Economia

Desemprego no Brasil

Na sociedade atual, que sobrevaloriza o indivíduo e a capacidade de acumulação de bens materiais, o desemprego é, sem dúvida, um dos maiores medos sociais. Para piorar a situação, nas crises econômicas, o temor aumenta e alguns empresários aproveitam-se disso, reduzindo os valores dos salários (arrocho salarial) como forma de aumentarem os próprios lucros, apesar da proteção das leis trabalhistas.

Tecnicamente, existem vários tipos de desemprego:

  • Estrutural ou tecnológico, exemplificado pela intensificação da Terceira Revolução Industrial, em que a máquina substitui o homem.
  • Conjuntural, relacionado às crises cíclicas ou momentâneas; o temporário, exemplificado pela agricultura que requer mão de obra apenas na colheita.
  • Friccional, marcado pela transição de postos, isto é, o trabalhador muda de posição no mercado, evidenciando uma mobilidade comum na economia de mercado.

No Brasil, há um índice que calcula os vários fatores que contribuem para o desemprego, o Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem por Domicílio) realizado pelo IBGE. Essa metodologia foi idealizada em 1967, coletando dados mensais sobre a taxa de desemprego, quantidade de pessoas com emprego e sem emprego, taxa de ocupação e rendimento médio dos trabalhadores em todas as regiões do país.

O Pnad também tem a finalidade de substituir outro índice, o PME (Pesquisa Mensal de Emprego), que calcula a média de desemprego de seis regiões metropolitanas do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza e Salvador), o que o torna pouco preciso.

Existem outros institutos que realizam as medições do desemprego, como o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), mas estes mostram os indicadores em algumas regiões populosas de alguns estados, como a região metropolitana de São Paulo.

Depois de consecutivas quedas na década de 2000 e início da década de 2010, o desemprego conjuntural retornou forte com a crise econômica, no país, em 2015.

O desemprego ajuda a explicar a desestruturação familiar e está diretamente relacionado à violência. No Brasil, apresenta vários fatores, destacando-se: a globalização, que privilegia a importação de produtos, prejudicando as empresas e os produtos nacionais; a falta de qualificação profissional; a elevada política de juros, que prejudica investimentos nacionais, mas atrai capitais financeiros externos; e os altos encargos sociais (trabalhistas).

Gráfico com a taxa de desemprego no Brasil.
Desemprego PNAD até agosto de 2017.

As causas e consequências do desemprego

A economia brasileira apresentou redução da taxa de desemprego no começo desta década, em decorrência de vários fatores, como o aquecimento do consumo interno iniciado na década anterior, associado às obras de infraestrutura, notadamente na construção civil, com ótimas perspectivas geradas pela realização de grandes eventos internacionais: a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016).

Em 2015, a crise das commodities (produtos da agropecuária e de recursos naturais com baixo valor agregado, mas com relevância mundial e cotados nas bolsas de valores, como petróleo, soja, aço, café, açúcar etc.), somada a uma crise institucional decorrente dos estrondosos índices de corrupção, principalmente no setor de infraestrutura, causou o descrédito por parte dos investidores estrangeiros em relação à base da estrutura política do Brasil, o que levou à interrupção dos investimentos, e, assim, a entrada de dólares na economia nacional diminuiu.

Essa turbulência causou o aumento do desemprego, provocando o empobrecimento de uma parcela da população; nessa parcela está o grupo de pessoas que obteve benefícios federais para adquirir bens duráveis, como habitação e veículos, durante a fase próspera da economia brasileira na década de 2000.

Os jovens entre 18 e 24 anos são a faixa etária que sente primeiro a redução da oferta de trabalho. Os motivos disso são vários, mas um dos mais evidentes é a falta de experiência. Para tornar essa situação ainda mais delicada, as economias dos EUA e da Zona do Euro ainda não se recuperaram plenamente, gerando uma expectativa de elevação de juros nesses países, o que pode resultar em uma retirada, ainda mais acentuada, de capital das bolsas de valores nas economias ditas emergentes, entre as quais está a brasileira.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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