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Afeganistão

Afeganistão, estado asiático limitado ao norte pelo Turcomenistão, Uzbequistão e Tadjiquistão, a leste pela China, pelos estados hindus de Jammu e Kashmir e pelo Paquistão, ao sul pelo Paquistão e a oeste pelo Irã. Tem 647.497 km2. A capital é Cabul.

TERRITÓRIO E RECURSOS

O Afeganistão é um país montanhoso. O principal sistema montanhoso é o Hindu Kush com uma altitude média de 4.270 m e picos de 7.620 m. Os principais rios são o Amu Darya, Kabul e Helmand. Os dois últimos desembocam em lagos e pântanos. As condições climáticas mostram grandes variações de acordo com o dia e a estação. A precipitação média anual é de 305mm. As florestas de cedro, pinho e outras coníferas encontram-se entre 1.830 e 3.660 m de altitude. Nas altitudes médias, encontram-se arbustos e árvores, tais como a aveleira e a pistácia. Nas altitudes abaixo dos 900 m, a vegetação é bastante escassa. A fauna mais característica é constituída pelo dromedário e o camelo. As ovelhas caracul são famosas por sua pele.

POPULAÇÃO E GOVERNO

A população afegã, predominantemente rural, está estruturada em tribos e clãs. Divide-se em quatro grandes grupos étnicos: os páthans (50% da população), os tadjiques (25%), os uzbeques (9%) e os hazaras (9%). Segundo dados de 1993, a população é de 21.970.000 habitantes, dentre os quais 2.500.000 são nômades. A densidade demográfica é de 24 hab/km2. De acordo com dados de 1988, a capital, Kabul, tem uma população de 1.424.400 habitantes. Outras cidades são Kandahar e Herat. Mais de 90% dos habitantes são muçulmanos, da ramificação sunita. O restante, especialmente os hazaras, são xiitas. Pushtu e persa (dari) são as línguas oficiais. Dos muitos dialetos falados, o uzbeque turco, o turcomeno e o quirguiz são os mais comuns. O Afeganistão foi uma monarquia até 1973, quando foi proclamada a república. A Constituição de 1977 declarava um Estado unipartidário e o Islã como a religião oficial. Depois da queda do regime comunista, em 1992, tomou o poder um conselho provisório.

ECONOMIA

O Afeganistão é um dos países mais pobres do mundo, com um renda per capita de 220 dólares. Aproximadamente 80% da população dedica-se à agricultura e à criação de gado. Os cultivos principais são os cereais, o tabaco, o algodão e a beterraba. Da criação de ovelhas obtém-se grandes quantidades de carne, gorduras, lã e peles para exportação. As reservas minerais não são plenamente exploradas. O minério de ferro, o enxofre, o cromo, o zinco e o urânio ainda não foram explorados. Destacam-se as reservas de gás. A produção industrial cresceu entre 1960 e 1980. A maioria das indústrias é têxtil, destacando-se a confecção artesanal de tapetes. A unidade monetária é o afegani. Todos os bancos privados no Afeganistão foram nacionalizados em 1975.

HISTÓRIA

No século VI a.C., o Afeganistão formou parte do Império persa dos Aquemênidas, que foi dominado por volta de 330 a.C. por Alexandre III o Grande. Nos séculos III e IV, os sassânidas persas invadiram o país. Os hunos brancos tinham o controle do Afeganistão quando os árabes conquistaram a região em meados do século VIII. O islã tornou-se a religião dominante e o controle político árabe foi substituído pelo domínio iraniano e turco no século X e no início do século XI. Foram vencidos por Gengis Khan por volta de 1220 e o país ficou sob o domínio mongol até o século XIV, quando um outro invasor mongol, Tamerlão, apoderou-se do norte do Afeganistão. No século XVI, os safâvidas do Irã e os uzbeques do norte fizeram expedições pela região.

Mapa Afeganistão

Os iranianos e os mongóis sufocaram as contínuas rebeliões dos afegãos. Durante todo o século XVII e parte do século XIX, os afegãos autóctones começaram a ampliar seu poder e chegaram a conquistar o leste do Irã, o Baluquistão, Kashmir e parte do Punjab. O emirado desintegrou-se em 1818. Houve depois um período de anarquia. Dost Muhammad, membro de uma notável família afegã, tomou o controle do leste do Afeganistão, recebendo em 1835 o título de emir. Em 1838, o exército anglo-indiano invadiu o Afeganistão, desencadeando a Primeira Guerra Afegã (1838-1842).

