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Marrocos

Situado na região africana do Magreb, o Marrocos é um país muçulmano em que as influências espanholas e francesas se adaptaram à rica tradição cultural árabe e bérbere. Seu território, cortado por altas cordilheiras, é de modo geral menos quente e seco que o dos países vizinhos.

O Marrocos situa-se no noroeste da África e está separado da Europa pelo estreito de Gibraltar. Limita-se a oeste com o Oceano Atlântico, a nordeste com o mar Mediterrâneo, a leste e sudeste com a Argélia e a sudoeste com o Saara Ocidental (ex-Saara Espanhol).

O Saara Ocidental, território limitado a leste e ao sul com a Mauritânia e a oeste com o Atlântico, foi anexado pelo Marrocos, apesar dos protestos internacionais e de grupos nacionalistas, depois que a Espanha retirou-se da região, em 1975. Não se considerando o Saara Ocidental, o Marrocos possui uma superfície de 458.730km2 (710.850km2 com o Saara Ocidental). O governo marroquino reivindica à Espanha as localidades espanholas de Ceuta e Melilla e as ilhas Chafarinas.

Principais CidadesCasablanca, Marrakesh, Fez, Tânger
Líder de Governo (2022)Aziz Akhannouch (1º ministro)
CapitalRabat
População35.042.582 (estimativa de 2016)
Líder de EstadoMaomé VI
Forma de GovernoMonarquia constitucional, com um parlamento eleito por via democrática
IdiomaÁrabe e Bérbere
Religião PredominanteIslamismo
Nome OficialReino de Marrocos
Área458.730 km2 (710.850km2 com o Saara Ocidental)
MoedaDirham Marroquino (MAD)
PIBUS$ 103,8 bilhões (dados de 2014 do FMI)
IDH0,683 – médio (2021)
ContinenteÁfrica
RegiãoNorte da África (Magreb)
Bandeira
Expectativa de VidaHomens 74,2 anos e mulheres 80,5 anos (estimativas de 2018)

Geografia do Marrocos

Com altitude média de 800m acima do nível do mar, o Marrocos é um país predominantemente montanhoso. Duas cordilheiras, o Rif, ao longo do litoral norte, e o Atlas, no centro, dividem o Marrocos oriental, fisicamente semelhante à vizinha Argélia, do Marrocos atlântico, mais montanhoso. As duas regiões são ligadas pelo desfiladeiro de Taza, no nordeste, bem como por rodovias que seguem antigas rotas coloniais.

Os sistemas montanhosos formaram-se como resultado dos dobramentos e soerguimentos do período terciário, há cerca de sessenta milhões de anos. A cordilheira do Atlas compõe-se de três cadeias paralelas: o Atlas Médio, ao norte; o Alto Atlas, no centro; e o Anti-Atlas, ao sul. As maiores altitudes encontram-se no Atlas Médio (3.290m) e, principalmente, no Alto Atlas, onde o Toubkal alcança 4.165m.

Variável de acordo com a latitude, o clima é mediterrâneo no norte e desértico no sul. A influência do Atlântico, porém, é importante, porque os ventos úmidos e a corrente oceânica fria procedente das ilhas Canárias reduzem a temperatura na faixa litorânea. No litoral, a temperatura média durante o dia, no verão, oscila entre 18º e 28º C. No interior, contudo, muitas vezes excedem 35º C. As médias no inverno oscilam entre 8º e 17º C, durante o dia, e no interior caem significativamente, muitas vezes abaixo de zero.

As montanhas têm um importante papel na vida econômica do país, pois são as principais geradoras de água para irrigação das planícies. Nascem ali os grandes rios permanentes que correm para o Atlântico, como o Sebou, o Bou-Regreg, o Oum-er-Rbia, o Tensift e o Sous; para o Mediterrâneo, como o Moulouya; e, mesmo para o Saara, como o Dra e Dades. Em sua maioria, no entanto, os rios marroquinos são temporários.

Fora das áreas desérticas, a vegetação do Marrocos assemelha-se à da península ibérica. Ao longo do litoral, predomina o maqui, vegetação arbustiva típica da área mediterrânea, que, no Rif, dá lugar à floresta de coníferas. Os planaltos são recobertos por estepes, enquanto ao longo do litoral atlântico encontram-se bosques de sobreiros. O Médio Atlas possui magníficos bosques de cedros e, ao sul do Anti-Atlas, a vegetação é do tipo desértico.

