Geografia

Teoria do Sistema-mundo

O sistema-mundo é uma teoria desenvolvida pelo sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein, ainda durante a década de 1970. O objetivo dessa teoria era compreender as bases da desigualdade entre as economias mundiais, sustentado pela divisão internacional do trabalho, processos de produção industrial centrais e periférios, comércio exterior, detentores do capital e organização do trabalho.

Entre as décadas de 1940 e 1960, antigas colônias ao redor da Ásia e da África assistiram a revoluções e insurgências que resultaram finalmente na proclamação de independência e na criação de diversos novos Estados soberanos no mundo.

A evidente desvantagem desses novos países frente a nações desenvolvidas e estabelecidas havia séculos, senão milênios, deu origem a uma série de análises sócio-econômicas, entre elas o estudo de Wallerstein.

A distinção da análise do sistema-mundo está no fato de que o estudo não privilegiou o aspecto político, mas sim as relações de trabalho e produção, e seu posicionamento em relação ao contexto global nesse sentido.

Classificação do sistema-mundo

Os países na teoria do sistema-mundo são separados e classificados conforme a função que desempenham dentro do sistema capitalista global. A teoria de Wallerstein considera três diferentes tipos de países:

  • Centrais
  • Periféricos
  • Semiperiféricos
Mapa com a divisão dos países de acordo com o sistema-mundo.
Países centrais e periféricos

Países centrais

Os países centrais possuem necessariamente indicadores socioeconômicos elevados e destacados. A indústria concentra-se na produção de bens de alto valor agregado ou avançada tecnologia. A mão-de-obra é de alto nível e de enorme grau de especialização.

Esses mesmos países, em geral, abrigam as sedes de multinacionais, bancos mais poderosos e bolsas de valores de referência mundial. São países influentes no contexto global e com capacidade para ampliar o seu domínio econômico para muito além de suas fronteiras.

Os pólos, em consolidação na época de Wallerstein e ainda vigorosos hoje, consistiam nos Estados Unidos, no eixo americano, na Alemanha, dentro do bloco europeu, e finalmente do Japão, na Ásia. Hoje em dia, Wallerstein ainda teria de incluir os três países em seu estudo, porém em lugar da Alemanha é provável que incluísse toda a Zona do Euro, e além de Japão, certamente adicionaria a China, e talvez a Coreia do Sul à sua classificação de “central”.

Países periféricos

São países que têm economia apoiada na produção primária. A mão-de-obra é barata e de pouca especialização. O enorme contingente de trabalhadores constitui uma classe pobre ou pouco privilegiada e possui a maioria absoluta em termos populacionais. A concentração de renda é elevada e os indicadores socioeconômicos baixos. São países jovens, ou relativamente jovens, que sofrem das mazelas de anos sob o jugo da colonização, além de alvos “colaterais” das disputas durante a Guerra Fria.

Suas economias, ainda dentro da esfera de influência das antigas metrópoles, são frágeis e dependentes. Possuem, em geral, uma forte dependência das exportações, em geral de poucos produtos – sobretudo commodities agropecuárias ou minerais.

Entre os Estados periféricos, destacam-se grande parte dos países da América Latina, da África Subsaariana e alguns países asiáticos, como Bangladesh, Nepal, Iêmen e Camboja.

Países emergentes

Os países emergentes, que também eram chamados semiperiféricos ou em desenvolvimento na época de Wallerstein, estão em um nível intermediário entre os periféricos e centrais. Seus indicadores são medianos e, na maioria dos casos, apresentaram melhoria nos anos anteriores. A desvantagem contudo, em relação aos países centrais, ainda é grande. Em termos da divisão do trabalho, possuem uma indústria em desenvolvimento, porém com pouca variedade e tecnologia menos avançada. Muitos produzem bens intermediários que serão consumidos nas economias centrais.

Empresas de ponta, por vezes, estão instaladas nesses países. As matrizes mantêm-se nos países centrais e sobretudo contam com plantas industriais e unidades cujo intuito é a busca de mão-de-obra barata e vantagens fiscais.

São países com bom controle das políticas internas, porém com pouca influência global. Em geral, possuem alguma influência regional, sobretudo em relação aos países periféricos. Nesse grupo podemos destacar Brasil, México, Índia, Cingapura, Coreia do Sul, Argentina, Turquia, Indonésia e Taiwan.

Por: Carlos Artur Matos

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