História do Brasil

Década Perdida 1980

Tentativas Ortodoxas de Combate a Inflação

Em 1979, iniciou-se o governo do general Figueiredo, tendo como ministro da Fazenda Karlos Rischbiter, como ministro da agricultura Delfim Netto e como ministro do planejamento Mario Henrique Simonsen. Este defendia um rigoroso ajuste fiscal, corte nos gastos e nos investimentos que não tinham prioridade, visando a melhoria das contas em transações correntes e o controle do processo de endividamento externo, optando por seguir uma política ortodoxa.

Por outro lado, figurava a oposição composta por Delfim, do Planejamento e por Andreazza, do Interior. Estes defendiam uma política heterodoxa, que era baseada no crescimento econômico a qualquer custo, tendo em vista um rápido desenvolvimento da economia no país. Logo, traçou-se uma disputa política relacionada aos rumos da economia brasileira, assim Delfim Netto acabou substituindo Simonsen no Ministério do Planejamento. Delfim queria reeditar o milagre econômico, mesmo sabendo que a situação externa estava desfavorável. Com o segundo choque do petróleo e a alta dos juros externos, ele não teve outra saída a não ser mudar a condução da politica econômica.

Dentre essas razões, este período ficou conhecido como a “década perdida”, caracterizada pela queda nos investimentos e no crescimento do PIB, pelo aumento do déficit publico, pelo crescimento da divida externa e interna e pela ascensão inflacionaria.

Devido ao agravamento da crise econômica e ao aumento das pressões sobre o governo militar, acabaram tornando inviável a continuação desse tipo de governo, e assim em 1985, iniciou uma nova forma de governar o paìs, um governo civil em que o presidente seria eleito de forma indireta através do Congresso Nacional.

Desenvolvimento

Embora seja um tema relativamente constante do noticiário econômico brasileiro dos últimos 40 anos, foi na década de 1980 que a inflação brasileira intensificou-se como nunca ocorreu antes. A alta dos juros internacionais, desde 1979, e os problemas ligados à administração da dívida externa marcaram então um crescimento nunca visto das taxas inflacionárias no país, e continuaram a crescer ano a ano. Em 1986, o governo tentou conter a inflação com o Plano Cruzado, mas conseguiu apenas baixá-la para 62% ao ano. Assim, após mais três planos econômicos de contenção, a década encerrou-se com o Brasil às portas da hiperinflação, com a marca de 1764% ao ano em 1989, chegando ao máximo de 6584% para o período dos últimos 12 meses, em abril de 1990

O Brasil é resultado de um amplo conjunto de causas entre as quais, o peso insustentável da dívida externa, o imobilismo gerado por uma excessiva proteção à indústria nacional, o fracasso dos programas de estabilização no combate à inflação e o esgotamento de um modelo desenvolvimentista, baseado fundamentalmente na intervenção generalizada do Estado na economia, esgotamento esse assente na crise do Estado brasileiro que diminuiu sensivelmente a sua capacidade de investimento, retirando-lhe  grande papel de principal promotor do desenvolvimento.

Desde então, refletindo a crise econômica internacional (explosão dos preços do petróleo e problemas econômicos nos países industrializados), a inflação brasileira cresceu desde final de 73, chegando a 76% ao ano em 1979 assim nesse período, o padrão de crescimento baseado no financiamento externo ou estatal, através do investimento direto do Estado ou do investimento privado subsidiado, que tinha prevalecido durante a década de setenta. Nesse período o Brasil vivia alta dos juros internacionais, desde 1979, e os problemas ligados à administração da dívida externa marcaram então um crescimento nunca visto das taxas inflacionárias no país, que ultrapassaram a marca dos 100% (três dígitos) ao ano em 1981, e continuaram a crescer ano a ano sendo que em 1982 foi quando o fluxo de financiamento externo cessou devido a declaração de Moratória do México o que deixou o mercado apreensivo.