Deserto no Marrocos

População

A população marroquina é de origem árabe e berbere, embora as diferenças entre os dois grupos sejam mais linguísticas que raciais. A língua berbere, apesar de ter sofrido forte influência do árabe, se conservou nas regiões montanhosas. Os povos de língua berbere dividem-se em três grupos etnolinguísticos: os rif, da cadeia do Rif; os tamazight, do Médio Atlas; e os shluh, do Alto Atlas e da planície do Sous. O resto da população fala árabe e é formada de berberes arabizados, assim como de um pequeno número de beduínos que chegaram ao Marrocos com o exército islâmico no século VII ou com a tribo invasora hilal nos séculos XI e XII.

Os imigrantes muçulmanos espanhóis que chegaram ao Marrocos durante a reconquista cristã da península ibérica, que terminou em 1492 com a capitulação do reino mouro de Granada, eram uma mistura de árabes, berberes e ibéricos, cujos descendentes vivem em Rabat, Salé, Fez e Tétouan. A colonização europeia trouxe uma minoria de franceses e espanhóis, que antes da independência chegou a alcançar meio milhão de habitantes. Os idiomas desses grupos continuaram a ser falados depois nas áreas urbanas onde França e Espanha exerceram seu protetorado. Numerosa e importante antes da criação de Israel, a minoria judia diminuiu muito em função da emigração para o estado judaico.

A população concentra-se nas planícies, planaltos e colinas do noroeste do país. As regiões áridas do leste e do sul e os montes Atlas são muito pouco povoados. Com uma população bastante jovem no final do século XX, Marrocos apresentava alta taxa de natalidade e crescimento demográfico elevado. A capital do país é Rabat, mas Casablanca é a cidade mais importante e o principal centro industrial e comercial. Marrakech, Fez e Meknès são cidades tradicionais, e Tânger é centro turístico.

Economia

Como na maioria das antigas colônias europeias, a economia marroquina permanece muito dependente das exportações de matérias-primas. Caracteriza-se também por uma dicotomia entre um grande setor tradicional e um setor menor, orientado para a exportação. No conjunto, a economia moderna é responsável por mais de setenta por cento do produto interno bruto, embora gere apenas trinta por cento dos empregos.

O Marrocos é um dos poucos países árabes com potencial para alcançar a autossuficiência na produção de alimentos. Entre os principais produtos agrícolas estão o trigo, a cevada, as frutas cítricas e a batata. O país exporta verduras e frutas para o mercado europeu e é autossuficiente na produção de carne, embora precise importar leite. O governo concede licenças a barcos espanhóis, japoneses e soviéticos para pescar em suas águas, com a condição de que ajudem o Marrocos a executar programas de expansão de sua indústria pesqueira.

Apesar de seu potencial agrícola e pesqueiro, a economia do Marrocos baseia-se na mineração. O país concentra as maiores reservas mundiais de fosfato e extrai também ferro, zinco, chumbo, manganês, cobre e pirita (sulfato de ferro do qual se extrai enxofre) em grandes quantidades.

A atividade industrial mais importante é a transformação de fosfato em fertilizante e ácido fosfórico para a exportação, além da produção de artigos têxteis e alimentícios. O país também investe na indústria pesada e oferece estímulos fiscais para atrair capital estrangeiro. Dominam a pauta de exportações o fosfato e seus derivados, produtos agrícolas e artigos têxteis. Como fontes de divisas, o turismo e as remessas por parte de marroquinos que trabalham no exterior são praticamente equivalentes às exportações de fosfatos.

O sistema financeiro é misto: os bancos estatais convivem com bancos privados nacionais e estrangeiros. O sistema de transporte por rodovia e ferrovia desenvolveu-se rapidamente a partir de 1970. O principal aeroporto está localizado perto de Casablanca.

História

No século XII a. C., os fenícios instalaram feitorias no litoral mediterrâneo e atlântico, de onde passaram a controlar o comércio de prata e ouro procedente do interior. Em pontos estratégicos da costa, em áreas hoje ocupadas por cidades como Rabat e Marrakesh, fenícios garantiam o domínio comercial do Mediterrâneo, tendo o norte africano como uma área passível de aportar, mas também um local de contato com tribos saarianas e civilizações centroafricanas.

O declínio do domínio fenício não diminuiu a importância do litoral do atual Marrocos. Cartagineses estabeleceram, durante o último milênio antes de Cristo, diversas cidades e entrepostos comerciais na região.

