Pedagogia

Organização e estruturação espaço-temporal na escola

A importância da escola trabalhar com o desenvolvimento da organização e estruturação espaço-temporal.

Assim como as demais áreas de conhecimento, a educação física tem um papel importante na formação dos alunos, pois objetiva ajudá-los a tomar consciência de seu corpo e a trabalhar o equilíbrio emocional e a autoestima.

Ao participar de uma aula dessa área do conhecimento, o aluno tem a oportunidade de lidar com suas limitações e potencialidades, com a satisfação proporcionada pela superação de limites ou com a frustração de viver o fracasso. Aprende a cooperar com o grupo, dividir um objetivo comum e respeitar os outros. Com isso, a criança vai construindo e reconstruindo conceitos por meio da sua percepção de mundo, na qual o corpo é o termo de referência. É através das relações espaciais que nos situamos no meio em que vivemos.

Estruturação espaço-temporal A orientação espacial é a capacidade que tem o indivíduo de situar-se e orientar- se, localizar outra pessoa ou objeto dentro de um determinado espaço. Quando a criança aprender noções de situação, tamanho, movimentos, formas, volume e outras, ela atingirá a etapa de orientação espacial, ou seja, ela passa a ter acesso a um espaço orientado a partir de seu próprio corpo, multiplicando suas possibilidades de ações. Nas palavras de Coste (1978), “o espaço da criança inicialmente é muito limitado, reduzido às suas impressões táteis (o corpo da mãe, o berço…).

O meio circundante é diferente do corpo. Seu mundo espacial constrói-se paralelamente ao seu desenvolvimento psicomotor. Neste contexto, é importante lembrar que a escola tem papel primordial, onde a equipe de profissionais possa atuar em consonância com o Projeto Político Pedagógico, selecionando conteúdos curriculares adequados, a fim de propiciar o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. Percebe-se nesse sentido, que a estruturação espaço-temporal é uma habilidade importante para uma adaptação favorável da criança, pois lhe permite não só movimentar-se e reconhecer-se no espaço, mas também desencadear e dar seqüência aos seus gestos, localizar as partes do seu corpo e situá-las no espaço, coordenar sua temporalidade e organizar sua vida cotidiana, sendo importantíssima no processo de adaptação do indivíduo ao meio, uma vez que tudo ocupa um determinado lugar no espaço em um dado momento.

Todas as alterações e adaptações que ocorrem no meio ambiente e nos indivíduos, passam, antes de tudo, pela adaptação ao tempo e ao espaço. O tempo é constituído por quatro níveis, duração, ordem, sucessão e ritmo que se relacionam entre si, formando a estruturação temporal do individuo.

Com o desenvolvimento da estruturação temporal, a criança começa a distinguir as sucessões de acontecimentos (antes, após, durante), a duração dos intervalos (tempo longo, curto), a renovação cíclica de certos períodos (dias, meses, estações, anos) e os ritmos exteriores e do corpo (são fatores de estruturação temporal que sustenta a adaptação do tempo).

As noções temporais são muito abstratas, muitas vezes bem difíceis de serem adquiridas pelas crianças. Para Coste (1981 p, 57) “a adaptação ao tempo é função do desenvolvimento do conjunto da personalidade”. Portanto nota-se, que através do desenvolvimento do esquema corporal, ou seja, da conscientização da criança em relação ao seu próprio corpo, do movimentar-se e das suas relações com o exterior, é que ela passa ter, progressivamente, noções sobre o tempo.

O espaço é definido pela sua variedade de significados, podendo estar relacionado a uma extensão infinita (espaço sideral), a uma extensão superficial limitada (medidas) e a uma extensão de tempo e intervalos (minutos, lento, rápido). Portanto, o trabalho interdisciplinar permite à Educação Física uma interação na construção do conhecimento na escola, fazendo uso de conteúdos inerentes à sua formação e articulando-os com as demais disciplinas curriculares.

Por isso, a estruturação temporal, “requer uma construção intelectual por parte da criança, baseada em operações que são paralelas às envolvidas no pensamento lógico-matemático” (Condemarin apud Gomes, p.64,1998). Ainda no que diz respeito à estruturação espaço temporal, a criança pode apresentar diversos tipos de dificuldades na escrita, como aglutinações, separações indevidas, omissão ou adição de letras, sílabas ou palavras…

A estruturação temporal proporciona à criança, a consciência do desenvolvimento das ações no tempo, solicitando mais a percepção auditiva da criança, em contraposição à estrutura espacial, que exige basicamente a percepção visual. (Gomes,1998, p. 66).

Assim, a escola pode desenvolver atividades interdisciplinares, voltadas ao desenvolvimento da estruturação espaço-temporal, tais como: participação em diversos jogos e brincadeiras cantadas, apreciação e valorização de músicas e danças pertencentes à localidade, participação em atividades rítmicas com diferentes partes do corpo com execução de coreografias simples, entre outras, favorecendo deste modo a ampliação do repertório de habilidades e conhecimentos dos alunos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de dezembro de

1996. Publicada no Diário Oficial da União em 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Física/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. 126p

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Introdução aos parâmetros curriculares curriculares/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. 126p.

Revista Professor Sassá – É arte na escola. Editora Minuano. Ano 1 – n 1.

Por: Iara Maria Stein Benítez

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