Biografia
Ludwig van Beethoven nasceu em 1770, em Bonn (Alemanha). Não teve uma vida familiar acolhedora.
Aos 14 anos, foi nomeado organista na corte do príncipe-eleitor de Colônia. Em 1787, foi enviado a Viena para estudar com Mozart, mas uma doença de sua mãe obrigou-o a regressar a sua cidade natal.
Em 1792, realizou nova viagem a Viena, cidade em que fixou residência. Foi aluno de Haydn e Salieri, entre outros. Sua experiência como pianista permitiu-lhe relacionar-se com a nobreza vienense, entre a qual adquiriu prestígio.
Aos 26 anos, percebeu os primeiros sintomas de surdez, enfermidade que foi aumentando, levando-o, nos últimos anos de vida, a fechar-se em si mesmo e em sua música.
Influenciado pelas ideias da Revolução Francesa, considerou-se republicano e democrata.
Faleceu em Viena em 26 de março de 1827, depois de ter pronunciado a famosa frase: “Plaudite, amici, comoedio finita est” (Aplaudi, amigos, é finda a comédia).
O filme O segredo de Beethoven (2006), da cineasta polonesa Agnieszka Holland (1948), conta, com certa liberdade artística, os últimos anos de vida do compositor.
Características de Beethoven e sua obra
Beethoven foi quem transformou as formas musicais do Classicismo, abrindo caminho para a expressão e o pensamento românticos.
Sua obra inaugurou a música do século XIX, rompeu com o equilibrado período anterior e impôs um tipo de expressão mais livre e enérgica. Revolucionou o próprio sentido da música e levou-a pela primeira vez a todo o povo, não só a um auditório minoritário ou seleto.
Ainda menino, compôs suas primeiras obras. Com sua música, expressou as profundas vivências que se abrigavam em sua alma atormentada por amores fracassados e tristes experiências marcadas pela dor, pobreza e doença. Suas obras fundem a sublime perfeição formal com a profunda expressão dos sentimentos.
Beethoven passava anos amadurecendo uma ideia até dar-se por satisfeito, ele anotava suas ideias em um livreto que levava constantemente consigo. A evolução de muitas de suas obras pode ser seguida nas correções de suas cadernetas, em que às vezes aparecem até dez tiras de papel coladas sobre uma passagem.
Na sua música, projeta-se a si mesmo e à vida que o rodeia. Isso porque, como disse Wagner, “Beethoven não é um músico, ele é a própria música”. As principais características da música de Beethoven são:
- Expressão de profundos sentimentos subjetivos.
- Estilo harmônico, sendo raro o uso do contraponto.
- Apogeu das formas musicais existentes.
- Sobriedade das linhas melódicas.
- Grande capacidade para o desenvolvimento temático.
- Inclusão de novos instrumentos na orquestra clássica, como o trombone, o flautim e o contrafagote, e ampliação da percussão.
- Aperfeiçoamento da técnica do piano. Beethoven foi um grande virtuose desse instrumento.
Períodos na produção musical de Beethoven
A Produção musical de Beethoven é dividida nos seguintes períodos:
Primeiro: final do Classicismo (1794-1800)
Sob influência de Haydn e Mozart, escreveu a Primeira e a Segunda sinfonias (1800 e 1802), os seis primeiros Quartetos (1800) e as dez primeiras Sonatas para piano, entre as que se destaca a Patética (1798), de profundo senso dramático.
Segundo: a transição (1800-1815)
Nesse período, as obras musicais de Beethoven já manifestam características românticas. Compôs a Terceira sinfonia (“Heróica”), em 1803, dedicada inicialmente a Napoleão Bonaparte (mais tarde ele rasgaria a dedicatória); a Quinta (1808), a Sexta (“Pastoral“), também em 1808, em que evidencia o triunfo da natureza; e a Sétima (1812), que é um canto à liberdade. Também, a Sonata 28 (1816), o Concerto “Imperador” para piano (1809), a ópera Fidelio (1805), em que canta a liberdade diante da tirania, e os Quartetos, até o número 11.
Terceiro: integração ao Romantismo (1815-1827)
Compôs sua obra-prima, a Nona sinfonia (1824), em que, no quarto movimento, introduziu a voz humana cantando a “Ode à alegria” de Schiller, um canto de amor à humanidade, um grito de fraternidade que sublima a dor e se transforma em alegria e esperança. Também nesse período escreveu sua Missa solene (1823), as Sonatas 28 a 32 (1818-1822) e os últimos Quartetos (1825-26), considerados obra capital da música para cordas, nos quais rompe a forma clássica dos quatro movimentos.
Obra musical de Beethoven
Música orquestral:
- 9 sinfonias.
- 5 concertos para piano e orquestra.
- um concerto para violino e orquestra.
- um concerto triplo (piano, violino e violoncelo).
Música de câmara:
- 12 sonatas para violino e piano.
- 5 sonatas para violoncelo e piano.
- uma sonata para trompa e piano.
- 6 trios (piano, violino e violoncelo).
- um trio para clarinete, violoncelo e piano.
- 3 quartetos (piano, viola, violino e violoncelo).
- um quinteto (piano, oboé, clarinete, trompa e fagote).
- 5 trios de cordas.
- 17 quartetos de cordas.
- 3 quintetos de cordas.
- 2 trios para outras formações.
- um sexteto, um septeto e um octeto.
Obras para piano:
- 32 sonatas.
Opera (ou similares):
- uma ópera.
- música de cena.
- balés.
Variações, bagatelas e lieder. Obras religiosas (cantatas e missas)
A música após Beethoven
A partir de Beethoven, os grandes compositores deixaram para sempre de ser artesãos a serviço de um patrão nobre, compondo suas obras para serem ouvidas uma vez, ou duas no máximo, em alguma ocasião especial, para converter-se definitivamente em artistas, ou seja, profissionais cujas obras eram publicadas e vendidas no mercado, que escreviam para um público universal, para a posteridade, sem seguir as ordens de um patrão que o tivesse a seu serviço.
Por isso, diante das cem sinfonias de Haydn e das cinquenta de Mozart, Beethoven escreveu apenas nove em toda sua vida, porque para ele cada obra era única – ele sentia que tinha de amadurecê-la e corrigi-la o tempo que fosse necessário, mesmo que durante anos, até estar plenamente satisfeito.
Por: Paulo Magno da Costa Torres
