

A iluminação natural é a mais recomendável devido à melhor eficiência – maior relação lúmen / watt – e devido à resposta de cores. Como o critério de separação de roupa a ser reprocessada devido a manchas, resíduos é por meio visual, a fidelidade de cores é fundamental, além do nível de iluminação requerido para tal identificação.

Para a complementação com iluminação artificial ou apenas adoção de fonte artificial nos horários noturnos, deve-se observar o uso de equipamento com espectro, nas diversas gramaturas de cor, o mais próximo possível da luz natural.

6.2 – Ventilação e Exaustão

A ventilação deve proporcionar um ambiente de trabalho adequado, de forma a aumentar a eficiência do pessoal e impedir a disseminação de microrganismos.

É importante a criação de uma diferença de pressão barométrica, com pressão mais baixa na zona contaminada. O ar deve fluir sempre do lado limpo para o lado sujo. O sistema de exaustão da área contaminada e da área limpa devem ser independentes um do outro.

A tomada de ar fresco para a área limpa deve ser localizada o mais distante possível da exaustão de incineradores e caldeiras e da exaustão da área contaminada da própria lavanderia.

A saída de ar deve ser de modo a não contaminar os serviços adjacentes. O mais adequado e que o ar, antes de ser lançado na atmosfera, passe através de uma cortina de água com produtos especiais para a purificação, evitando que se torne fonte de contaminação.

Para captar calor e umidade nos locais de origem, é conveniente a previsão de uma coifa sobre a calandra, com altura máxima de 60 cm acima da mesma e outros exaustores próximos às lavadoras, secadoras e prensas.

A exaustão dos secadoras deve ser feita por tubos amplos (8 polegadas) e possuir uma ou mais portas para inspeção e limpeza periódica. No caso de saída do ar para fora do prédio, deve-se construir uma caixa com porta de tela fina, para reter as felpas que se desprendem das roupas durante a secagem.

7 –  INSTALAÇÕES

O dimensionamento correto das instalações de uma lavanderia é determinado em função do equipamento adotado, do fluxo de atividades, turnos.

As instalações devem permitir a eventual ampliação ou alteração futura do equipamento. As canalizações devem estar completamente livres, com facilidade de acesso, pintadas nas cores convencionais e com símbolos adequados, segundo normas da ABNT, a fim de permitir a sua identificação, manutenção e aumentando assim a segurança.

As linhas de vapor e água quente devem estar cuidadosamente isoladas, visando a proteção do pessoal, a diminuição dos custos operacionais e a redução do calor transmitido ao meio ambiente.

7.1 Água

A qualidade da água a ser utilizada na lavagem das roupas numa lavanderia hospitalar é muito importante para conseguir um bom resultado. Metade da água utilizada no hospital é destinada ao consumo da lavanderia. Estima-se entre 35 e 40 litros de água, para cada quilo de roupa seca nas máquinas de lavagem, em cargas individuais.

A pressão da água e o diâmetro da tubulação devem ser suficientes para abastecer as máquinas de lavar em menos de um minuto.

A água a ser utilizada numa lavanderia hospitalar também deve satisfazer aos requisitos citados anteriormente, quanto ao aspecto, teor de sólidos em suspensão; dureza da água; alcalinidade e temperatura.

7.2 – Esgoto

O esgoto da lavanderia deve ter capacidade suficiente para receber o efluente de todas as máquinas de lavar, simultaneamente, não incorrendo em perigo de transbordamento e contaminação. Nunca se deve utilizar a mesma canalização para a área limpa e a contaminada.

Com a lavagem, grande quantidade de felpa e outros resíduos acompanham o efluente. Por isso, é importante a instalação de uma caixa de suspensão com tela para reter os fiapos de roupa e impedir o entupimento da rede [Portaria 400/Bsb/77, do Ministério da Saúde, item XIII- Instalações Adequadas para o Destino Final de Dejetos e no item XIV-A – Normas Técnicas sobre Instalações Sanitárias].

7.3 – Drenos

Junto às lavadoras, no lado da saída da roupa lavada, deve ser prevista uma canaleta, recoberta com piso gradeado de fácil remoção destinada ao escoamento da água servida.

Deve-se prever, também, uma caixa na saída das manilhas e canaletas, provida de grade fina para reter as felpas que escoam junto à água servida, para evitar entupimentos da tubulação.

7.4 – Vapor

O vapor consumido na lavanderia para o aquecimento da água, secadoras, calandras e prensas deve ser de alta pressão (100 a 147 lb/pol2).

Para cada máquina, deve ser observada a pressão adequada de vapor a ser utilizada. Nas instalações devem ser usados tubos de aço galvanizado, sem costura, devidamente revestidos e levemente inclinados [Portaria 400/77, item XIV-E].

7.5 – Ar Comprimido

É utilizado na lavanderia para as prensas e para os controles automáticos das máquinas de lavar.

7.6 – Energia Elétrica

A alimentação elétrica deve ser trifásica a quatro fios (3 fases e 1 neutro), na tensão e frequência da rede local, provida por meio de um subalimentador da alimentação geral.

O painel de distribuição deve ser de fácil acesso à manutenção e provido de fechadura. Todas as máquinas devem ser adequadamente aterradas [NB-3 Instalações Elétricas de Baixa Tensão, da ABNT]. Todos os equipamentos e cabos elétricos devem ser devidamente protegidos por disjuntores e circuitos individualizados.

8 – MATERIAIS DE ACABAMENTO

O piso, em todas as áreas da lavanderia deve ser liso, resistente à água e isento de desenhos e ranhuras que dificultem a limpeza. A superfície não pode ser escorregadia e deve ter uma queda adequada em direção às canaletas, para facilitar o escoamento das águas servidas e evitar a contaminação.

As paredes devem ter uma superfície lisa, clara e lavável, livre de juntas, cantos e saliências desnecessárias, que venham a dificultar a limpeza e a manutenção adequada do ambiente.

As portas devem ser revestidas de material ou tintas laváveis, dispondo de visores. É aconselhável também, sempre que possível, painéis de vidro nas paredes internas da lavanderia, de modo a permitir boa visualização entre as áreas, assim como melhorar a iluminação ambiente.

O teto deve ser claro e absorvente, a fim de melhor difundir a luz, e deve ter tratamento acústico.

A altura do pé-direito também deve ser adequada, a fim de facilitar a instalação e manutenção do equipamento e a colocação de instalações especiais.

9 – CONCLUSÃO

Com a pesquisa em campo, percebe-se que Rondônia especificamente Ji-Paraná, por serem lugares jovens e com isso ainda em desenvolvimento, principalmente na área da saúde. Deixam muito a desejar na qualidade dos serviços prestados, percebe-se que os profissionais na área vem cumprindo o seu papel com o material que lhe é disponível, muitas vezes material esse, não o correto e específico para o desenvolvimento correto de suas atividades.

É indispensável um programa de treinamento e reciclagem dos funcionários, enfatizando-se os meios de contaminação do ambiente, do pessoal e da roupa limpa, a possibilidade de transmissão de doenças infecciosas e parasitárias, bem como as medidas de proteção individual e de equipe no ambiente hospitalar.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

  • http://www.eps.ufsc.br

Autoria: Wanessa Delgado da Silva