Sob o domínio cartaginês ainda, o Marrocos era parte do antigo reino da Mauritânia (não confundir com a atual Mauritânia, país localizado mais ao sul do deserto do Saara). O reino manteria relações com romanos e permaneceria relativamente independente durante um século, após a destruição de Cartago pelos romanos nas Guerras Púnicas. No ano de 44 a.C., contudo, o atual território do Marrocos e outras terras no entorno seriam finalmente anexadas pelo imperador Cláudio, para formar a província romana da Mauritânia.

Os romanos mantiveram seu domínio até o século III d.C. Entretanto, a chamada Crise do Terceiro Século – que marcou o início do declínio romano que acabaria com o fim do império – permitiu a tribos bérberes do Saara a reconquista de grande parte dos territórios da Mauritânia romana. Os romanos, também pressionados no restante do império, inclusive na Europa, ficariam limitados a algumas cidades costeiras do norte africano, como Ceuta.

A ascensão dos povos germânicos ainda frustraria as reconquistas bérberes. Os vândalos, que na cisão do Império Romano dominariam boa parte da atual Espanha, avançaram também no norte africano, mantendo o controle da região até o ano de 534 a.C., quando bizantinos lidarados por Belisário alcançariam o Magreb, derrotando os germânicos.

Mas não havia paz duradoura no Magreb. Ao longo do século VII, a expansão dos povos árabes atingiu toda a parte africana do Mediterrâneo e norte do Saara. Bérberes, ainda resistentes, finalmente cederiam aos ataques dos sultanatos e califados no ano de 709 d.C. Unindo-se aos árabes, os bérberes, agora adeptos da fé islâmica, ajudariam seus conquistadores a tomar a Península Ibérica, atravessando o estreito.

A consolidação do islamismo e declínio dos califados

Tal como ocorreu em todo o norte do continente africano, califados e sultanatos estabeleceriam uma consolidação que se estenderia até os dias atuais. Um descendente de Maomé, Idriss I, refugiou-se em 786 no Marrocos, onde fundou uma dinastia independente do califado abássida de Bagdá, recuperando um sentimento nacionalista em toda a região do Magreb. Idriss II estendeu seus domínios para sul e leste e transformou Fez num grande centro religioso e cultural. No século XI, os almorávidas, berberes procedentes da Mauritânia, invadiram o país e estenderam seu domínio até a Espanha. Um século depois teve início o movimento religioso, logo transformado em político, dos almôadas, que fundaram um império consolidado também em parte da Península Ibérica. As semelhanças culturais entre o Marrocos e a Espanha, ambas regiões dominadas por almorávidas, abássidas e almôadas, faz-se visível ainda hoje, especialmente nos elementos arquitetônicos.

No século XIII surgiu um novo império no Marrocos, o dos marínidas berberes, que se impôs ao decadente poder almôada. Em 1269, o marínida Abu Iúçufe Iacube derrotou os almôadas remanescentes, tomou Marrakesh e assumiu o controle de boa parte do Magreb. Marchou inclusive contra os cristãos na Andaluzia espanhola, porém sem recuperar quaisquer territórios relevantes. Os marínidas tiveram sua ascensão num período em que os califados já haviam perdido o poder na Península Ibérica para os reinos cristãos europeus.

O processo começava a se inverter. Em 1415, os portugueses fundaram feitorias em Ceuta (que depois passaram ao domínio espanhol) e em outros pontos do litoral, mas o Marrocos conseguiu conter a invasão europeia, na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, e, no fim do mesmo século, a dos turcos, que haviam conquistado grande parte do norte da África. Com a abertura de novas rotas marítimas, o comércio através do Saara foi abandonado, e o país entrou em declínio como consequência de uma grave crise econômica. Em meados do século XVII fundou-se a dinastia dos álidas, que se proclamaram descendentes diretos de Maomé.

A ascensão das coroas europeias, ao longo da Idade Moderna, tornaria os territórios do Magreb colônias dos principais reinos da Europa. Entretanto, o islamismo, após quase mil anos de disseminação no Saara, já era consolidado nas culturas dos povos locais.