Os invasores capturaram as principais cidades. Em 1841, um filho de Dost Muhammad chefiou com êxito uma rebelião e, em dezembro de 1842, os britânicos abandonaram o país. Dost Muhammad recuperou o seu trono. A luta entre os filhos do emir provocou agitações no país durante mais de uma década. Em 1878, as forças anglo-indianas invadiram novamente o Afeganistão. Depois dessa Segunda Guerra Afegã (1878-1879), Abd-ar-Rahman, neto de Dost Muhammad, instalou-se no trono e confirmou a cessão aos britânicos do Passo de Khyber e de outros territórios afegãos. As controvérsias fronteiriças foram resolvidas com a Índia e a Rússia, criou-se um exército permanente e estabeleceram-se limites ao poder dos diferentes chefes tribais.

O emir foi assassinado e o seu sucessor, Amanullah Khan, declarou guerra à Grã-Bretanha em 1919. A Grã-Bretanha reconheceu o Afeganistão como Estado soberano e independente. Amanullah Khan mudou o seu título de emir para rei. Em 1923, instaurou-se um regime constitucional. Os títulos de nobreza foram abolidos. Decretou-se a educação para as mulheres e foram aprovadas outras medidas de modernização. Essas reformas provocaram a rebelião de 1929, que forçou Amanullah a abdicar. O seu tio, Nadir Shah, apoiado por membros das tribos, derrotou os rebeldes e tomou o poder.

O novo soberano restaurou a ordem no reino, mas foi assassinado em 1933. Durante o reinado de Zahir Shah, filho de Nadir, o programa de modernização foi intensificado. Em 1946, o Afeganistão passou a fazer parte da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1965, o rei promulgou uma nova constituição com alguns princípios liberais. O Afeganistão passou por grandes dificuldades econômicas no fim da década de 1960. Em 1973, o rei Zahir Shah foi derrubado e proclamou-se a República do Afeganistão. Uma nova constituição foi aprovada no início de 1977. Em 1978, produziu-se um violento golpe de Estado e os novos governantes, organizados em um Conselho Revolucionário, suspenderam a constituição e iniciaram um programa de socialismo científico, provocando a resistência armada dos muçulmanos. Como a rebelião não pôde ser contida, os soviéticos ocuparam o Afeganistão em 1979.

Mais de 3 milhões de pessoas refugiaram-se no vizinho Paquistão. Ao longo da década de 80, as forças governamentais e os soldados soviéticos não conseguiram derrotar os rebeldes. Entre 1988 e 1989, a URSS retirou todas as tropas, mas a guerra civil continuou. Em 1992, os rebeldes tomaram Kabul. As facções rivais concordaram em formar um conselho provisório para governar o Afeganistão. Em 1993, as lideranças das facções da guerrilha, de comum acordo, tentaram estabelecer uma constituição provisória, como prelúdio para as eleições de 1994. Porém, nesse ano, as lutas começaram em Kabul entre tropas leais ao presidente Rabbani e os simpatizantes do primeiro ministro, líder da facção militar fundamentalista xiita.

Em 1994, a luta se estendeu a outras partes do Afeganistão. A divisão entre os rebeldes permitiu o crescimento do Taliban, um grupo fundamentalista pertencente ao ramo sunita do islamismo, que foi financiado pelo Paquistão. Em 1996, uma forte ofensiva das milícias Talibans lhes permitiu conquistar Kabul e controlar quase 70 por cento do território afegão. Essa nova realidade forçou a unificação dos restantes grupos afegãos, que inicialmente conseguiram algumas vitórias sobre o Taliban.

Mas depois da conquista de Mazari-Sharif, em 1998, o controle total do território por parte dos fundamentalistas parece muito próximo. Seu governo tem se caracterizado por uma aplicação rígida da lei islâmica, que inclui os açoites em praça pública para os que consumam álcool, a amputação de membros para os culpados de roubo e uma rígida segregação das mulheres. Ao mesmo tempo, as relações dos Talibans com o vizinho Irã se deterioraram devido à execução de sete cidadãos iranianos, durante a conquista de Mazar-i-Sharif, o que levou o governo dos aiatolás a concentrar cerca de 70 mil soldados sobre a fronteira afegã. Os problemas diplomáticos são agravados pela rivalidade religiosa, uma vez que os xiitas iranianos veem com preocupação o avanço dos radicais sunitas do Taliban.

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