Estados brasileiros

Paraíba

A par do arrojo e patriotismo de muitos de seus filhos, o que lhe valeu presença marcante em muitos e importantes episódios da história nacional, a Paraíba destaca-se também pela autenticidade de seu folclore e por suas belezas naturais.

O estado da Paraíba situa-se na região Nordeste, onde ocupa uma área de 56.585km2 — 98% da qual localizam-se no chamado Polígono das Secas. Limita-se a leste com o oceano Atlântico, ao norte com o Rio Grande do Norte, a oeste com o Ceará e ao sul com Pernambuco. Na costa paraibana fica o ponto mais oriental das Américas, o cabo Branco. A capital é João Pessoa.

Geografia física

Paraíba

Do território estadual, 82% encontram-se entre 200 e 900m de altura e 18% abaixo de 200m. Três unidades compõem o quadro morfológico: a baixada litorânea, o planalto da Borborema e o peneplano ocidental. A baixada litorânea compreende uma extensão de tabuleiros de arenito, a leste, e uma estreita faixa de terrenos cristalinos, deprimidos e muito planos. Cortam a baixada litorânea vales largos, com amplas planícies aluviais, as várzeas.

Paraíba

O planalto da Borborema, com 800m de altitude média, ocupa, com seus terrenos cristalinos, toda a parte central do estado e estende-se para norte e sul através do Rio Grande do Norte e Pernambuco, respectivamente. A oeste, seu rebordo apresenta-se tortuoso, em virtude do grande esporão que se lança naquela direção, ao longo da divisa com Pernambuco. Sobre essa projeção do planalto ergue-se o pico do Jabre, com 1.090m de altitude. A leste, o planalto é delimitado por uma escarpa bem marcada, grosseiramente paralela à linha da costa. Os rios que por aí descem, em direção ao Atlântico, cavaram na escarpa profundas indentações, especialmente o Paraíba, cujos formadores abrem uma ampla depressão no seio do planalto.

O peneplano ocidental, dominado pela escarpa ocidental da Borborema, abrange o terço oeste do estado. Consiste numa grande área de terrenos cristalinos, plana e deprimida, da qual despontam pequenas cristas paralelas e numerosos picos isolados.

Clima

Três tipos climáticos ocorrem na Paraíba: o tropical úmido, com chuvas de outono-inverno (As’), e semi-árido quente (BSh) e o tropical com chuvas de verão (Aw). O primeiro ocorre na baixada litorânea e no rebordo oriental da Borborema. As temperaturas médias anuais oscilam entre 24o C, na baixada, e 22o C no topo do planalto. A pluviosidade, de mais de 1.500mm junto à costa, no interior cai até 800mm, no rebordo do Borborema. Aí, em torno da cidade de Areia, volta a subir e chega a ir além de 1.400mm. O trecho mais úmido da Borborema, chamado Brejo, é uma das melhores áreas agrícolas do estado.

O clima semi-árido domina todo o planalto, com exceção da margem oriental. A pluviosidade reduz-se bastante e seus totais caem abaixo de 600, 400 e mesmo 300mm. Em Cabaceiras registra-se a menor pluviosidade de todo o Nordeste, 278mm. As chuvas escassas ocorrem no outono e em certos anos deixam de se produzir, o que dá origem à seca. O clima tropical ocorre na área rebaixada do peneplano ocidental. As temperaturas médias anuais são as mais elevadas do estado: 26o C. As chuvas, mais abundantes que no planalto, alcançam totais de 800mm por ano e ocorrem no semestre do verão.

Vegetação

Três formações vegetais revestem o território paraibano. Na baixada costeira e na escarpa do Borborema, aparece a floresta tropical, que deu o nome de zona da mata à região litorânea. Na faixa de transição entre o clima tropical úmido e o clima semi-árido, surge o agreste. Trata-se de uma vegetação intermediária entre a caatinga e a floresta, com espécies das duas formações.

Na região do Brejo, o agreste dá lugar à floresta, em virtude da maior pluviosidade. No restante do interior, domina a caatinga, que ocupa cerca de 85% da superfície estadual. Todas essas formas de vegetação apresentam-se hoje bastante modificadas por interferência do homem.

São limitados os recursos vegetais: razões de ordem climática, sobretudo, não possibilitam um revestimento florístico mais rico. A devastação das matas para obtenção de lenha foi considerável, mas nelas ainda se coletam cascas de angico, sementes de oiticica e urucu, e castanha-de-caju. Há apreciável quantidade de carnaubeiras.

Hidrografia

A rede hidrográfica compreende dois sistemas. O primeiro abrange os rios que descem da Borborema e correm para leste: o Curimataú, o Mamanguape, o Paraíba e outros. O segundo é constituído pela bacia superior do rio das Piranhas ou Açu, que corre para norte, atravessando o Rio Grande do Norte. Por aí escoam as águas da metade oeste do estado. Com exceção dos rios do litoral, todos os demais são intermitentes, isto é, só fluem na estação chuvosa. Como parte das medidas de combate à seca, numerosos rios do sertão, dos quais o maior é o de Coremas, tiveram os leitos interrompidos pela construção de açudes.