Com a invasão francesa da Argélia em 1830, o Marrocos começou a envolver-se nas lutas colonialistas contra as potências europeias. O país prestou ajuda militar aos argelinos, mas as forças marroquinas foram derrotadas pelos franceses em 1844. Em 1859, uma disputa com a Espanha pelas fronteiras do encrave de Ceuta provocou uma guerra na qual as forças marroquinas saíram derrotadas. O sultanato álida teve que pagar uma pesada indenização e ceder à Espanha o encrave de Ifni.

Em 1904, o Reino Unido reconheceu os interesses franceses no Marrocos, e, no mesmo ano, França e Espanha chegaram a um acordo que assegurava aos espanhóis o norte do Marrocos como área de influência. A Conferência Internacional de Algeciras, em 1906, reconheceu a integridade territorial do império marroquino, ao mesmo tempo em que legitimou a preponderância de França e Espanha no país. Em 1912 estabeleceram-se os protetorados francês e espanhol. A França ficou com a maior parte do território, e à Espanha couberam os territórios do Rif e de Ifni.

Em 1921 iniciou-se no Rif uma insurreição contra os espanhóis, comandada pelo emir Abd al-Krim. A rebelião anticolonialista se estendeu à zona de influência francesa, mas foi dominada em 1926 pelas forças franco-espanholas. Em 1936, durante a guerra civil espanhola, tropas marroquinas lutaram sob as ordens do general Francisco Franco na península ibérica. Em 1943 surgiu no protetorado francês um partido separatista. O sultão Mohamed ben Yusuf (Mohamed V) aderiu ao movimento nacionalista e dez anos depois foi deposto pelos franceses por não ter aceito sancionar reformas que lhe limitavam o poder. A Espanha, que não havia sido consultada, negou-se a reconhecer a deposição e acolheu patriotas marroquinos em seu protetorado. Preocupado com a rebelião argelina, o governo francês concedeu a independência ao Marrocos em 2 de março de 1956, e Mohamed ben Yusuf voltou ao trono. Em abril do mesmo ano, a Espanha renunciou aos territórios de seu protetorado no norte, e o Marrocos, parcialmente unificado, tornou-se independente, adotando o regime de monarquia constitucional em 1962.

Ao obter a independência, o Marrocos havia aceito e reconhecido a legitimidade de suas fronteiras em tratados com a França e a Espanha. O partido Istiqlal e outros grupos nacionalistas reivindicaram, contudo, o que chamavam de Grande Marrocos, território que, a leste, avançava pelo Saara argelino e, ao sul, chegava até o rio Senegal e incluía o Saara Espanhol e a Mauritânia, assim como vastas regiões da Argélia, Senegal e Mali. O Marrocos pretendia anexar dois milhões de quilômetros quadrados (mais de quatro vezes a extensão de seu território na época) escassamente povoados, mas ricos em recursos minerais.

O governo marroquino conseguiu cumprir parte de seu ambicioso programa. Em 1958, a Espanha passou para o Marrocos a porção sul do protetorado espanhol, Tarfaya, e em 1969 devolveu Ifni. O rei Hassan II, que sucedera a seu pai, Mohamed V, em 1961, encabeçou em 1975 a Marcha Verde, integrada por 350.000 marroquinos desarmados que penetraram no Saara Espanhol e forçaram a Espanha a abandonar o território. Em 1976, o país iniciou uma guerra com a Frente Polisario (Frente Popular para a Libertação da Saguia el Hamra e Río de Oro), que lutava pela independência do território ocupado pelos marroquinos e rebatizado com o nome de Saara Ocidental. Em 1986, o país conseguiu assegurar dois terços do território. O estreitamento das relações com a Argélia, em 1987 e 1988, juntamente com uma proposta de paz das Nações Unidas, aceita por Marrocos, prenunciou uma solução para o problema, mas a ação militar da Frente Polisario, no ano seguinte, interrompeu as conversações.

Marrocos atual

Em relação a muitos outros países de maioria islâmica no norte africano, o Marrocos sempre se manteve razoavelmente distante do fundamentalismo extremo. A constituição de 1992 estipula uma monarquia constitucional modificada, na qual o chefe de estado é um rei hereditário.

O poder legislativo cabe a uma assembleia unicameral, de 333 membros, com mandato de seis anos. Destes, 222 são eleitos por sufrágio universal, e 111 escolhidos por um colégio eleitoral formado por conselheiros municipais e representantes de entidades profissionais. O poder executivo é exercido pelo rei, que nomeia (e pode demitir) o primeiro-ministro, que por sua vez indica os demais membros do gabinete. O rei pode também dissolver a Assembleia.

