História

Nomadismo

Modo de vida original do homem segundo a antropologia evolucionista, o nomadismo foi substituído pelo sedentarismo devido à revolução provocada, no neolítico, pelo surgimento da agricultura. Todavia, o nomadismo ainda persiste em regiões onde as circunstâncias não permitem outro tipo de vida.

Nomadismo é o modo de vida em que uma população ou comunidade não dispõe de habitações fixas e mantém-se em movimentação permanente, à procura de melhores condições de sobrevivência. O termo também é aplicado, por extensão, ao gênero de vida de certos povos das regiões tropicais, que subsistem graças à coleta vegetal, à caça e à pesca, todas praticadas de maneira rudimentar. Em geral, esses caçadores e coletores organizam-se em pequenos grupos isolados que se movimentam em área delimitada onde conhecem os hábitos dos animais, as fontes de água e a distribuição das espécies vegetais.

O nomadismo é estreitamente ligado ao pastoreio, como indica o próprio termo, derivado do grego nomas, “pastagem”. Esse modo de vida é, na maioria das vezes, provocado pelo deslocamento dos rebanhos, que, em busca de locais onde se mostra mais abundante a pastagem natural, acabam por provocar também o deslocamento de seus proprietários. Os pastores nômades deslocam-se sobre um território de grande extensão e muitos permanecem em determinadas áreas durante a maior parte do ano. Na África, alguns grupos nômades chegam mesmo a obter colheitas regulares em seus deslocamentos sazonais.

Nomadismo

No nomadismo pastoril, o animal mais típico é o carneiro, embora outros lhe estejam associados, como o cabrito, o cavalo, o camelo, o iaque e a rena, preferida nas tundras. A vida nômade implica precárias condições de segurança, o que leva os grupos a se organizarem em moldes tribais, com base no regime patriarcal. Devido à mobilidade exigida nos constantes deslocamentos, a casa em geral resume-se a uma tenda, fácil de ser armada e transportada. Parte dos nômades depende exclusivamente de seus rebanhos. Outros costumam também comerciar com outros grupos, para obter cereais e outros alimentos.

O nomadismo atual é típico dos desertos da Ásia, em especial na Arábia e na Mongólia, e os beduínos e tuaregues da África saariana. Em época recente, os esquimós do Alasca também se tornaram nômades. Na Arábia, registrou-se uma grande expansão do nomadismo e mesmo as cidades que surgiram na região, como é o caso de Meca, Medina e Sana, tiveram origem em feiras comerciais frequentadas pelos grupos que se deslocavam pelo deserto.

Irradiação histórica

Fator de importância fundamental para a existência nômade foi a revolução religiosa provocada por Maomé, sem a qual os beduínos jamais teriam sido unificados. A profunda religiosidade acabou por levar à unificação política e preparou os árabes para as guerras santas que seriam empreendidas pelos califas. A unificação de tribos nômades também deu origem ao império turco, de rápida expansão, e que acabou por conter o avanço dos árabes em direção a leste e ao império mongol, fundado por Gengis Khan.

A unificação de tribos nômades ainda deu origem a um terceiro império, o das tribos magiares de raça mongólica dos Urais. Obrigadas a abandonar sua região, essas tribos avançaram até a Alemanha, onde Oto o Grande as obrigou a aceitar a hegemonia do Sacro Império Romano-Germânico. Seus integrantes foram convertidos ao cristianismo por santo Adalberto e seu líder, Waic, após o batismo adotou o nome de Estêvão.

Autoria: Beatriz Machado de Souza