Medicina e Enfermagem

Farmacologia e a Indústria Farmacêutica

A farmacologia é a área da ciência que estuda o efeito das substâncias químicas nos organismos, procurando identificar, descrever e manipular aquelas que têm propriedades medicinais.

Essa ciência surgiu em meados do século XIX, mas o ser humano estabelece relações com as plantas para fins medicinais desde a Antiguidade. Isso nos acompanha até os dias atuais, ao ingerirmos um chá considerado digestivo ou calmante, por exemplo.

A indústria farmacêutica

Os cientistas estudam diversas plantas com potencial medicinal, pois elas podem conter uma ou mais substâncias químicas em sua constituição capazes de alterar funções em nosso organismo de modo terapêutico. Essas substâncias recebem o nome de princípios ativos, que podem estar mais concentrados em diferentes partes das plantas.

A utilização de plantas para fins medicinais requer bastante cuidado e estudo, não apenas para saber qual parte da planta deve ser usada ou qual é a forma adequada de prepará-la, mas, principalmente, para conhecer a dosagem correta, já que as doses são o que determina se a planta será um remédio ou um veneno. Isso ocorre porque os princípios ativos também podem atuar de maneira tóxica em nosso corpo.

A indústria farmacêutica, com o objetivo de produzir medicamentos, investiga a composição e o modo de atuação dos fármacos, substâncias que modificam o funcionamento de nosso organismo. Essa produção pode ser feita por meio da extração e do isolamento dos princípios ativos das plantas.

Entretanto, o principal modo de fabricação dos medicamentos é a síntese dessas substâncias em laboratório. Um exemplo é a síntese da vitamina C, que, em vez de ser extraída de plantas que a produzem naturalmente, é produzida de modo artificial na indústria para o uso em suplementos de vitaminas.

Nas últimas décadas, o desenvolvimento tecnológico permitiu o crescimento da indústria farmacêutica, em razão do aumento da capacidade de manipular substâncias e fórmulas para a criação de novos fármacos. Para que estes cheguem às farmácias como medicamentos, são necessários anos de pesquisas para testar os modos de ação dos princípios ativos no organismo de animais e de seres humanos, além de avaliar a sua capacidade de tratar determinada doença. É muito importante que haja grande cuidado ético nessas pesquisas, tanto para preservar o bem-estar dos animais utilizados, quanto para não causar danos à saúde das pessoas que participam delas. Por isso, as indústrias farmacêuticas são submetidas à fiscalização por órgãos, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entidade ligada ao Ministério da Saúde e responsável pelo controle da produção e comercialização dos medicamentos permitidos no Brasil.

Foto com vários remédios.
Remédio é um termo popular que nem sempre corresponde a um medicamento. Um “remédio” se refere a qualquer cuidado cujo objetivo é curar ou aliviar mal-estar, sintomas e doenças. Já medicamento é o produto farmacêutico produzido para diagnosticar, prevenir e curar doenças ou aliviar seus sintomas. Um medicamento deve passar por rigoroso controle técnico definido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele deve ter certo efeito causado pela ação de uma ou mais substâncias ativas com propriedades terapêuticas reconhecidas cientificamente. Para ser comercializado, um medicamento passa por um longo processo de pesquisas, testes e controles até ser aprovado.

Existem importantes questões socioeconômicas relacionadas à produção e ao uso de medicamentos. Uma delas diz respeito à lucratividade das indústrias farmacêuticas e ao direcionamento dos investimentos em pesquisas. Como alguns medicamentos geram mais lucros do que outros, os investi- mentos na pesquisa e no desenvolvimento de medicamentos muitas vezes são menos influenciados pela quantidade de pessoas que podem ser beneficiadas por eles, sendo mais relacionados à lucratividade da venda desses medicamentos. Por exemplo, as chamadas doenças tropicais, que atingem uma parcela da humanidade com menor poder de compra de medicamentos, recebem investimentos muito menores do que o setor de cosméticos ou medicamentos como os analgésicos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma das doenças tropicais mais importantes é a malária, que atinge anualmente mais de 200 milhões de pessoas, com 88% dos casos restritos à África em 2015.

Outra questão socioeconômica importante é que muitos medicamentos desenvolvidos pela indústria farmacêutica fazem uso dos conhecimentos das populações tradicionais, que não têm o devido benefício em troca, continuando em situação de abandono e falta de acesso a condições mínimas de qualidade de vida e saúde.

A população idosa é uma das mais afetadas pelos impactos socioeconômicos da produção de medicamentos, já que diversas doenças tendem a surgir com o passar dos anos. É comum que os idosos tomem diversos medicamentos diariamente para combater essas doenças e que sintam os efeitos colaterais causados por outros medicamentos.

O descarte de medicamentos vencidos, quando ocorre de maneira inadequada, tem sido outro problema socioambiental importante, pois pode causar a contaminação do solo e da água ao parar em lixões, destino dos resíduos de grande parte das cidades brasileiras. O descarte correto pode ser feito nas próprias farmácias, que têm depósitos para a coleta e posterior destinação adequada desses produtos.

Medicamento genérico

O medicamento genérico é um remédio que pode substituir um produto de marca. Ele deve ter o mesmo princípio ativo, composição idêntica (em quantidade e qualidade), deve ser absorvido pelo organismo em igual quantidade e na mesma velocidade, resultando nas mesmas características e efeitos sobre o organismo da pessoa. Para comprovar essas características, ele deve ser submetido aos testes de bioequivalência, exigidos pelo Ministério da Saúde.

O nome do medicamento genérico corresponde exatamente ao nome do princípio ativo, que é o componente químico básico do remédio. Exemplo: aspirina (nome comercial).