Educação Física

Coronariopatias e a Atividade Física

Estudos realizados sobre a doença isquêmica do coração demonstraram que há uma relação entre a coronariopatia e o sedentarismo, por outro lado outros estudos realizados em coronariopatas submetidos à pratica de atividades físicas, confirmaram que atividade física controlada e regular contribuem sensivelmente para a melhora do coração isquêmico, contribuindo inclusive para a diminuição na necessidade de medicação cardioativa e a reincidência de episódios isquêmicos agudos.

É preciso, porém, ressaltar que o exercício físico representa apenas uma parte do tratamento do coronariopata, não substituindo os medicamentos ou a cirurgia quando estes se fizerem necessários.

AVALIAÇÃO FÍSICA

Tem como objetivo fornecer dados que permitam ao profissional de Educação Física esquematizar o grau de esforço adequado ao início do programa, bem como avaliar o momento de aumento da carga de trabalho.

O princípio básico de todo teste, seja feito em bicicleta ou esteira, é submeter o paciente, após um aquecimento prévio, a esforços crescentes, procurando atingir, sempre que possível, o limite máximo da capacidade do indivíduo ou um valor de frequência cardíaca que é variável de acordo com a idade de cada indivíduo; baseando-se nisso o exercício passa a ser prescrito em função da porcentagem da frequência cardíaca ideal de treinamento.

Coronariopatias

METODOLOGIA DE TESTE DE ESFORÇO

É realizado com aumentos programados de carga tanto na bicicleta quanto na esteira rolante.

Durante o teste a pressão arterial e a frequência cardíaca são medidas de minuto em minuto durante o esforço e no 1º, 2º, 4º e 6º minuto do período de recuperação.

O teste nos permite obter as seguintes informações:

1º) Trabalho total que o paciente suporta realizar;

2º) Comportamento da pressão sistólica em relação ao repouso que nos permite inferir as condições funcionais do ventrículo esquerdo;

3º) Aparecimento de dor anginosa;

4º) Presença de alterações eletrocardiográficas isquêmicas e/ou arritmias cardíacas;

5º) Resposta da frequência cardíaca ao exercício.

Sabe-se que quanto maior o trabalho realizado, maior o consumo de oxigênio necessário para sua consecução, se este trabalho ultrapassar determinado nível e organismo entra em metabolismo anaeróbio neste momento o exercício passa a ser prejudicial ao organismo.
Ao analisar a curva de frequência cardíaca em relação ao trabalho, verifica-se que se comporta de maneira semelhante a do consumo de oxigênio.

PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO

Para que ocorram adaptações positivas no indivíduo é necessário que não se trabalhe abaixo de 40% do VO2 máximo obtido ou 58% da FC máxima.

Como regra geral adota-se a seguinte conduta:

TRABALHO % DO VO2 MÁXIMO

próximo da média

40 – 60%

abaixo da média

30 – 50%

treinado

60 – 70%

OBSERVAÇÃO: Não se deve ultrapassar 70% do VO2 máximo e nunca ir além de 80% do VO2 máximo o que caracteriza um trabalho anaeróbio.

A prescrição deve conter, obrigatoriamente, os seguintes itens:

duração;

intensidade;

frequência;

natureza dos exercícios.

Essa prescrição pode ser indicada por um cardiologista ou por um clínico, porém, a execução do programa deve ficar a cargo de um professor de Educação Física.

RESULTADOS

1. Benefícios de ordem psicológica à Caracterizados por maior estabilidade psíquica; menor ansiedade; menor agressividade, estados depressivos menos frequentes, enfim, maior “disposição para viver”.
2. Benefícios Físicos à podem ser expressos através de variações de inúmeros parâmetros cujo significado comum é o aumento da capacidade de realizar trabalho físico.

RESULTADOS A LONGO PRAZO DOS PROGRAMAS DE TREINAMENTO FÍSICO SOBRE A DOENÇA CORONARIANA.

A longo prazo, os programas de treinamento físico apresentam benefícios que resultam de inúmeros fatores, entre os quais se incluem a mudança no estilo de vida, a abolição do fumo, a correção de dislipidemia, a normalização da pressão arterial e outros.

UTILIZAÇÃO DO TESTE ERGOMÉTRICO (ECGE) PARA PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO

O ECGE pode ser utilizado fornecendo dados que quando observados podem determinas limites que devem ser respeitados na prescrição do exercício, esses limites podem ser:

a) Variação da frequência cardíaca: deve ser de 8 a 20 b.p.m. a menos do que o nível necessário para o aparecimento das alterações do E.C.G.

b) Variação da pressão arterial: limites de 240mm Hg para a sistólica e 40mm Hg para a diastólica.

c) Comportamento clínico do paciente: importante quando o paciente faz uso de drogas que são inibidoras do aumento fisiológico da frequência
cardíaca.

d) Pacientes com comprometimento do sistema cardiovascular: nesses casos deve-se evitar o aparecimento de exaustão física.

e) Aparecimento de arritmias cardíacas graves.

CONTRA INDICAÇÕES PARA CONDICIONAMENTO FÍSICO

1. Angina em repouso ou progressiva;
2. Angina de início recente
3. Aneurisma do ventrículo esquerdo;
4. Aneurisma aórtico volumoso ou dissecaste;
5. Arritmias graves.
6. Empolia pulmonar;
7. Enfarte do miocárdio recente;
8. Valvulopatia importante;
9. Revascularização miocárdica recente;
10. insuficiência cardíaca;
11. Claudicação dos MMII em distâncias maiores que 50m;
12. Sopro carotídeo;
13. Insuficiência vascular cerebral sintomática;
14. Outras doenças associadas: anemia grave, hipertiroidismo, etc.

O QUE FICOU ENTENDIDO

Ficou entendido que a atividade física elaborada de forma criteriosa e apoiada em resultados obtidos através de uma avaliação clínica e física é um importante componente do processos terapêutico do coronariopata, porém, mesmo com todos esses critérios respeitados existem casos em que a atividade física é contraindicada.

Autoria: Nelson Soares