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Reino Unido

O Reino Unido é a união dos três países que ocupam a Ilha da Grã-Bretanha – Inglaterra, País de Gales e Escócia – e a Irlanda do Norte.

Berço das instituições parlamentares modernas e da Revolução Industrial, o Reino Unido manteve, até meados deste século, um dos maiores impérios da História, que alcançava todos os continentes. Mantém hoje relações estreitas com suas ex-colônias através da Comunidade (Commonwealth) Britânica.

O país é fortemente industrializado, sendo exportador de máquinas industriais, computadores e automóveis. O Reino Unido integra o Grupo dos Sete Grandes (G-7) – os sete países mais ricos do mundo –, destacando-se pela sólida aliança geopolítica que mantém com os Estados Unidos.

Fatos Históricos

Seu território é ocupado pelos celtas no século VII a. C. A conquista pelos romanos, iniciada em 55 a. C. por Júlio César, é completada em 43 da era cristã pelo imperador Cláudio e prolonga-se até o século V, quando tribos germânicas (anglos, saxões e jutas) invadem o país e estabelecem diversos reinos. Navegadores vikings da Dinamarca a conquistam no final do século VIII. Finalmente, liderados por Guilherme, os normandos, procedentes da França, conquistam a Grã-Bretanha em 1066.

Em 1215, os nobres ingleses impõem ao rei a Magna Carta, um documento que limita os poderes da monarquia em benefício dos senhores feudais. Os reis passam a consultar regularmente o Parlamento – formado por representantes do clero e da nobreza – para tomar decisões. A Inglaterra perde suas possessões na França com a Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e mergulha num sangrento conflito interno, a Guerra das Duas Rosas (1455-1485), causada pela disputa do trono entre as famílias York e Lancaster.

Reino Unido

A paz é obtida por Henrique VII (1485-1509), que inaugura a dinastia Tudor e restabelece o predomínio da autoridade real sobre a nobreza e o clero. Henrique VIII (1509-1547), aproveitando-se do fato de o Papa não autorizar seu divórcio, rompe com o Vaticano, toma as propriedades do papado e funda a Igreja Anglicana, da qual torna-se chefe.

Revolução Gloriosa

Divergências sobre questões religiosas e tributárias levam o rei Charles I (1625-1649) a dissolver o Parlamento. Em 1640, porém, uma rebelião na Escócia (incorporada em 1603) obriga o rei a reconvocar o Parlamento, que se recusa a votar os recursos necessários para a guerra. O resultado é uma guerra civil entre as forças do Parlamento – chefiadas por Oliver Cromwell – e as de Charles I. A vitória de Cromwell leva à proclamação da República em 1649 e à execução do rei.

A monarquia é restaurada em 1660, dois anos depois da morte de Cromwell. Os novos monarcas tentam fortalecer o poder da Coroa às custas do Parlamento, mas fracassam. Em 1688, Jaime II é deposto pelo Parlamento na Revolução Gloriosa, que consolida a monarquia constitucional.

Em 1707, é formado o Reino Unido da Grã-Bretanha, que reúne a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales. A Irlanda é integrada em 1801.

A Revolução Industrial, no século XVIII, torna o Reino Unido a maior potência econômica do planeta. O país perde, no entanto, suas colônias na América do Norte, que proclamam a independência a partir de 1776. Durante o longo reinado da rainha Vitória (1837-1901), o Império Britânico conquista territórios na África e na Ásia. Na era vitoriana, o Reino Unido também experimenta mudanças sociais: sob os governos de Benjamim Disraeli (conservador) e William Gladstone (liberal), o país aprova leis sociais, reconhece os sindicatos e amplia a participação política dos cidadãos. Na Guerra da Crimeia (1853-1856), a aliança de britânicos e franceses derrota a Rússia; na Guerra dos Bôeres (1899-1902), a Inglaterra impõe-se aos holandeses na África do Sul.

Desagregação do Império

Sob a liderança do primeiro-ministro Lloyd George, o Reino Unido sai vitorioso da 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Mas o Império começa a se desagregar: em 1921, um tratado reconhece a independência da Irlanda, com exceção dos condados do norte da Ilha (a maior parte do Ulster, chamada Irlanda do Norte). Em 1923, em coalizão com os liberais, Ramsey MacDonald forma o primeiro governo trabalhista britânico. Os conservadores voltam ao poder em 1924. Em 1936, o rei Eduardo VIII abdica para se casar com a americana Walis Simpson. O trono é ocupado por seu irmão George VI.

O aumento da tensão internacional leva o primeiro-ministro Neville Chamberlain a fazer concessões à Alemanha de Hitler. Em 1938, o Reino Unido aceita a anexação de parte da Tchecoslováquia à Alemanha, na esperança de conter os nazistas. Esta política fracassa e em setembro de 1939 as tropas de Hitler invadem a Polônia e obrigam o Reino Unido e a França a entrarem em guerra contra a Alemanha.

Em 1940, Chamberlain é substituído por Winston Churchill, que chefia um gabinete de guerra formado por conservadores e trabalhistas. Duramente atacado pelos alemães, o país sai vitorioso da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ao lado dos EUA e da URSS, mas fica devastado.

Em 1945, Churchill perde a eleição para o trabalhista Clement Atlee. O novo governo nacionaliza indústrias e estabelece o serviço nacional de saúde. A Índia, o Paquistão, o Ceilão (atual Sri Lanka) e a Birmânia (atual Mianmá) tornam -se independentes em 1947. Os conservadores voltam ao poder com Churchill em 1951. No ano seguinte, George VI morre e é sucedido por sua filha, a rainha Elizabeth II.

