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Coréia do Sul

Uma zona desmilitarizada separa a Coreia do Norte da República da Coreia, cujo território ocupa cerca de 45% da península do mesmo nome.

A República da Coreia, também chamada Coreia do Sul, situa-se na parte meridional da península, numa posição estratégica entre a China e o Japão. Ocupa uma superfície de 99.237km2.

Geografia física

O litoral leste, banhado pelo mar do leste (mar do Japão), é relativamente uniforme, enquanto a costa do mar Amarelo, no oeste e no sul, tem contorno acidentado. Em suas muitas ilhas e baías, concentra-se uma intensa atividade portuária. O país é quase todo montanhoso, mas dispõe de algumas estreitas faixas litorâneas. O principal maciço é o dos montes Taebaek, no leste do país, cujas montanhas chegam até o mar da China. As altitudes não vão muito além de 1.700m e o ponto culminante é o monte Halla, na ilha de Cheju, com 1.950m.

Devido a influências continentais, o clima da Coreia do Sul é desigual, com invernos muito frios e verões quentes. Essas oscilações são mais acentuadas no norte e no centro que no sul do país. Nessa última região, a temperatura em janeiro não cai abaixo de 0o C, enquanto em junho atinge 25o C. Assim, na cidade de Pusan, a média é de 2o C em janeiro e de 25o C em agosto. Já em Seul, que fica no norte do país, a temperatura desce abaixo de -5o C no inverno e alcança 25o C no verão. As precipitações anuais variam de 1.000 a 1.400mm e o sudeste é a zona mais seca da Coreia. A maior parte das chuvas ocorre com as monções no verão, quando também é comum a costa sul ser açoitada por tufões.

Bandeira da Coreia do Sul

Os principais rios do país nascem no maciço de Taebaek. São eles o Han, o Kum e o Naktong, que, em geral, correm paralelos às cadeias montanhosas, rumo ao sul. Esses rios formam planícies extensas e cultiváveis.

Os verões quentes favorecem a formação de grandes bosques de coníferas, que, apesar da intensa exploração madeireira ao longo dos séculos, ainda cobrem dois terços do país. As espécies animais da Coreia são as mesmas encontradas no norte da China e na vizinha Manchúria: tigres, leopardos, linces e ursos, mas se acham todos ameaçados de extinção.

População

A Coreia do Sul é um dos países mais densamente povoados da Ásia. Tradicionalmente, os coreanos eram camponeses, mas desde 1960 a urbanização vem provocando o êxodo rural. Mesmo assim, a agricultura é a atividade de maior importância econômica. Nos vales fluviais e nas planícies litorâneas são cultivados arroz, cevada, trigo, soja e milho.

O rápido processo de urbanização sul-coreano também modificou a paisagem das grandes cidades do país na segunda metade do século XX. Seul e Pusan passaram a ostentar arranha-céus com mais de vinte andares. O abastecimento de água e energia e os transportes urbanos progrediram em ritmo acelerado. Além disso, a partir de 1960, as taxas de natalidade e de óbito caíram bastante, o que demonstrou o esforço do país para reduzir o crescimento demográfico. Essa relativa estabilidade só foi atingida depois da primeira metade do século XX, quando a população coreana enfrentou grandes convulsões. Em 1945, cerca de dois milhões de coreanos tinham emigrado para a Manchúria e a Sibéria, e durante a guerra da Coreia outros tantos migraram do norte para o sul. Na segunda metade do século XX, mais de metade dos habitantes do país se concentrou nas principais zonas urbanas, como Seul e Pusan.

Economia

A economia sul-coreana cresceu bastante desde 1950, graças à mineração, atividade que mais recebeu apoio do governo, e à exportação de produtos industriais. Em 1962, o governo passou a incentivar também as refinarias de petróleo e as indústrias de fertilizantes. A indústria pesada e a química contribuem com um terço da produção nacional, porém a têxtil, de grande tradição no país, é a que mais produz e cria empregos.

