História

Expansão Romana e suas consequências

O Império Romano até hoje possui um legado presente em todo o continente europeu e boa parte do Oriente Médio e Norte da África. A expansão territorial era parte de um mecanismo de desenvolvimento econômico e militar e o próprio motor que levou Roma ao apogeu – mas eventualmente também à sua ruína.

Contudo, a expansão de Roma teve início quase 400 anos do período do império. No momento em que Roma desafia o domínio etrusco na Península Itálica e se torna uma república, tem início de fato a expansão romana.

Domínio do Mediterrâneo

Após as vitórias contra Cartago nas Guerras Púnicas (264-146 a.C.), Roma eliminou os grandes concorrentes em toda a região do Mediterrâneo. Cartago era um império que se estendia por todo o norte da África, possuindo diversos entrepostos e territórios em pontos estratégicos do Mediterrâneo.

A vitória sobre o império rival impulsionou a economia e o domínio cultural romano e permitiu à então república desenvolver-se em termos financeiros, militares e políticos para iniciar um ciclo de expansão que iria durar até o ano 117 d.C.

expansão de Roma

Quando primeiramente entrou em conflito direto com os cartagineses, Roma já possuía o controle de quase todo o território do que hoje compreende a Itália. Nos séculos seguinte à vitória nas três guerra púnicas, romanos criariam o maior império da Antiguidade, com domínios que se estenderiam por toda a Europa, inclusive as Ilhas Britânicas, Oriente Médio e África.

A lógica expansionista

Uma vez sob o controle comercial e econômico mediterrâneo, Roma pôde estabelecer uma lógica expansionista escalável. Ao conquistar novos territórios, aumentava também a oferta de mão-de-obra escrava, produtos e insumos e premiava generais e comandantes que atuavam nessas batalhas por meio da concessão de títulos na administração dos territórios conquistados.

Em geral, lideranças locais nas anexações eram mantidas como participantes do poder, o que reduzia as possibilidades de revoltas e insurgências contra a metrópole em Roma. As Guerras Púnicas ainda permitiram que Roma desenvolvesse poderio e experiência militar que suplantava praticamente qualquer outra civilização da época.

Consequências da expansão

A rápida expansão romana criou disparidades que foram se acentuando com o passar do tempo. Os escravo ofereciam poder de trabalho essencial para a construção de estradas e produção agrícola e de bens para manutenção dos próprios exércitos, porém tinham uma consequência funesta.

Pouco antes do fim do período republicano e início do Império Romano, a expansão romana já começava a cobrar o seu preço. Em pontos diferentes do território, os primeiros sinais de uma crise sistemática apareciam:

  • A facilidade de obtenção de escravos levava à substituição da mão-de-obra livre, levando a grandes índices de desemprego em muitas províncias.
  • Os pesados encargos e impostos sobre regiões conquistadas levavam ao descontentamento e criavam camadas sociais intermediárias, com algum poder local, porém falta de prestígio econômico e político perante Roma.
  • Os custos de manutenção do território apenas cresciam à medida que Roma se expandia. Eventualmente, o enorme custo de gestão dos territórios mais afastados acabaria por inviabilizar a conquista de novas regiões, ainda mais longínquas, colocando em xeque toda a lógica expansionista.

Expansão romana e transição para o império

A enorme extensão de Roma por volta dos anos 70 a.C. e 60 a.C. já criava prenúncios do fim da república. Revoltas e guerras civis se tornariam uma constante, porém não reduziriam a lógica expansionista. Nessa época, comandantes e generais possuíam comando quase inquestionável sobre suas legiões e atuavam quase de forma independente em relação ao controle central em Roma – tanto para enfrentar revoltas quanto ao declarar guerra contra outros povos.

Júlio César era um dos generais com maior poder e prestígio nesse período e, sob seu comando, exércitos romanos derrotariam povos em batalhas na Gália, Hispânia e Britânia. Seu sucesso militar e poder o levariam eventualmente a assumir a posição de cônsul e, numa jogada política bem orquestrada, conquistar o título de ditador de forma vitalícia.

expansão de Roma

 

Seu governo, contudo, não duraria muito mais. Em 44 a.C., Júlio César seria assassinado e abriria caminho para o início do império, em 27 a.C., com a nomeação de Caio Otávio como “Augusto”. Roma havia se tornado um império e, como primeiro imperador, Otávio (ou simplesmente Augusto), continuaria o ciclo de César, conquistando regiões importantes da atual Turquia e anexando todo o antigo Egito.

O ápice dos domínios

Com ou sem crise, Roma manteria o ciclo de conquistas pelo período republicano e do império, atingindo o seu ápice no governo de Trajano. No reinado de Trajano, conquistas no leste permitiram a Roma alcançar seu apogeu em termos territoriais.

Trajano venceu batalhas contra os dácios, povo da atual Romênia, e contra os partas, anexando ao território a Armênia, a Assíria e a Mesopotâmia. Nos séculos seguintes, constantes conflitos e revoltas internos e com povos nas fronteiras do império levariam à perda de territórios e eventual divisão de Roma em dois diferentes impérios, no reinado de Diocleciano.

Por: Carlos Artur Matos

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