A crise nacional se acentua e o Brasil perde o controle do seu rumo devido a utilização de uma política equivoca. O mundo estava em recessão e a política defendida era a desenvolvimentista assim assume o cargo do Ministério do planejamento Delfin Netto que tinha em mente reeditar o milagre econômico que ocorreu na década anterior. A tentativa não obteve êxito contribuindo ainda mais para o aprofundamento da economia brasileira, pois era necessário capital estrangeiro para financiar o plano. Como a economia mundial estava em recessão e com as devidas crises do petróleo as taxas de juros estavam muito oscilantes e o úncio modo que o Brasil conseguiu financiar  o planejamento foi adotando taxas de juros não fixas, deste modo, a dívida ficava muito vulnerável com a alta dos juros internacionais, desde 1979.

A política heterodoxa adotada por Delfin Netto não estava adequada ao momento econômico, o Brasil percebeu isto apenas em 1981 quando não teve outra saída a não ser pedir auxílio ao FMI que vem ao país com o intuito de controlar a economia interna e fazer com que o país quite suas dívidas. Assim Delfin concretiza-se que deveria adotar a política ortodoxa que antes havia sido defendida por Simonsen, já que e os problemas ligados à administração da dívida externa marcaram então um crescimento nunca visto das taxas inflacionárias no país, que ultrapassaram a marca dos 100% (três dígitos) ao ano em 1981, e continuaram a crescer ano a ano.

As políticas econômicas ortodoxas, em função dos desequilíbrios desta economia, como a inflação e o desequilíbrio externo, estavam geralmente contidas nas recomendações do Fundo Monetário Internacional e consistiam basicamente em:

  • Reduzir as despesas do Estado e equilibrar o orçamento público;
  • Reduzir e controlar a quantidade de moeda em circulação;
  • Liberalizar os preços de quaisquer tabelamentos;
  • Liberalizar a taxa de juros;
  • Liberalizar a taxa de câmbio;
  • Eliminar todos os subsídios;
  • Reduzir os salários dos setores público e privado.

È possível observar que a exceção da proposta para os salários, todas as demais são liberalizantes Aliás, uma constante das propostas ortodoxas de política econômica, sempre foi o arrocho salarial, adotado em nome do combate a inflação. Se a inflação e o desequilíbrio externo decorrem das distorções do mercado e do excesso de procura agregada, há que corrigir essas distorções eliminando todo e qualquer controle de preços e procurando reduzir a procura agregada, aumentando a recessão da economia.

Assim, a redução das despesas do Estado, a redução da quantidade de moeda em circulação e a elevação da taxa de juros têm como consequência reduzir a procura agregada e provocar a recessão. Como consequência, a inflação cairia, uma vez que por definição é considerada como sendo causada por um excesso de procura. A redução da procura interna teria um efeito duplo sobre as contas externas. De um lado, a queda do consumo faria com que sobrassem mais mercadorias para serem exportadas. De outro, a queda no investimento implicaria numa menor procura por bens importados. Aumentando as exportações e reduzidas as importações, a balança comercial tornaria superavitária e o balanço de pagamentos tenderia a equilibrar-se, sendo que em 1986, o governo tentou conter a inflação com o Plano Cruzado, mas conseguiu apenas baixá-la para 62% ao ano.

Os credores externos começaram a propor que o país adota-se a política ortodoxa, em virtude das desconfianças quanto a segurança dos seus empréstimos, uma vez que no ano de 1979, ocorreram três choques externos. Estes três choques foram o segundo choque do petróleo, que triplicou os seus preços, a elevação brusca das taxas de juros internacionais, que aumentou de forma significativa o total dos juros pagos pelos países  devedores e finalmente a recessão norte americana que se estendeu de 1979 à 1982. Desta maneira aumento da taxa de juros eleva os pagamentos anuais dos juros, decorrentes do grande volume de financiamentos externos, captados durante a década de setenta.

