Resumos de Livros

O Primo Basílio

Segundo grande romance de Eça de Queirós (1845-1900), O primo Basílio é um romance de tese, em que o autor compõe um quadro da vida doméstica burguesa de Lisboa.

Luisa, a personagem central da história, é caracterizada pelo temperamento romântico e pela vida fútil e ociosa. Essas características fazem-na uma pessoa frágil, que, na ausência do marido, se enreda nas artimanhas amorosas do primo.

Trata-se, portanto, de uma denúncia moral e social do casamento burguês e da educação romântica da mulher, ao mesmo tempo em que é um admirável estudo de tipos e costumes da época.

Resumo de O Primo Basílio:

A viagem de Jorge

O narrador inicialmente apresenta uma típica família burguesa de Lisboa. Em um domingo, após o almoço, o casal Jorge e Luísa está na sala de jantar lendo. O marido fecha o volume e fica pensando, muito aborrecido, sobre sua viagem de trabalho à região do Alentejo: “Era a primeira vez que se separava de Luísa.” Logo depois, o autor descreve como se dera o casamento de ambos.

A esposa, folheando um jornal, lê a notícia da chegada de seu primo Basílio a Lisboa.

A viagem de Jorge para o interior, deixando Luísa só e entediada, e a chegada de Basílio, o primo que fora seu primeiro amor e que a abandonara, constituem o clima propício ao adultério.

O “ninho de amor”

Cartaz de O Primo Basílio
Cartaz do filme Primo Basílio, baseado no romance de Eça de Queirós.

Basílio, que no passado fora para o Brasil, arruinado, retoma a Lisboa não apenas enriquecido, mas esnobe e prepotente. Reencontrando a prima, passa a cortejá-la, a fim de ter com ela uma aventura inconsequente, com a qual pudesse diminuir o tédio de sua permanência na cidade, onde teria de ficar por algum tempo. Luísa, por sua vez, deixa-se levar pelas conversas do primo sobre as seduções da vida aventureira.

Após uma ida ao campo, Basílio resolve alugar um lugar para que eles possam estar mais à vontade, e longe da maledicência dos vizinhos. A ideia de um “ninho de amor”, tal qual aparecia nos romances que lia, deixa Luísa extremamente excitada. Já se imaginava em um lugar ricamente decorado, sofisticado e sensual – nem mesmo o endereço que sinalizava uma região pobre da cidade lhe tirava da imaginação o seu Paraíso. Ao chegar, a decepção arrebata-a.

Para compensar a decepção do lugar, Basílio seduz Luísa com novos e excitantes carinhos, fazendo-a esquecer-se da “pocilga” em que se encontravam.

A empregada Juliana

Com o passar dos dias e das novidades dos primeiros encontros, Basílio vai se tomando cada vez mais rude e grosseiro com a amante, fazendo-a compará-lo com o tão delicado e atencioso marido.

Certo dia, ela se atrasa e quando consegue chegar ao Paraíso não encontra mais o amante. Irritada, chega em casa e, ao encontrá-la ainda em desordem, desconta toda sua ira na empregada juliana. Ofendida, esta revela que tinha em seu poder uma carta escrita pela patroa ao amante.

O destino de Juliana e Luísa

Ouvindo os conselhos de seu amigo Reinaldo, Basílio deixa Lisboa subitamente, depois que Luísa, ofendida, recusa sua ajuda financeira para calar a empregada. Sem outra opção, Luísa começa a fazer o serviço doméstico e dar presentes à Juliana, que se comporta como dona da casa.

Mas, com o retorno de Jorge, a situação complica-se:

(…) e Jorge, chegando despercebido ao quarto, surpreendeu Juliana comodamente deitada na chaise longue, lendo tranquilamente o jornal.
(…)
Jorge não encontrou Luísa na sala de jantar, foi dar com ela no quarto de engomados, despenteada, em roupão de manhã, passando roupa, muito aplicada e muito desconsolada.
– Tu estás a engomar? — exclamou. Luísa corou um pouco, pousou o ferro.
– A Juliana estava adoentada, juntara-se uma carga de roupa…
– Dize-me cá, quem é aqui a criada e quem é aqui a senhora?

A situação toma-se cada vez mais humilhante e perigosa para Luísa, que, desesperada, recorre ao amigo da família, Sebastião. Este, com a ajuda de um policial, intimida e consegue reaver as cartas, alegando que chantagem é crime e que ela poderia ir parar na cadeia.

Em um acesso de cólera, Juliana, que tinha problemas cardíacos, morre, atingida por um colapso nervoso.

Diante de toda a tensão sofrida, Luísa acaba por apresentar uma “febre nervosa”. Durante esse período chega uma carta de Basílio para a prima. Jorge, depois de muito hesitar, resolve abri-la e descobre o adultério da esposa.

Quando Luísa melhora, Jorge mostra-lhe a carta e exige explicações. Luísa tem uma recaída: volta-lhe a febre cerebral, de maneira mais intensa e fatal. Jorge, ao pé da cama, desesperado, assegura-lhe que a perdoaria, que não se falaria mais sobre o caso. Mas Luísa morre.

O desfecho

A última cena do romance revela-se a maior e mais fina ironia da obra: Basílio retorna a Lisboa e, ao procurar Luísa em sua casa, descobre que ela morreu. O fato lhe desperta apenas um silêncio resignado e o seguinte comentário a seu amigo Reinaldo (quando este observa que o amigo ficaria sem mulher em sua estada em Lisboa):

– Que ferro!
Podia ter trazido a Alphonsine!
E foram tomar xerez à Taverna Inglesa.

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