Os trabalhistas, liderados por Harold Wilson, retornam ao poder em 1964.

À crise econômica persistente junta-se o agravamento do conflito nacionalista na Irlanda do Norte. Em 1970, o conservador Edward Heath torna-se primeiro-ministro. O governo britânico envia tropas à Irlanda do Norte em 1972 para combater o terrorismo do Exército Republicano Irlandês (IRA). A entrada do país na Comunidade Econômica Europeia (CEE), em 1973, não diminui os problemas econômicos. Harold Wilson volta ao poder em 1974. Dois anos depois, ele é substituído por James Callagham.

Thatcherismo

Em 1979, os conservadores, liderados por Margaret Thatcher, derrotam os trabalhistas nas urnas. Thatcher inaugura um governo de profundas reformas econômicas, buscando enfrentar a decadência britânica por meio da privatização de empresas estatais e da redução drástica do déficit público. Em 1982, Thatcher colhe os frutos da vitória britânica na Guerra das Malvinas (1982) contra a Argentina e vence novamente as eleições.

Em 1984 e 1985, a “dama de ferro” quebra a espinha dorsal dos mineiros enfrentando uma greve de mais de um ano sem fazer concessões. O declínio do sindicalismo e o fortalecimento de sua imagem proporcionam a Thatcher nova vitória eleitoral em 1987.

Em junho de 1990, a primeira-ministra é derrotada em disputa interna no Partido Conservador e é substituída por John Major em junho de 1990. O IRA intensifica seus ataques terroristas. Apesar disso, os conservadores conseguem manter a maioria nas eleições gerais de 1992.

O descontentamento com o governo pela recessão e o desemprego – 3 milhões sem trabalho em 1993 – aprofunda-se com o aumento de impostos decidido por Major para fazer frente ao déficit público. O Partido Conservador vê-se dividido sobre a assinatura do Tratado de Maastricht, que acelera a unificação europeia. O tratado é aprovado no Parlamento por estreita margem em julho de 1993.

O governo enfrenta forte oposição à tentativa de prosseguir as reformas iniciadas por Thatcher, por meio de novas privatizações (correios, hospitais e outros serviços), do fechamento de minas de carvão improdutivas e da imposição de índices de produtividade a trabalhadores públicos.

Major faz um acordo com o governo da Irlanda, condicionando o futuro da Irlanda do Norte à vontade de seus habitantes, e propõe negociações ao IRA. Em 31 de agosto de 1994, o IRA anuncia a suspensão da luta armada.

Em fevereiro de 1995, Major e o primeiro-ministro irlandês John Bruton anunciam um plano para a criação de uma nova assembleia, reunindo católicos e protestantes, na Irlanda do Norte, que é rejeitado pelo líder protestante Ian Paisley, porta-voz dos “unionistas” – defensores da manutenção da união da Irlanda do Norte com a Grã-Bretanha.

No mesmo mês, o mais antigo banco de investimentos da Inglaterra, o Baring Brothers, quebra devido a operações especulativas de sua filial de Cingapura. A libra tem uma queda recorde de cotação. Em julho, Major vence a disputa pela liderança do Partido Conservador, um mês depois de renunciar.

No mesmo mês, em Belfast, capital da Irlanda do Norte, a libertação de um soldado inglês, condenado à prisão perpétua pelo assassinato de uma jovem católica em 1990, provoca conflitos, com o incêndio de cerca de cem veículos durante manifestações de protesto.

Dados gerais

Nome oficial: Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte (United Kingdom)

Nacionalidade: britânica

Capital: Londres

Idioma: inglês (oficial), gaélico (Escócia e Irlanda do Norte)

Religião: anglicana – oficial, cristianismo (católicos, protestantes, metodistas, reformistas, batistas)

Área: 258. 256 km²

Localização: noroeste da Europa

Limites: Oceano Atlântico (N a SO), Mar do Norte (L), Canal da Mancha (S), Mar da Irlanda e Canal do Norte (O)

Características: formado pela Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, litoral com planícies (costa Leste), com estuários (SO), com escarpas (SE) e fiordes (Escócia), terrenos mais elevados (N e O), Montes Cambrianos (Gales) e Montes Grampianos (Escócia), vales com lagos (Escócia); planícies onduladas (centro); planaltos e colinas (Irlanda do Norte)

Clima: temperado oceânico

Hora local (em relação a Brasília): +3h

Regime de governo: monarquia parlamentarista

Divisão administrativa: 8 regiões subdivididas em 46 condados (Inglaterra)

Territórios administrados: Anguilla, Bermudas, Gibraltar, Hong Kong, Ilha de Man, Ilhas Cayman, Ilhas do Canal, Ilhas Geórgia e Sandwich do Sul, Ilhas Pitcairn, Ilhas Turks e Caicos, Ilhas Virgens Britânicas, Malvinas (Falklands) 4450, Montserrat, Santa Helena, Território Antártico, Território Britânico do Oceano Índico

Chefe de Estado: rainha Elizabeth II (desde 1952)

Principais partidos: Conservador, Trabalhista, Liberal-Democrata

Organização do Legislativo: bicameral

Câmara dos Comuns, com 651 membros eleitos por voto direto para mandatos de no máximo 5 anos, Câmara dos Lordes, com até 1. 200 membros da nobreza e do clero com títulos hereditários e/ou vitalícios

Constituição em vigor: não há Constituição escrita

Moeda: libra esterlina

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