O país tem um sistema multipartidário, com relativa variedade de participação legislativa.

  • Coligação Nacional dos Independentes (RNI): centrista, relativamente inclinado para o liberalismo social. Foi o partido que liderou as últimas eleições
  • Partido Autenticidade e Modernidade (PAM): modernista e orientado para reformas, formado por um conselheiro do Rei e ex-Ministro do Interior
  • Partido de Independência “Istiqlal” (PI): nacionalista conservador
  • União Socialista das Forças Populares (USFP): socialista de esquerda
  • Movimento Popular (MP): centrista, dominado pelos oradores berberes (Tamazight), mas sem uma pauta berbera distinta
  • União Constitucional (UC): economicamente liberais, mas conservadores em questões sociais
  • Partido do Progresso e Socialismo (PPS): socialista, ex-comunista
  • Partido de Justiça e Desenvolvimento (PJD): Islâmico moderado, lidera a aliança política

Sociedade

Embora o governo tenha investido na medicina preventiva, por meio do aumento do número de dispensários e centros de saúde, metade da população rural não tem acesso a esses serviços. O Marrocos é um país com centros urbanos bem desenvolvidos, porém ainda enfrenta as mazelas de um país de baixo nível de desenvolvimento, especialmente em regiões mais distantes dos centros comerciais. Antigas doenças endêmicas, como tracoma, tuberculose e cólera, foram erradicadas. A incidência de outras doenças, como a hepatite, permanece elevada, enquanto novas doenças, como a esquistossomose, tornam-se mais frequentes.

O ensino é obrigatório entre os sete e 13 anos de idade. Apesar dos programas educativos do governo, o analfabetismo entre a população é grande. No final do século XX, metade dos alunos do curso primário atingia o ensino secundário, e um entre dez chegava à universidade. Na mesma época, a educação absorvia um quarto do orçamento nacional. A religião oficial do estado é a muçulmana sunita.

O turismo nas regiões litorâneas e nas principais cidades criou uma desenvolvida economia de serviços. Em Marrakesh, edifícios modernos e deslumbrantes misturam-se a elementos urbanos resultantes do crescimento acelerado. As cinco maiores cidades do país hoje concentram quase um quarto da população e grande parte da atividade econômica local.

Cultura

Entre os séculos VIII e XV, no período da Espanha muçulmana, o Marrocos se beneficiou do esplendor cultural de Córdoba, Sevilha e Granada, e participou das correntes literárias e filosóficas hispano-muçulmanas. O filósofo cordobês Averroés, introdutor do aristotelismo no mundo muçulmano e na Espanha, era conhecido e seguido no Marrocos. A intransigência religiosa coibiu a atividade intelectual, e a criação literária refugiou-se na poesia.

A abertura imposta no século XIX pelo contato com a França e a Espanha provocou profunda transformação da vida cultural, que após a independência procurou combinar os avanços ocidentais com as raízes das culturas berbere e árabe. Por esse motivo, o governo criou um instituto para promover a cultura popular. Os gêneros literários mais cultivados tradicionalmente, a poesia e a historiografia, sofreram influência do Oriente Médio e do Ocidente. Além disso, muitos autores marroquinos publicam suas obras na França e no Marrocos.

As artes experimentaram forte impulso no século XX, tanto na pintura como na escultura, na música popular e no teatro. A pintura, com escolas em Casablanca e Tétouan, foi especialmente promovida pelo Ministério da Cultura, que é responsável também pela administração de bibliotecas, museus e arquivos históricos. A Academia Real do Marrocos foi fundada em 1979, com caráter interdisciplinar. Inúmeros centros vinculados a embaixadas estrangeiras contribuem para diversificar a cultura do país. Os principais eventos culturais do Marrocos são o festival folclórico de Marrakech, o festival de jazz de Tânger, o de música andaluza de Saidia e o de artes africanas em Agadir.

Mundialmente, além de um conhecido destino turístico, a cultura marroquina se faz presente na gastronomia e na moda. A influência espanhola e árabe, somada a características únicas do povo berbere, criou uma cultura que lembra aquela de diversos outros países do Mundo Árabe, mas com uma assinatura única. Para os que estão no Brasil, tradições culinárias marroquinas podem ser facilmente encontradas em restaurantes árabes e internacionais – o tahine, o cuzcuz e molhos de hortelã, por exemplo.

Por: Carlos Artur Matos

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