História do Brasil

Povoamento Brasileiro

Quando estudamos a história do povoamento do Brasil no período colonial, percebemos a existência de expedições oficiais e particulares. As expedições oficiais eram chamadas de entradas e, normalmente, respeitavam os limites estabelecidos pela Coroa, não ultrapassando o que havia sido estabelecido no Tratado de Tordesilhas.

Já as particulares, denominadas bandeiras, tentavam atender aos interesses dos colonos que enfrentavam dificuldades econômicas nas áreas portuguesas. Assim realizavam incursões em regiões que cabiam aos espanhóis pelo acordo feito entre Portugal e Espanha. Algumas dessas expedições eram conhecidas também por monções, por utilizarem os rios como forma de comunicação com regiões longínquas e de difícil acesso.

As expedições particulares, tendo como ponto de irradiação o povoado de São Paulo de Piratininga, foram fundamentais na constituição territorial brasileira, como será visto adiante.

O povoamento litorâneo

Os primeiros momentos desse processo de colonização podem ser descritos da forma como o historiador Sérgio Buarque de Holanda colocou ao dizer que os portugueses pareciam caranguejos arranhando a costa brasileira, pois a colonização foi marcadamente litorânea.

Tal colonização não foi homogênea, pois existiam verdadeiros vazios em trechos do litoral que ainda permitiam incursões de grupos estrangeiros. Exemplo disso foi o povoamento francês no Rio de Janeiro, em 1555.

Aproveitando-se de divisões de grupos indígenas e da oposição dos tamoios à presença portuguesa na área, os franceses entabularam relações amistosas com os nativos e conseguiram, por doze anos, domínio sobre a região que corresponde à baía de Guanabara. Foram expulsos definitivamente por Estácio de Sá em 1567, após duros combates que dizimaram parte da população nativa.

A área mais defendida da costa e mais povoada foi, nesses primórdios da colonização, o Nordeste, região procurada pela proximidade da metrópole e pela capacidade de produção do açúcar, produto de maior valor desenvolvido no Brasil até aquele momento.

É fundamental saber a importância das atividades econômicas no processo de povoamento do Brasil, afinal o que os portugueses pretendiam era realizar a exploração econômica, principal motor da colonização.

A interiorização do povoamento brasileiro

O povoamento da região norte

No norte do Brasil, houve a ação das missões jesuíticas que pretendiam catequisar os nativos. A permanência dos jesuítas na área esteve condicionada ao desenvolvimento de uma atividade econômica, a coleta das chamadas “drogas do sertão”.

Produtos como o anil, a salsaparrilha, a baunilha, o guaraná, o cacau, a castanha-do-pará, o urucum e a pimenta foram explorados e enviados para a Europa, pois tinham bons preços no mercado europeu. Assim, pode-se afirmar que o extrativismo vegetal foi uma atividade importante para o povoamento do norte do Brasil.

O povoamento do Sertão Nordestino

O Sertão Nordestino também foi povoado entre os séculos XVI e XVII e sua ocupação se deve, principalmente, a uma atividade que subsidiava a produção açucareira do litoral: a pecuária.

O rebanho bovino era utilizado na produção de cana, desde a lavoura até a produção do açúcar. A pecuária era uma atividade necessária, mas não podia tomar o espaço que poderia ser utilizado na plantação de cana. Assim, seguindo o leito do rio São Francisco, fazendas de gado foram criadas, ensejando a interiorização no vale do rio e atingindo o sertão.

O povoamento do Centro-Sul

O Centro-Sul também foi área de interiorização portuguesa e o foco de irradiação desse povoamento foi o povoado de São Paulo de Piratininga, no planalto paulista. O início dessa história remonta à incapacidade dos habitantes de São Vicente, instalados por Martim Afonso de Souza, de viver na depen-dência da produção açucareira limitada pela serra do Mar e distante do mercado consumidor europeu. Alguns de seus habitantes decidiram subir a dita serra e, no planalto, fundaram o povoado de São Paulo de Piratininga. A situação não ficou melhor, pois os colonos mais pobres se encontravam nessa povoação e, ao misturarem-se com os nativos, deram origem aos paulistas.

Esses mestiços, que sabiam mais o tupi do que a língua portuguesa, seguiram trilhas indígenas, capturaram nativos, realizaram todo tipo de atividade que lhes rendesse sustento para a sobrevivência e, por fim, atingiram o local que hoje corresponde ao centro do Brasil, o estado de Minas Gerais. Nessa região, houve a exploração das jazidas auríferas, descobertas no final do século XVII e ampliadas ao longo do século XVIII.

Quando os bandeirantes se dirigiram para o Sul, acompanhando a bacia do rio Paraná, chegaram às terras dominadas pelos espanhóis. No que diz respeito a essas áreas mais ao sul, atuaram destruindo as missões jesuíticas espanholas para a preação do índio guarani catequizado. Dessa destruição, rebanhos que eram criados no interior dos aldeamentos jesuíticos foram espalhados e, logo, passou-se a realizar a caça aos rebanhos livres. Veremos adiante que essa região ocupada foi importante para abastecer a área mineradora com alimentos.

Esse povoamento lusitano foi decisivo, pois estabeleceu as bases da formação territorial brasileira em pleno período colonial.

Mapa do povoamento brasileiro

Referência

PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1999. P. 39.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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