História

Economia Feudal

A economia feudal perdurou durante quase mil anos na Europa (repetindo-se em épocas diferentes em algumas outras partes do mundo, como no Japão). Durante o período da Idade Média, toda a organização econômica da Europa girou em torno de propriedades de grande porte – os feudos – que eram comandados por senhores que transmitiam a posse das terras para seus herdeiros.

Esses nobres concediam terras a camponeses que, em troca, destinavam a eles parte considerável de sua produção, além de pagar impostos e dispor de sua mão-de-obra para uso em outros projetos e necessidades dos senhores feudais, como a construção, transporte e outros.

O feudalismo foi estabelecido principalmente porque os governantes locais, membros da aristocracia que possuíam terras, tinham como necessidade garantir um contigente de homens para defender suas terras. Esses senhores iniciais, em troca dos serviços desses guerreiros, cavaleiros e defensores, passaram a doar feudos a guerreiros nobres em troca de seus serviços. Os feudos incluíam a terra, as construções que nela existissem e os camponeses que lá morassem e trabalhassem.

Características da economia feudal

Enquanto ao final da Antiguidade, com destaque para Roma, a vida havia se tornado mais urbana, na Idade Média ocorreu um retrocesso – a economia e o estilo de vida passaram novamente por uma ruralização. A produção de subsistência tornou-se o meio de vida principal, contudo os senhores, nobres e proprietários de terras ainda permaneciam no poder.

O trabalho na economia feudal.
Trabalho camponês nos domínios feudais. Iluminura de As ricas horas do duque de Berry. Calendário: mês de março. Elaborado pelos irmãos Limbourg, 1410, Chateau de Chantilly, França.

A economia feudal, portanto, não estava voltada à produção de excedentes comercializáveis. O intenso comércio do Mediterrâneo e pelas estradas romanas entrou em crise com as invasões “bárbaras” e o desmantelamento do Império Romano em centenas de pequenos reinos descentralizou a economia e acabou com a unidade de moeda e idioma que existia durante o período romano. A agricultura voltou a ser a principal atividade.

A nobreza remanescente, contudo, dona das terras, explorava a população camponesa, forçada a produzir para si e para toda a sociedade. Os excedentes das lavouras de subsistência eram então destinados a esses senhores, para o pagamento da cessão de terras – algo que durava para sempre. Além de ceder excedentes, camponeses também deviam pelo “empréstimo” das terras que cultivavam, e por elas deviam o pagamento de tributos.

Quando havia comércio, acontecia uma espécie de escambo. A falta de unidade monetária tornava a troca a única forma realmente eficaz de comércio, embora alguns feudos, com o tempo, passassem a cunhar moedas em metais valiosos – o que resolvia parcialmente a falta de uma moeda única.

Mais tarde, as centenas de diferentes moedas criaram uma classe especial de pessoas que realizavam o câmbio entre moedas de feudos diferentes – os primeiros passos de um sistema bancário. A desmonetarização da economia europeia ocorreu principalmente devido aos constantes saques dos invasores bárbaros. Bem como o isolamento dos feudos – o que explica incluive a proliferação da construção de castelos e fortalezas.

Sem opção, pobres e camponeses que viviam no entorno desses feudos precisavam garantir não apenas terras cultiváveis, mas também proteção contra ataques e saques – e por isso tinham de pagar os pesados impostos exigidos por seus senhores.

Os tributos

A tributação era o instrumento básico de drenagem de riquezas da economia feudal. Entre os tributos mais recorrentes e duradouros na história da Idade Média, estão:

  • Corveia: Trabalho executado pelos camponeses nas terras do senhor feudal (manso senhorial) por alguns dias da semana, normalmente três. Toda a produção do manso senhorial destinava-se ao senhor feudal, o que lhe garantia parte da riqueza produzida pelos camponeses.
  • Talha: pagamento pela proteção dada pelo senhor feudal aos camponeses. O tributo era pago com parte da produção nas terras dos camponeses (manso servil).
  • Banalidade: Pagamento pela utilização de equipamentos do senhor feudal (fornos, moinhos, etc…). Uma parte do que era produzido nesses equipamentos precisava ser entregue.
  • Mão-morta: imposto pago para ter direito a herança da terra, era pago pelo filho mais velho de um chefe de família quando este morria. O tributo, normalmente, era feito pela entrega de animais de criação.
  • Capitação: Pagamento geralmente realizado por habitantes de vila e cidades controladas pelo senhor feudal. A cobrança era feita por cabeça (per capita), ou seja, por pessoa, na forma de favores ao senhor feudal, como trabalhos de marcenaria por exemplo.
  • Formariage: imposto pago pelo servo para poder se casar com uma mulher de outro feudo.

Referências

  • DUBY, Georges. História artística da Europa: a Idade Média. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
  • ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado absolutista. São Paulo: Brasiliense, 1995.

Por: Carlos Artur Matos

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