Cultura

Dia da Consciência Negra

O dia 20 de novembro marca o Dia da Consciência Negra. O feriado lembra a data da morte do líder negro Zumbi dos Palmares (1655-1695) considerado um herói da resistência antiescravagista no período colonial.

Zumbi foi líder do Quilombo dos Palmares, em Alagoas, o maior quilombo da história do Brasil, que durou mais de 60 anos e chegou a abrigar, segundo historiadores, cerca de 20 mil pessoas que fugiram do regime de escravidão.

Ele lutou pela libertação de seu povo, a fim de libertar os escravizados, os quais em sua maioria eram maltratados, humilhados e tinham suas mulheres estupradas.

Como surgiu o Dia da Consciência Negra

No dia 20 de novembro de 1695, o negro Zumbi, chefe do Quilombo dos Palmares, foi morto em uma emboscada na serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou, também, com o início da destruição do Quilombo.

O Quilombo dos Palmares foi uma comunidade criada pelos escravos que fugiam de seus senhores para viver em liberdade. Houve uma época em que o Quilombo abrigou mais de 20 mil pessoas.

Zumbi nasceu no Quilombo mas, ainda recém-nascido, foi capturado e entregue a um padre, que lhe deu o nome Francisco, o ensinou a ler e a escrever. Aos 15 anos de idade, o menino resolveu voltar ao Quilombo, onde, pouco tempo depois, tornou-se líder. Em 1995, após 300 anos de sua morte, Zumbi foi reconhecido como herói nacional.

O Dia da Consciência Negra marca o assassinato do líder Zumbi dos Palmares, oficializado herói nacional, por ocasião do tricentenário de sua morte em 1996. Símbolo da resistência contra o racismo, a opressão e as desigualdades sociais. Marca da resistência dos povos contra o colonialismo, o imperialismo e o terrorismo em todo o mundo, sob todas as formas.

Os quilombos

As rebeliões de escravos foram bastante frequentes no período colonial. Os negros fugidos escondiam-se na mata e organizavam-se em grupos, para sobreviver à hostilidade do ambiente e às investidas dos brancos.

Os grupos, internamente coesos, recebiam o nome de quilombos e as aldeias que os compunham, de mocambos. O mais conhecido dos quilombos foi de Palmares, pois foi o que mais tempo durou (1630 -1695), o que ocupou maior área territorial (cerca de 400 km2 dos atuais estados de Pernambuco e Alagoas) e o que resistiu mais bravamente aos ataques dos brancos.

Como era o Quilombo dos Palmares

Palmares se organizou como um verdadeiro Estado – com as estruturas dos estados africanos, onde cada aldeia tinha um chefe, os quais elegiam seu rei – e possuía um verdadeiro exército, além de fortificações em torno das aldeias, que deixaram os comandantes brancos admirados.

Tinha uma produção agrícola bem avançada, que dava para a subsistência das aldeias e ainda produzia um excedente que podia ser negociado com mascates e lavradores brancos. No entanto, a própria existência de um Estado independente dentro da colônia era inaceitável para os portugueses, que consideravam Palmares como seu maior inimigo, depois dos holandeses.

O primeiro rei de Palmares foi Gangazumba, que comandou uma bem-sucedida resistência, repelindo dezenas de expedições dos brancos. Em 1678, assinou uma trégua com o governador Aires de Souza e Castro – atitude que dividiu o quilombo.

Em consequência, Gangazumba terminou por ser envenenado. Foi substituído por Zumbi que já era um líder respeitado e que se tornou o grande herói dos Palmares.

A luta e morte de Zumbi

Em 1675, Zumbi se fere em combate e fica manco. Apesar da deficiência física, não desiste de comandar as batalhas contra a coroa portuguesa. Depois de várias vitórias, Palmares perde a batalha final: a capital do quilombo – chamada Macaco – é tomada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho.

Apesar de ferido, Zumbi consegue fugir e resiste por vários meses, organizando ataques contra os senhores de engenho.

No entanto, Antônio Soares, um homem da confiança de Zumbi, é capturado, e após ser torturado revela o esconderijo de seu líder. Zumbi é surpreendido em uma emboscada e é assassinado no dia 20 de novembro de 1695.

Sua cabeça é cortada e exposta em postes na capital e em muitos vilarejos de Pernambuco, para lembrar aos escravos o destino dos que tentassem se rebelar contra a escravidão.

Por que a data é comemorada?

O Dia da Consciência Negra é comemorado atualmente porque as convicções que Zumbi tinha para libertar seu povo ainda são seguidas, e atualmente, por mais que os tempos sejam outros e a ‘abolição‘ tenha  acontecido, mesmo que tardia, o povo afrodescendente, quilombola ou não, relembra as trajetórias e lutas que seus antepassados travaram. Nessa data acontecem passeatas, palestras, congressos e muita reflexão a respeito dos afro-brasileiros.

Falar sobre o Dia da Consciência Negra nos faz parafrasear Patativa quando ele propõe o respeito às diferenças. Acreditamos que isto não deve ser encarado como concessão ou exceção a uma regra socialmente estabelecida, mas como o direito de igualdade em oportunidades entre os indivíduos.

Referências bibliográficas: 

  • ACDS – Associação Cultural e Desportiva Samburá
  • DIEESE – Reportagem da revista Com Ciência, editada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC

Autoria: Marcos Júlio Lyra

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