População

A maior parte da população se concentra na parte leste do estado, na zona litorânea. Para o interior, a densidade populacional cai bastante. Pouco mais de metade da população economicamente ativa se ocupa da agricultura e da pecuária.

Todo o território estadual se encontra na zona de influência da cidade de Recife PE, que atua na Paraíba por intermédio das capitais regionais, Campina Grande e João Pessoa, além do centro regional de Patos. À população de João Pessoa devem-se acrescentar as das cidades de Bayeux e Cabedelo, que lhe são contíguas. Embora menos populosa, a cidade de Campina Grande tem sob seu domínio direto a parte central do estado e a porção sudoeste do Rio Grande do Norte. Outras cidades importantes no estado: Santa Rita, Patos, Sousa, Sapé, Cajazeiras, Mamanguape, Guarabira, Pombal, Itabaiana.

Economia

Agricultura e pecuária

A agricultura, principal atividade econômica do estado, tem como produto mais importante a cana-de-açúcar, cujas plantações se desenvolvem nas planícies aluviais da zona da mata, onde se acham as usinas a que se destina o produto. Também há plantações no agreste, para suprimento de pequenos engenhos de aguardente e rapadura. Seguem-se o abacaxi, o feijão e a mandioca, principalmente no agreste e no brejo. Outro produto de destaque é o milho, que tem suas maiores áreas de cultivo no sertão, com distribuição regional semelhante à do algodão arbóreo, plantado sobretudo no extremo oeste. É importante também o sisal ou agave.

A criação de gado, comum em todo o estado, faz-se especialmente no vale do rio Curimataú e no extremo oeste, com bovinos, ovinos, caprinos, suínos, equinos e asininos.

Indústria e mineração

As atividades fabris implantaram-se lentamente e, a partir da década de 1960, ganharam maior impulso com a ajuda da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O principal gênero de indústria é o têxtil, a que se seguem as indústrias de produtos alimentícios, de minerais não-metálicos, metalúrgica e química. Salientam-se entre seus produtos o cimento, o açúcar, o óleo de caroço de algodão e os materiais plásticos. Campina Grande e João Pessoa são os maiores centros industriais do estado.

Na atividade extrativa, o calcário e a betonita são os minerais mais importantes. Em 1980, descobriu-se ouro em Catingueira e Itajaju, o que inspirou planos de novas pesquisas minerais e de organização das cooperativas de garimpeiros, inclusive na área de tantalita e xelita. Existem ainda fontes de água mineral e jazidas de amianto, apatita, bauxita, berilo, cassiterita, chumbo, columbita, coríndon, cristal de rocha, fluorita, ferro, granito, mármore e quartzo.

Transportes

Duas importantes rodovias asfaltadas cortam o estado: a BR-101, que acompanha toda a costa brasileira, do Rio Grande do Sul a Natal, e a BR-230, que cruza o estado de leste a oeste e passa por João Pessoa, Campina Grande, Patos, Pombal e Cajazeiras. No transporte marítimo, o estado conta com o porto de Cabedelo e há aeroportos em João Pessoa e Campina Grande.

Cultura e turismo

Há, no estado, duas universidades e vários estabelecimentos isolados de ensino superior. Encontra-se em João Pessoa o Museu Escola e o Museu Sacro, anexos ao Convento de Santo Antônio; o Museu Walfredo Rodrigues, iconográfico, e o Espaço Cultural José Lins do Rego, com dois teatros, centro de convenções, biblioteca, mercado de artesanato e dois museus. Em Campina Grande, há o Museu Assis Chateaubriand, de pintura brasileira, e o Museu do Algodão, equipado para mostrar técnicas e ferramentas de plantio e colheita.

João Pessoa possui belas construções dos séculos XVI, XVII e XVIII, como a igreja e convento de Santo Antônio, a capela da Ordem Terceira de São Francisco, as igrejas de São Bento, de Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora das Neves, a Casa da Pólvora e o Teatro Santa Rosa. Em Cabedelo, a 23km da capital, fica a Fortaleza de Santa Catarina, construída em 1589.

Turismo

O principal centro turístico do estado é constituído pelas cidades vizinhas de João Pessoa e Cabedelo. Ambas possuem praias afamadas, entre as quais a de Tambaú, em João Pessoa, com moderno hotel construído sobre as areias da praia e batido pelas águas do mar.

Entre as festas do estado, a principal é a de Nossa Senhora das Neves, padroeira da capital. Sobrevivem muitos folguedos populares, principalmente nas cidades do interior, como a barca — nome que a chegança recebe no estado — e o bumba-meu-boi, ambos realizados na época de Natal, a corrida das argolas, as cavalhadas, os cocos de praias, as lapinhas e joão-redondo, os desafios com cantadores e violeiros.

A cozinha paraibana tem alguns pratos típicos, como a panelada (sarapatel), feita de sangue de porco coagulado e picado, preparado em banha de porco com miúdos e servido com farinha de mandioca, a mandioca com carne-de-sol assada na grelha e outros.

Autoria: Pedro Ferreira Rau

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