História

Peronismo

O peronismo foi a maior força política argentina do século XX. Inspirado no fascismo europeu, Perón implantou uma economia nacionalista e industrializante e uma política trabalhista corporativista.

Juan Domingo Perón foi o mais famoso de todos os caudilhos, eleito três vezes presidente da Argentina.

Começou sua carreira política baseada na mobilização demagógica de operários e dos “descamisados” — os migrantes do campo para a cidade.

Eleito presidente em 1946 e reeleito em 1951, foi promovido a general pelo Congresso. Implantou um programa social conhecido como o “Justicialismo“, doutrina populista de cunho nacionalista inspirada no nazi-fascismo e apresentada como uma “terceira posição” entre o comunismo e o capitalismo.

Aproveitando a prosperidade econômica, o apoio operário foi mantido por uma política social paternalista, administrada com eficiência por Eva Perón, esposa do presidente, que assumiu o papel de fada para os humildes e porta-voz das reivindicações dos trabalhadores. Para tanto, o Governo intensificou o controle do Estado sobre a economia e nacionalizou os serviços públicos (transportes urbanos, ferrovias, telefone e gás). Concomitantemente, liquidou a oposição, impondo o unipartidarismo e estatizando os meios de comunicação e os sindicatos.

Juan e Eva Perón
Juan e Eva Perón (1950)

A implantação dos planos de aparelhagem da indústria leve e criação da indústria pesada foram dificultadas pelo alto custo das nacionalizações, que esgotaram as reservas de divisas. Assim, a Argentina, ainda dependente do setor agroexportador, não tinha condições de enfrentar a crise econômica desencadeada a partir de 1951.

A inflação crescente não permitia mais continuar a política distributiva sem afetar os lucros das classes dominantes. As medidas de austeridade adotadas (racionamento do consumo, congelamento de salários) e a negociação de contratos de exploração de petróleo e gás com empresas da América do Norte corroeram as bases do Peronismo.

A crise aprofundou-se com as denúncias de corrupção do Governo e rompimento com a Igreja, acusada de interferir nos assuntos do Estado. Perón foi excomungado por defender o divórcio.

Em setembro de 1955, a ditadura de Perón foi derrubada pela Marinha e ele se exilou na Espanha. Os militares não conseguiram dar estabilidade ao país. A situação era tão tensa que, no início da década de 70, os generais permitiram a convocação de eleições, sendo eleito o candidato peronista Héctor Cámpora. Este providenciou imediatamente o retorno de Perón. Cámpora renunciou à Presidência para permitir a eleição de Perón (1973), que tinha em sua mulher Isabel a vice-presidente.

Perón faleceu aos 78 anos e a situação econômica continuou a grave, com altíssima inflação. Foi desfechado novo golpe militar pelos generais, em 1976.

Por: Renan Bardine

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