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Adaptações dos répteis ao ambiente terrestre

Apesar de algumas formas viverem no mar (tartarugas) e na água doce (cagados e crocodilianos), onde se adaptam melhor para a locomoção e, consequentemente, para a captura de suas presas, os répteis constituem a primeira classe de vertebrados a conquistar definitivamente o meio terrestre. Esse fato deve-se à existência de várias características adaptativas.

Adaptações dos Répteis

A) Pele impermeável e quase sem glândulas

As células epidérmicas depositam grossas camadas de queratina, que reduz a perda de água e forma anexos, como as placas e escamas córneas para proteção (radiação solar e atrito), garras e um bico córneo nos quelônios.

Apenas alguns répteis têm glândulas que produzem secreções odoríferas para o reconhecimento da espécie e sexual. Algumas cobras e lagartos secretam substâncias irritantes que os protegem de predadores. A ocorrência de poucas glândulas na pele representa economia de líquidos.

B) Respiração Pulmonar

A impermeabilização da pele impede as trocas gasosas através de sua superfície, fato compensado pelo aumento considerável da superfície interna dos pulmões, que aumenta a capacidade respiratória desses órgãos. Os pulmões são os órgãos que melhor adaptam os vertebrados à respiração no meio terrestre, apesar de muito expostos à invasão de microrganismos, felizmente combatidos por um sistema imunológico eficiente. Anfíbios adultos, todos os répteis, toda as aves e todos os mamíferos são pulmonados.

Tartarugas também realizam trocas gasosas através das paredes vascularizadas da cloaca, adaptando-se a longos períodos de mergulho.

Os diferentes tipos de répteis

C) Esqueleto mais forte, sistema muscular mais complexo e sistema nervoso central melhor desenvolvido

Todos esses fatores associados contribuem para melhorar a sustentação e a locomoção na terra. As cobras não têm membros e cinturas, mas movem-se ou nadam com desenvoltura por ondulações laterais do tronco e cauda. As tartarugas, cagados, jacarés e crocodilos, movem-se mal fora da água.

D) Excreção urinaria concentrada

Os répteis necessitam de menos água para remover as excretas nitrogenadas do sangue, pois eliminam principalmente ácido úrico — cujo grau de toxidez é menor que o da amônia e da ureia — sob a forma de cristais insolúveis. Além disso, grande parte da água removida do sangue pelo rim é reabsorvida pelo próprio rim, pela bexiga urinaria ou pela cloaca.

Lembremos que a excreção do ácido úrico está relacionada ao desenvolvimento do ovo com casca, onde as excretas nitrogenadas do embrião devem ficar armazenadas de forma a não o intoxicar, a não ocupar muito espaço interno e a não utilizar muita água — que é escassa. A transformação das excretas em ácido úrico diminui a toxidez e permite o armazenamento temporário na vesícula extraembrionária chamada alantoide que, como outros anexos embrionários, é descartável no fim do desenvolvimento. Essa capacidade metabólica manteve-se nos adultos. O mesmo acontece com as aves.

E) Reprodução com fecundação interna, desenvolvimento direto (ausência de larvas aquáticas), ovos com casca e a presença dos anexos embrionários âmnio e alantoide

Os répteis põem menos ovos que os peixes e anfíbios, porém a evolução de um ovo, equipado para o desenvolvimento na terra, diminui a mortalidade dos embriões. A maioria dos répteis é ovípara e esconde seus ovos no solo, areia, leito de folhas, onde o calor do ambiente ajuda a incubá-los, buracos em madeira ou paredes. Algumas cobras e lagartos retêm seus ovos no oviduto, onde os embriões se desenvolvem usando a reserva vitelínica; são, portanto, ovovivíparos.

Geralmente apresentam sexos separados e dimorfismo sexual.

Conclusão

Características como a impermeabilização da pele, a respiração pulmonar, a economia de água pela urina, a fecundação interna, os ovos com casca e os anexos embrionários (âmnio e alantoide) tornaram a maioria dos répteis bem adaptados ao meio terrestre, mesmo em habitats muito áridos.

Entretanto, sua distribuição geográfica fica limitada pelo fato de serem ectotérmicos, dependendo da temperatura ambiental para acelerar o metabolismo. São particularmente abundantes nas regiões tropicais e subtropicais e menos numerosos nas regiões temperadas, onde não poderiam manter sua temperatura elevada à noite ou em dias frios.

Nos climas quentes, os répteis conseguem manter a temperatura do corpo relativamente alta e constante através de uma termorregulação comportamental, isto é, ajustando seu tempo de exposição ao sol. Assim, permanecem ativos durante o dia. Mas cobras peçonhentas e lagartixas são ativas no período noturno.

Como os répteis, são ectotérmicos e seu metabolismo mais baixo que o dos endotérmicos (aves e mamíferos), suas demandas de oxigênio e alimento são menores, permitindo-lhes viver bem em regiões desérticas e outros habitats onde a alimentação é mais escassa.

Por: Paulo Magno da Costa Torres

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