Assim 80 a 85 de a instalação de movimentos inerciais, em que, a inflação passada reproduzia-se no presente com um movimento ascendente nos preços, alimentados pela correção monetária generalizada, com a adoção de indexadores contratuais e remarcação de preços, já seu combate foi através do Plano Cruzado, que tentou controlar a inflação de maneira heterodoxa com os seguintes princípios: criação de uma nova moeda; extinção da indexação; congelamento de preços públicos e privados; fixidez da taxa de câmbio, mostrados a seguir.

Sendo que a partir de 86 ouve fase dos choques heterodoxos. Com o Plano Cruzado a inflação recuou para níveis próximos de zero, quebrando o ímpeto inercial, devido ao congelamento de preços a desindexação da economia. A procura foi maior do que a oferta, contribuindo para a incorporação do ágio nos preços, caracterizando uma inflação reprimida, alimentada pela expansão da oferta de moeda, da elevação dos níveis salariais e de emprego e pela redução da pressão fiscal sobre a renda. No início de 87 a inflação acelerou devido ao rompimento da barreira do congelamento de preços, sendo que no segundo semestre projetava para o patamar de quatro dígitos.

E em 87/89/90 ocorreram outras tentativas de estabilização sem êxito, com prefixações, congelamentos parciais e confisco de ativos financeiros. Inicialmente as taxas recuavam, mas, a recorrência dos preços sobrepunha-se a todas as medidas, e os preços caminhavam sempre em velocidade crescente, para fronteiras próximas da hiperinflação aberta. Apesar da sucessão de reformas monetárias, a moeda se desqualificava. Uma a uma, suas funções se corroíam: da reserva de valor à unidade de conta.

Conclusão

A década de 80 vem a ser lembrada por ser um período onde o mundo passava por crises e consequentemente havia uma recessão em que os gastos públicos eram contidos, as importações estavam restritas, e os investimentos não faziam mais parte de nenhuma política adotada. Porém o Brasil, regido em seu ministério do planejamento por Delfim Netto, acreditava que o momento ainda era propicio para o desenvolvimento do país, e o seu crescimento seria apenas uma consequência.

Sem perceber que a crise externa estava maior, Delfim continuou a sua política desenvolvimentista, até ser surpreendido pelos credores, os quais queriam assegurar que seus empréstimos estavam seguros. Com isto ocorreu a instalação de movimentos inerciais, sendo que a partir de 80, especuladores deveriam ter feito uma pequena recessão de modo a controlar a inflação. Porém o ocorrido só fez adiantar a crise pela qual o país passou, assim exibiu taxas de três dígitos, chegando a 100%, 200% e até próximo de 300% a.a., isso ocorreu devido: a alta das taxas de juros internacionais, aumentando ainda mais o nosso déficit. A economia encontrava-se altamente indexada, com repasses automáticos para os preços as expectativas de elevações futuras, causando um processo conhecido como inflação inercial. Assim após ter percebido que suas tentativas de combate à inflação e visando o crescimento não surtiram efeito, veio à primeira tentativa heterodoxa de combate à inflação: o plano cruzado, que tinha como características principais: criação de nova moeda, extinção da indexação, congelamento de preços e salários e a fixação da taxa de câmbio.

Não era hora pra desenvolver o país e que se fosse adotada a política ortodoxa desde o principio quem sabe os erros seriam bem menores e contendo os gastos, os investimento e promovendo a exportação desde o principio o país poderia mesmo com uma taxa cambial valorizada apresentar superávit comercial.

Assim, a década de 80 poderia ser mais valorizada nos dias de hoje e não uma década para ser esquecida e vista como “a década perdida”.

Referência

LOPES, F. O desafio da hiperinflação. Rio de Janeiro: Ed Campus, 1989.

LOURENÇO, GILMAR MENDES. Economia brasileira: da construção da indústria à inserção na globalização. Curitiba: Ed. do Autor, 2005. 164 p.

Autoria: Odair Rodrigues