Evolução

Epigenética

A epigenética estuda os mecanismos de controle da expressão gênica do genoma transmitidas aos descendentes sem que haja alteração da sequência de nucleotídeos do DNA.

Essas modificações não genéticas dependem de mudanças químicas na cromatina e em suas proteínas estruturais. O conjunto de genes e de fatores de regulação da expressão gênica, como compactação e descompactação da cromatina, ou o silenciamento por me­tilação de bases (adição de um grupo metil à base nitrogenada), de determinado indivíduo, é chamado epigenoma.

Conforme um embrião se desenvolve, seus genes são ativados e/ou silenciados por meio de inúmeros mecanismos, que dependem da influência de sinais internos ou externos à célula e que ocorrem em diferentes momentos do desenvolvimento. Esses sinais podem ser nutrientes, hormônios ou outras substâncias.

O padrão epigenético de regulação gênica nas células de um indivíduo, inclusive nos gametas, pode ser passado para seus descendentes. Por isso, em organismos multicelulares, a herança epigenética é considerada transgeracio­nal (de uma geração a outra).

Essa herança fornece outra dimensão de análise de processos evolutivos: alterações do genoma costumam ser lentas, mas, em contrapartida, as do epigenoma podem ser rápidas e responder em curto prazo aos sinais ambientais. Assim, a herança epigenética resulta em ajuste contínuo da expressão dos genes face à influência ambiental, sem que ocorra alteração da sequência de bases nitrogenadas do DNA.

O estudo da herança epigenética ajuda a explicar a diferença entre gêmeos monozigóticos (idênticos), uma vez que, mesmo compartilhando o mesmo genoma, os gêmeos desenvolvem características diferentes entre eles, tanto físicas como emocionais e afetivas, ou seja, a diferença entre gêmeos monozigóticos pode estar no epigenoma (que sofre influência do ambiente).

Como há mudanças hereditárias na atividade gênica que não podem ser explicadas pela genética mendeliana, a epigenética aproxima-se, de certo modo, das ideias sob o rótulo “lamarckismo”, uma vez que há transmissão de características adquiridas.

Embora o lamarckismo não possa ser simplesmente reduzido a herança de caracteres adquiridos, essa aproximação pode ser considerada válida. É importante lembrar que Darwin usava a ideia de pangê­nese para explicar a herança de caracteres adquiridos ou não.

A pangênese sustentava a ideia de que o organismo produzia partículas, as gêmulas, que eram direcionadas às células reprodutivas e que, portanto, na reprodução sexuada, havia mistura das características de cada genitor.

Do mesmo modo, acreditava-se que as modificações sofridas pelo organismo durante a vida causavam alterações nas gêmulas e, consequentemente, poderiam ser transmitidas para as gerações seguintes.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

Veja também: