Pedagogia

Pedagogia de Comenius

A pedagogia de Comenius teve sua primeira versão em 1657. Era uma tradução latina e em razão do papel mais amplo que assumiria, alterou várias de suas partes, exageradamente ligadas à situação política contingente, e deixou de oferecê-la a nação boêmia, dedicando-a a “todos os que presidem os destinos humanos, aos ministros de Estado, aos pastores das igrejas, aos diretores das escolas, aos pais e aos pastores das igrejas, aos diretores das escolas, aos pais e aos preceptores dos jovens”.

Comenius submeteu o manuscrito da tradução latina à leitura de várias pessoas. A uma delas, o historiador Joaquim Hubner, pediu, em especial, um parecer técnico sobre a publicação. Que foi cruel; se manifesta contrário a publicação; e até menospreza.

Aborrecido diante das criticas Comenius, deixa de lado o seu projeto de edição, durante duas décadas.

Didática significa ensinar: de não muito tempo a esta parte homens ilustres têm-se empenhado em estudar essa arte por sentirem compaixão do trabalho de Sisifo realizado pelos escolares; diferentes das tentativas, diferentes os resultados.

Nós ousamos uma Didática Magna, uma arte universal de ensinar tudo a todos; de ensinar de modo certo, para obter resultados; ensinar de modo fácil, sem que docentes e discentes se molestem ou enfadem.

Quando se refere à utilidade da arte didática de Comenius, questiona-se a quem interessa que a didática seja bem fundamentada. Então se dá uma resposta.

1. Aos Pais: muitos pais até hoje não sabiam o que esperar para seus filhos. Mas uma vez que o método de ensino tenha atingido infalível certeza, obter-se-á sempre com a ajuda de Deus o resultado esperado.

2. Aos Preceptores: a maioria sempre ignorou a arte de ensinar, e para cumprir com seu dever, consumiam-se e exauriam suas forças em diligentes atividades; ou mudavam de método, procurando obter resultados por este ou aquele caminho, nunca sem um aborrecido gasto de tempo e energia.

3. Aos Estudantes: sem dificuldades, sem enfado, sem gritos e pancadas, praticamente brincando e divertindo-se, aos mais elevados graus do saber.

4. As escolas: com um método mais eficaz, não só poderão manter-se em plena florescência  como também melhorar indefinidamente.

5. Aos Estados: segundo o citado testemunho “Qual o fundamento de todos os estados? A educação dos jovens. As videiras que não são bem cultivadas nunca produzem bons frutos”.

6. A Igreja: somente escolas bem fundamentadas poderão evitar que faltem doutores instruídos e a estes, discípulos capazes nas igrejas.

7. Finalmente é de interesse do CÉU que as escolas sejam reformadas, promovendo uma educação idônea e universal das almas.

Comenius reclamava que nenhuma escola havia atingido tal grau de perfeição, qual seja, o de promover o ensino para todos. E mesmo nos dias atuais isto ainda é uma utopia para muitos países, e assim ainda permanecerá por muito tempo. Em seu Projeto Pedagógico Comenius propõe um modelo de organização escolar segundo o qual:

I. Toda a juventude nela seja educada

II. Seja educada em todas as coisas que podem tornar o homem sábio, honesto e piedoso.

III. Essa formação, que é a preparação apara a vida seja concluída antes da idade adulta.

IV. E seja tal que se desenvolva sem severidade e sem pancadas, sem nenhuma coarctação, com a máxima delicadeza e suavidade, quase de modo espontâneo (assim como um corpo vivo aumenta lentamente sua estrutura, sem que seja preciso esticar e distender seus membros, visto que alimentado com prudência, assistido e exercitado, o corpo quase sem aparecer-se, adquire robustez); da mesma forma, os alimentos, os nutrientes, os exercícios se convertam no espírito em sabedoria virtude e piedade.

V. Todos sejam educados para uma cultura não vistosa, mas verdadeira, não superficial mas sólida, de tal sorte que o homem, como animal racional, seja guiado por sua própria razão e não pela de outrem e se habitue não só a ler e a entender nos livros a opiniões alheias, mas a penetrar  por si mesmo na raiz das coisas e delas extrair autêntico conhecimento e utilidade. A mesma solidez é necessária para a moral e a piedade.

VI. Que essa educação não seja cansativa, mas facílima: que aos exercícios de classe não sejam dedicadas mais de quatro horas, de tal modo que um só preceptor possa ensinar até cem alunos.

Como que assumindo uma posição de psicólogo, trata das diferenças individuais e chega a estabelecer uma espécie de psicologia educacional. Com a qual classifica os alunos conforme critérios de inteligência. Conforme seu juízo de valor. Enquadram-se em seis tipos:

a) o inteligente e ávido de saber

b) o inteligente e vagaroso

c) o  inteligente ávido de saber mais obstinado

d) o obtuso lento mais dócil e ávido de saber

e) o obtuso lento e preguiçoso e

a) o deficiente

Além da classificação Comenius ainda prescreve uma orientação adequada e não exclui nenhum, pois seu objetivo é ensinar tudo à todos, indiscriminadamente.

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