A vida da criança até os 3 anos é uma sucessão vertiginosa de mudanças: um ser indefeso e frágil toma-se uma criança com grande capacidade de comunicação.
O recém-nascido
Na espécie humana, os recém-nascidos são muito frágeis e absolutamente dependentes de seus pais. Carecem de controle muscular e normalmente nascem com uma série de peculiaridades determinadas pelo próprio processo do parto: cor rosada, forma alargada da cabeça, excesso de pelo corporal (no caso de prematuros) etc.
Quando nascem, os bebês medem cerca de 50 cm e têm em tomo de 3 kg; são considerados normais os bebês que apresentam entre 2,5 e 4 kg. A quantidade de cabelo que apresentam é muito variável. Os olhos são quase sempre azulados, uma vez que ainda não se formou o pigmento definitivo da íris. O choro é o primeiro som do recém-nascido e é a prova de que está utilizando seus pulmões para obter gás oxigênio, em vez de recebê-lo através do cordão umbilical. Os lactantes choram com frequência – é a única forma que têm de se comunicar durante as primeiras semanas de vida.
Seus ossos não estão completamente enrijecidos. Sua cabeça é muito frágil e apresenta fontanelas, isto é, depressões ou espaços ainda não ossificados que podem ser notados entre os ossos do crânio; as fontanelas permitem o movimento dos ossos durante o parto e facilitam o desenvolvimento do cérebro. Há seis fontanelas no ser humano, facilmente detectadas pelo tato e que vão se fechando pouco a pouco até que os ossos craniais fiquem firmemente unidos, proporcionando uma caixa protetora rígida para o encéfalo.
O recém-nascido urina com muita frequência. Apresenta movimento dos músculos intestinais e elimina o mecônio, uma massa de resíduos com cor negro-esverdeada, gerada no fígado e transferida para a vesícula biliar. Com o tempo e a alimentação, as fezes do bebê vão apresentando mudanças de cor.
A alimentação do bebê
Durante os seis primeiros meses, o leite é o único alimento necessário para o bebê. O leite materno tem consideráveis vantagens para a criança.
Imediatamente depois do parto, o primeiro líquido produzido nas mamas é o colostro; é claro, rico em proteínas e anticorpos. O leite surge entre o segundo e o quinto dia depois do nascimento do bebê. É um alimento completo, com açúcares, gorduras e anticorpos que protegem a criança de infecções e alergias. O leite brota com a sucção do bebê.
O momento em que a mãe deixa de amamentar a criança varia muito e isso se dá em razão de diversos tipos de influências, como fatores sociais e associados ao trabalho.
O leite de vaca apresenta uma composição diferente do leite humano e pode, com o tempo, complementar ou substituir o aleitamento materno, proporcionando condições para o desenvolvimento do bebê.
O desenvolvimento e o crescimento do bebê
Os ossos do bebê são constituídos por tecido ósseo rígido e por cartilagem. Durante o crescimento, as cartilagens vão originando tecido ósseo, que acumula sais de cálcio e fosfato.
Entre a quinta e a oitava semana, o bebê é capaz de sustentar a cabeça momentaneamente. Os olhos focalizam melhor e possibilitam avaliação de formas. Nessa idade, as brincadeiras constituem um estímulo para aprender e se desenvolver. O choro continua sendo seu meio de comunicação.
Até os 3 meses, a criança já levanta a cabeça e move os braços e os ombros. Observa tudo e sorri.
A partir dos 6 a 7 meses, começa a surgir a dentição provisória (“de leite”), e a criança também fica sujeita a infecções. E o momento de introduzir mudanças na alimentação, incorporando-se gradativamente cereais e frutas. A colher converte-se no veículo dos alimentos líquidos. Pouco a pouco, vai aprendendo a comer purês e alimentos mais sólidos. O surgimento da dentição é um processo doloroso. O primeiro dente que aparece costuma ser o incisivo superior. Até os dois anos e meio a criança tem vinte dentes.
A partir dos 6 meses, a criança começa a engatinhar e a sentar. Uma vez que consegue se manter erguida, move-se apoiando-se nos objetos, com as mãos. Durante o primeiro ano, o crescimento é muito rápido, em tomo de 15 cm. A cabeça contribui muito para o peso do bebê, mas essa contribuição vai se reduzindo paulatinamente.
A partir dos 15 meses, a criança passa a ter consciência das sensações procedentes da excreção. O controle total da defecação pode demorar até dois anos e o da urina é ainda posterior. Por isso, o bebê pode necessitar de fraldas até os 3 anos.
Falar é uma das operações mais complexas e delicadas que o bebê aprende.
O cérebro é responsável pelo controle da fala, mas esse processo também envolve o controle da audição e da respiração; além disso, há a contribuição da língua, dos lábios, do palato mole e das cavidades que dão ressonância à voz (nariz, faringe e tórax). Por isso tudo, a velocidade com que cada bebê aprende a falar varia bastante.
As primeiras palavras normalmente não chegam até o final do primeiro ano e costumam ser nomes de coisas familiares pelas quais o bebê pergunta.
Entre os 10 e 18 meses ele compreende murtas palavras, ainda que use apenas algumas reconhecíveis. A estrutura da linguagem começa a se desenvolver a partir dos 2 anos. A criança encadeia mais de duas palavras e compreende o significado de muitas mais.
Por: Paulo Magno da Costa Torres
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