O sistema de transportes da Coreia do Sul progrediu muito desde a constituição do país, embora nas zonas rurais os produtos agrícolas ainda sejam transportados em carros de boi. Abriram-se grandes rodovias, pelas quais são transportadas noventa por cento dos passageiros e sessenta por cento da carga. Uma companhia de aviação une as principais cidades do país e atinge o mundo inteiro. O aeroporto mais importante é o de Kempo, em Seul.

História

(Para o período anterior a 1948, ver o verbete Coreia, história da.) Em 1948, realizaram-se eleições na Coreia do Sul que levaram Syngman Rhee à presidência da nova república, proclamada em 15 de agosto do mesmo ano. Foi esta a primeira república sul-coreana, que representou 12 anos de governo autoritário. Em 1950, a invasão do país pelas tropas norte-coreanas provocou a guerra da Coreia, que só terminou com o armistício de 27 de julho de 1953 e destruiu 43% do parque industrial sul-coreano.

A China exigia que todas as tropas estrangeiras abandonassem a península, mas os Estados Unidos não concordavam com a retirada das forças das Nações Unidas. Os países socialistas propunham o restabelecimento do paralelo 38 como fronteira entre as duas Coreias, enquanto os Estados Unidos queriam fixá-la nas últimas linhas da frente de combate. Um outro problema era o dos prisioneiros de guerra, muitos dos quais não queriam voltar a seus países de origem, que reclamavam seu retorno. Depois de difíceis negociações, concordou-se em fixar a fronteira entre as Coreias na linha de batalha, e as Nações Unidas se encarregaram do problema dos repatriados.

Em 1954, Rhee conseguiu que a Assembleia Nacional o nomeasse presidente vitalício. Em março de 1960, o descontentamento geral obrigou-o a renunciar e ele se refugiou no Havaí.

A segunda república durou apenas nove meses. Nesse período, o Parlamento se fortaleceu, em contraste com o forte presidencialismo do anterior. Um golpe militar derrubou o governo em 16 de maio de 1961. A junta que assumiu o poder dissolveu a Assembleia e proibiu todas as atividades políticas, impôs a lei marcial e criou um Conselho Supremo de Reconstrução Nacional, presidido pelo general Park Chung-Hee. Em novembro do ano seguinte, reformas constitucionais deram mais poder ao presidente e enfraqueceram a Assembleia. As mudanças na constituição foram aprovadas por plebiscito em dezembro de 1962.

Em março de 1963, Park quis prolongar o governo militar por quatro anos, mas encontrou grande resistência civil e teve de marcar eleições para o fim do ano. O próprio Park concorreu como candidato à presidência pelo Partido Democrático Republicano. As eleições que deram origem à terceira república foram realizadas em 15 de outubro de 1963. Park venceu por pequena margem, obtendo também maioria no Parlamento.

Em outubro de 1969, após graves distúrbios, Park recorreu a um plebiscito para se reeleger para um terceiro mandato quadrienal. Acabou derrotando a oposição do Novo Partido Democrata, de Kim Dae-jung, embora esse grupo tivesse ampliado sua representação no Parlamento. Em dezembro de 1971, Park declarou estado de emergência nacional, em outubro do ano seguinte dissolveu a Assembleia e suspendeu a constituição. Em dezembro de 1972, implantou-se um novo regime constitucional que previa a reeleição indefinida dos presidentes para mandatos de seis anos.

Park adotou um novo sistema político, conhecido como “Yushin”, isto é, revitalização e reforma. Instaurou-se uma Conferência Nacional para a Unificação, organização baseada na “vontade coletiva do povo”, cujo fim era “obter a unificação pacífica da pátria”. A Conferência reunia entre dois mil e cinco mil membros eleitos por um período de seis anos, tendo como presidente o próprio Park. Este organismo também elegia dois terços da Assembleia Nacional e aprovava as emendas constitucionais propostas por esta. Em dezembro de 1978, Park foi reeleito segundo o novo sistema.

Na gestão de Park, a Coreia do Sul logrou um impressionante crescimento econômico, sobretudo durante o terceiro plano quinquenal, entre 1972 e 1976, quando o produto interno bruto cresceu 11,2% por ano. O volume de exportações sul-coreanas chegou a dobrar e a indústria de construção obteve contratos no exterior. Esses resultados se deveram a uma política de diversificação da produção industrial e de modificações nas estruturas econômicas nacionais. Além disso, adotou-se uma política de distribuição de renda que garantiu a ordem social.

Park foi assassinado, segundo a versão oficial, em 26 de outubro de 1979, por Kim Jae-Kyu, diretor da Agência Central de Inteligência da Coreia. Cinco guardas do presidente também foram mortos nesse incidente, que não ficou esclarecido. Pela primeira vez na história do país um governante foi eliminado nessas circunstâncias.

Depois da morte de Park, o primeiro-ministro Choi Kiu-han assumiu a presidência provisória e em dezembro foi efetivado no cargo. No princípio, tudo indicava que o novo presidente iria liberalizar a vida política do país. Todavia, o poder logo voltou às mãos dos militares, que em maio de 1980 proibiram as atividades políticas, ampliaram a lei marcial e suprimiram os focos de resistência civil, como as universidades, que foram fechadas.

Após um período de desordens, em 27 de agosto de 1980 foi eleito presidente provisório o general Chun Doo Hwan, que prometeu anular a constituição Yushin. Em 27 de outubro daquele ano, inaugurou-se a quinta república. A nova constituição limitou os poderes presidenciais em favor da Assembleia e o mandato presidencial ficou reduzido a um único período de sete anos. Chun foi eleito presidente em fevereiro de 1981.

O Partido Democrático da Justiça, apoiado pelo presidente, tornou-se majoritário na Assembleia Nacional, ficando na oposição os partidos Democrático e o Socialista Democrático. O enfraquecimento da economia e a corrupção política provocaram uma reforma no governo em 1982. Ao mesmo tempo, as relações com a Coreia do Norte, que haviam melhorado temporariamente com Chun, passaram por uma fase conturbada. Em 1983, diversos diplomatas sul-coreanos morreram em um atentado em Rangum, na Birmânia (atual Myanmar), e um avião civil do país foi abatido por mísseis soviéticos. Em 1987, pressões internas e externas obrigaram o presidente a submeter a plebiscito um projeto de lei que democratizava a vida política nacional. Nesse mesmo ano, foram realizadas eleições presidenciais, com a vitória do candidato do partido oficial, Roh Tae Woo, que assumiu o poder em 1988, ano em que Seul foi sede dos jogos olímpicos.

Sociedade e cultura

A maioria das crianças coreanas passa seis anos na escola primária, de frequência obrigatória. Quase todas seguem algum curso secundário e cerca da metade chega a uma carreira de nível superior. Existem na Coreia do Sul mais de oitenta estabelecimentos de ensino superior. Os serviços de saúde multiplicaram-se depois da guerra da Coreia, mas ainda são insuficientes para atender toda a população. Esse problema agravou-se em virtude do êxodo contínuo de médicos para o exterior. As organizações assistenciais dedicam-se sobretudo a veteranos de guerra, idosos e indigentes.

O nível de vida da população melhorou gradualmente desde a década de 1950, e a renda média per capita multiplicou-se por sete entre 1968 e 1979. A expectativa de vida, que em 1950 era de 53 anos, subiu para 66 em 1980. Entretanto, as diferenças entre a população rural e a urbana continuaram grandes.

Na Coreia do Sul convivem duas religiões tradicionais, o budismo e o confucionismo. Restam também vestígios do xamanismo autóctone do país. Dá-se ainda uma curiosa circunstância: as mulheres geralmente optam pelo budismo, enquanto os homens — mesmo dentro de uma mesma família — preferem a ética confucionista.

A vida cultural está ligada às raízes chinesas, embora, como sempre ocorreu na história do país, conserve suas características peculiares. O budismo, a filosofia de Confúcio e o xamanismo continuam a ser a base da produção cultural sul-coreana. O Museu Nacional, que tem unidades em diversas cidades do país, possui uma vasta coleção de objetos artísticos de todo o tipo, entre os quais incluem-se pinturas, cerâmicas, manuscritos, estátuas e telas, muitos deles tesouros nacionais.

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