Cultura

Patrimônio Cultural Brasileiro

O patrimônio cultural brasileiro está dividido em duas categorias: patrimônio material e patrimônio imaterial.

O instrumento de proteção do patrimônio material é o tombamento, enquanto o do patrimônio imaterial é o registro; ressalta-se que cada um tem suas especificidades e particularidades, do ponto de vista legal e procedimental.

Patrimônio material brasileiro

O patrimônio cultural material é formado por um conjunto de bens materiais que podem ser classificados e inscritos em quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes e artes aplicadas.

Após um longo processo de análise, para ser inscrito em um dos livros mencionados e considerado patrimônio cultural material, o bem deve ser tombado. O tombamento é o instrumento de proteção que o Iphan utiliza nos casos do patrimônio material desde 1937.

Um exemplo é o Cais do Valongo, na cidade do Rio de Janeiro-RJ, que foi o principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas (foram cerca de 4 milhões de pessoas nessa condição), sendo, também, considerado patrimônio mundial cultural pela Unesco. Seu tombamento objetiva reconhecê-lo como memória da violência contra a humanidade e de resistência, liberdade e herança.

Exemplo de patrimônio cultural material do Brasil.
Vista do Cais do Valongo, Rio de Janeiro – RJ

O conjunto urbanístico do centro histórico da cidade de Penedo, em Alagoas. foi tombado e é patrimônio cultural brasileiro desde 1996. Na imagem abaixo, ao fundo, é possível ver a Igreja São Gonçalo Garcia dos Homens Pardos, um dos prédios que compõem a arquitetura da cidade.

Exemplo de patrimônio cultural material.
Vista do centro histórico da cidade de Penedo, em Alagoas.

Outros exemplos:

  • Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, Brasil.
  • Pelourinho, na cidade de Salvador, na Bahia.
  • Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no município de Ouro Preto, no estado de Minas Gerais.

Patrimônio imaterial brasileiro

O patrimônio imaterial brasileiro é formado por práticas que são referências para os grupos sociais que formaram a sociedade brasileira. Para se tornar patrimônio cultural imaterial protegido pelo Iphan, é necessário que o bem seja registrado, não sendo o tombamento a sua forma legal de proteção.

Há quatro livros de registro que o Iphan utiliza para a proteção dos bens de natureza imaterial. Veja-os a seguir.

Livro de Registro dos Saberes: utilizado para o registro de conhecimentos e modos de fazer de comunidades brasileiras. São exemplos o modo de fazer cuias do Baixo Amazonas, o modo de fazer viola de cocho, o ofício das baianas de acarajé, o modo artesanal de fazer queijo minas e o ofício dos mestres de capoeira.

Viola de choro em processo de montagem.
Ferramentas de produção de uma viola de cocho. O modo de fazer o instrumento musical é registrado no Livro dos Saberes desde 2005.

Livro de Registro das Celebrações: nele, são registrados rituais e festas de caráter coletivo, que podem ser caracterizados pela religiosidade, entretenimento ou outras práticas sociais. O Círio de Nossa Senhora de Nazaré, o Complexo Cultural do Bumba meu Boi, o ritual Yaokwa do povo indígena enawene nawe e a Festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim são algumas das celebrações inscritas nessa categoria.

Foto com a figura de um boi e pessoas desfilando ao seu redor.
Desfile do grupo Boi Cerâmica Maguary
de Nazaré da Mata na festa do Maracatu Rural Local (Nazaré da Mata – PE).

Livro de Registro das Formas de Expressão: reúne manifestações artísticas de modo geral, como as que envolvem dança, música, artes cênicas, jogos, entre outras. Como exemplo, temos o frevo, o samba de roda do Recôncavo Baiano, o jongo no Sudeste, o carimbó e o teatro de bonecos popular do Nordeste.

Pessoas dançando samba de roda.
Samba de roda do Recôncavo Baiano, também considerado patrimônio cultural imaterial da humanidade.

Livro de Registro dos Lugares: lugares que têm importância e significado para determinada população também podem ser considerados patrimônio imaterial, como feiras, mercados, santuários e praças. São bens registrados os seguintes lugares: a Cachoeira de Iauaretê – Lugar sagrado dos povos indígenas dos Rios Uaupés e Papuri –, a Feira de Campina Grande, a Feira de Caruaru e Tava (lugar de referência para o povo guarani).

Imagem do portal de entrada da Feira de Caruaru.
A Feira de Caruaru, no estado de Pernambuco, registrada em 2006 como patrimônio imaterial brasileiro, é uma das maiores referências do mercado da região, marcando a vivência coletiva de milhares de pessoas.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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