Saúde

As Consequências do Sedentarismo

Atualmente, o sedentarismo é o quarto maior fator de risco de morte no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A falta de exercício físico na rotina das pessoas é tão grave que o Ministério da Saúde constatou, em 2017, que três em cada 100 mortes registradas poderiam estar relacionadas ao sedentarismo.

O emprego do exercício físico como método de combate ao sedentarismo pode evitar o desenvolvimento de uma gama de distúrbios e disfunções, como obesidade, hipertensão, diabetes melito tipo 2, alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares. Dessa forma, vamos conhecer alguns desses quadros e como o exercício pode ser inserido na rotina de uma pessoa acometida por algum deles.

Obesidade

Atrelada ao sedentarismo, a obesidade é considerada uma síndrome metabólica grave que tem aumentado ano após ano, tornando-se um problema para a saúde pública. Mesmo sendo diferentes, um quadro conjunto de sedentarismo e obesidade pode aumentar ainda mais o risco de outras doenças.

Figura de um médico medindo a barriga de um paciente.
A obesidade é um mal universal que vem crescendo constantemente e preocupando a Organização Mundial da Saúde.

Apesar de a obesidade ser considerada um quadro resultante de má nutrição ou de ingestão energética excessiva, estudos apontam que ela também pode ser resultante do baixo nível de gasto energético diário, sugerindo que o sedentarismo pode ser seu maior causador. Para que uma pessoa obesa recupere sua qualidade de vida, é importante que, além de ter acompanhamento nutricional, também comece a fazer exercícios físicos a fim de alterar seu gasto energético.

Realizar atividades físicas, por mais fácil que possa parecer, por vezes é um problema para pessoas com obesidade em função de suas limitações relacionadas ao sobrepeso. Entretanto, a adesão ao exercício físico e a rotinas saudáveis (alimentação, qualidade de sono, nível de estresse etc.) é comprovadamente o melhor método de prevenção e tratamento da obesidade. Nesse sentido, a OMS sugere que a realização de pelo menos 150 minutos de exercícios físicos por semana pode ter grande impacto na rotina de um sedentário/obeso.

Diabetes tipo 2

O diabetes tipo 2 é uma doença relacionada à dificuldade de manter o corpo em equilíbrio glicêmico. Ou seja: toda vez que se alimenta, o corpo de uma pessoa diabética tem dificuldade de coletar e transportar a glicose (o alimento quebrado em moléculas microscópicas). Por causa disso, ela tem que usar periodicamente remédios para que essa situação se controle.

Médico medindo a glicemia de um paciente.
Pessoas com diabetes têm que monitorar constantemente sua
glicemia para poder se medicar no momento certo.

Existem dois tipos de diabetes melito: o tipo 1 é tido como herança genética; por outro lado, o tipo 2 é resultante de um conjunto de fatores como sedentarismo e obesidade. Tendo em vista que o diabetes tipo 2 pode ser evitado em função da adesão a um estilo de vida saudável, entende-se que o exercício físico é fundamental na rotina de qualquer pessoa. Além de prevenir, o exercício físico é capaz de atenuar os efeitos do diabetes, levando o portador da síndrome a reduzir suas doses de medicação.

Estudos apontam a necessidade de boa progressão dentro da rotina de exercício físico de um diabético obeso para que haja resultados positivos e, de certa forma, restabeleça níveis ótimos de qualidade de vida.

É recomendado que a rotina compreenda 150 minutos semanais no início, mas que esse tempo de exercício progrida para 200 e 300 minutos (mantendo a mesma intensidade).

Doenças cardiovasculares

As doenças cardiovasculares são causadas pela redução ou pelo trabalho irregular do coração, sendo as maiores responsáveis pelas mortes no mundo. O quadro que compõe as doenças cardiovasculares compreende: hipertensão, infarto agudo do miocárdio, angina (dor no peito), arritmias cardíacas, paradas cardíacas, derrame cerebral etc.

Figura representando os batimentos cardíacos em forma de coração.
É muito importante que todos façam exames regulares, para saber se estão fora do grupo de risco de doenças cardiovasculares.

Em geral, as doenças cardiovasculares são causadas por hábitos ruins, como o tabagismo, sedentarismo, obesidade e estresse. Portanto, subentende-se que, quando o exercício físico combate esses quadros, existe redução do risco de doenças cardiovasculares.

Estudos apontam que o acompanhamento nutricional, somado à adesão ao exercício físico, pode ser o fator decisivo para a prevenção de doenças cardiovasculares. Exercícios que compreendem a ginástica de condicionamento físico são indicados, porém é de extrema importância que haja uma mudança no estilo de vida da pessoa, aderindo a hábitos saudáveis, tanto alimentares como relacionados à prática habitual de exercícios físicos.

Hipertensão arterial

O sedentarismo e a obesidade também podem resultar em aumento da pressão sanguínea, chamado de hipertensão arterial. Ou seja, se o sangue apresenta maior resistência ao ser colocado em circulação no corpo, o coração subitamente é obrigado a exercer maior força para “empurrar” o sangue. Um coração que trabalha de forma supracompensada (como seria o caso) está sujeito a acidente vascular cardíaco (AVC), aneurisma, infarto, insuficiência renal e insuficiência cardíaca.

O exercício físico é capaz de melhorar esse quadro por diferentes mecanismos. Ele pode promover melhoras relacionadas ao óxido nítrico, responsável pela dilatação e contração das paredes arteriais, e pelo aumento da eficiência cardíaca por via da melhora da força e capacidade de ejeção de sangue durante a sístole (movimento em que o coração bombeia o sangue oxigenado para todo o corpo).

O exercício resistido (contra uma resistência, como é o caso da musculação) pode ser usado para melhorar o quadro de hipertensão. No entanto, sua aplicação deve ser cautelosamente acompanhada por um profissional de educação física, uma vez que exercícios com demasiada carga podem gerar a perigosa manobra de Valsalva. A manobra de Valsalva consiste no aumento da pressão sanguínea, que pode ser consequência da realização de força em conjunto com a apneia (quando um sujeito segura o ar) ou redução da ventilação. Por esse motivo, exercícios aeróbicos com baixa intensidade são utilizados.

O câncer e o exercício físico

O estilo de vida e a exposição ao ambiente em que vivemos podem ser determinantes para a incidência de câncer. Em geral, estudos mostra que os pacientes com melhores níveis de aptidão cardiorrespiratória apresentam menor risco de mortalidade por reduzirem ou impedirem o crescimento desenfreado do câncer.

Apesar de o exercício aparecer como uma ferramenta de combate e prevenção de diversos tipos de câncer, estudos ainda tentam buscar a melhor combinação de exercícios físicos que portadores de câncer pode praticar, tendo em vista que exercícios de alta intensidade, por exemplo, devem ser evitados por portadores de câncer em função de aumentar em efeitos deletérios da doença.