Geografia do Brasil

Desmatamento na Amazônia e Suas Consequências

O desmatamento e as queimadas representam os principais problemas ambientais enfrentados pelo bioma Amazônico, considerado um grande “resfriador” atmosférico [removendo o excesso de gás carbônico disperso na atmosfera, que provoca o aquecimento global] e como maior abrigo da biodiversidade do mundo.

A importância da Amazônia

A Amazônia é uma das regiões de floresta tropicais mais importantes do mundo. Isso porque além de ser uma imensa área com mais de 4 milhões de km2 de cobertura vegetal, ela abriga uma das maiores reservas de água doce do mundo e também uma infinidade de espécies animais em uma rica biodiversidade. Estudos apontam que cerca de 20% de todas as espécies animais e vegetais do mundo estão localizadas na Região Amazônica.

Devido a sua riqueza de recursos naturais e a sua grande extensão territorial, a Amazônia tem influência no equilíbrio do meio ambiente em escala global. Esse fator faz com que a sua preservação não seja apenas um assunto de interesse nacional, mas sim, pauta de discussão entre diversos órgãos e organizações internacionais.

No entanto, toda essa riqueza natural atrai também diversos grupos que buscam explorar seus recursos de maneira ilegal, seja extraindo madeira das regiões florestais, seja utilizando partes de sua área para a exploração agrícola, ambas atividades proibidas por lei nas áreas de proteção.

Essas atividades ilegais deixam a área da Floresta Amazônica suscetível a duas atividades bastante degradantes do ponto de vista ambiental: o desmatamento e as queimadas, que muitas vezes são praticadas de maneira conjunta e que contribuem muito para a degradação destes ambientes.

O desmatamento na Floresta Amazônica

Grande parte do desmatamento da Amazônia ocorreu para a exploração irregular e insustentável de recursos naturais e para especulação fundiária, uma vez que uma área desmatada [mesmo que ilegalmente] passa a valer mais do que quando ainda era uma floresta nativa.

Em geral, o desmatamento da floresta ocorre para a extração ilegal de madeira. Para dificultar a identificação e a localização das áreas derrubadas, as árvores são cortadas nas regiões mais interiores e com um certo espaçamento, na técnica chamada de “espinha de peixe”.

Foto tirada por satélite do desmatamento na Amazônia.
Desmatamento em forma de “espinha de peixe” na Amazônia.

A Amazônia, por ser uma floresta densa, tem diversas árvores de grande porte com valor comercial, o que atrai grupos madeireiros que comercializam tal recurso de forma ilegal. Apesar de diversas políticas e legislações que tentam impedir o avanço do desmatamento, as grandes dimensões dessas áreas de floresta dificultam a sua fiscalização, facilitando o trabalho dos criminosos.

O desmatamento do bioma também têm importante relação com a expansão da pecuária bovina extensiva de corte na região da Amazônia Legal, que passou de 47 milhões de bovinos em 2000 para 85 milhões atualmente, ocupando assim, aproximadamente 80% da área desmatada, além da emissão de GEE (gases de efeito estufa) e degradação do solo.

Uma das causas do desmatamento na floresta amazônica brasileira é a expansão das fazendas de gado e soja.

As queimadas na Floresta Amazônica

Outra prática ilegal que ocorre na Região Amazônica e que traz muitos prejuízos para a floresta e para a manutenção da sua biodiversidade diz respeito à prática das queimadas. Esse tipo de atividade é utilizado para realizar a limpeza do campo, uma vez que a retirada da cobertura vegetal da floresta é facilitada com a cobertura seca. Após esse processo, a área está apta para o cultivo agrícola.

Essas queimadas ocorrem principalmente em áreas de proteção ambiental, sendo que o cultivo agrícola posterior é praticado pelos chamados grileiros, que falsificam documentos de propriedade de terra para exploração agrícola nas regiões interiores do país.

Embora essa prática seja antiga, os dados apresentados pelos sistemas de monitoramento da Floresta Amazônica indicam que durante os últimos anos houve um aumento no número de queimadas na região, apresentando níveis preocupantes no ano de 2020. Segundo o Imazon, em agosto a Amazônia registrou o pior índice de desmatamento dos últimos 10 anos.

Foto de uma queimada na Floresta Amazônica.
Cena típica de desmatamento na Amazônia.

As queimadas são extremamente prejudiciais para a Floresta Amazônica. Além de diminuírem as áreas de biodiversidade da floresta, elas causam danos ambientais, contribuindo a emissão de gases na atmosfera, o que em grande escala gera sérios problemas climáticos.

Para as pessoas que vivem próximas às regiões das queimadas, há também diminuição na qualidade do ar, aumento dos problemas respiratórios e, ainda, diminuição da cobertura vegetal, o que acarreta danos para o equilíbrio ambiental.

Todos esses fatores ressaltam a importância da manutenção da Floresta Amazônica, além da necessidade de políticas de conscientização da população para a problemática e do cumprimento das legislações de proteção dessa importante área de biodiversidade global.

As consequências do desmatamento na Amazônia Brasileira

  • As queimadas e as mudanças climáticas operam em um círculo vicioso: quanto mais queimadas, mais emissões de GEE – gases de efeito estufa e, quanto mais o planeta aquece, maior será a frequência de eventos extremos, como as grandes secas que passaram a ser recorrentes na Amazônia. Para além das emissões, o desmatamento colabora diretamente para a mudança no padrão de chuvas na região, que amplia a duração da estação seca, afetando ainda mais a floresta, a biodiversidade, a agricultura e a saúde humana, como afirma o Greenpeace.
  • As queimadas e o desmatamento afetam negativamente o processo da evapotranspiração da Floresta Amazônica e, por consequência, a diminuição na ocorrência das chuvas convectivas ou de convecção na região e dos rios voadores, que são responsáveis por boa parte da chuva que se precipita no Centro-Sul do Brasil, promovendo a ampliação dos períodos de estiagem, o que afetará a produção agrícola e o abastecimento hídrico das cidades.
  • Redução das chuvas nos trópicos em regiões próximas à Amazônia, como Paraguai, Argentina, Uruguai e Centro-Sul do Brasil.
  • Degradação de Unidades de Conservação e de Terras Indígenas, afetando a permanência ou sobrevivência de populações tradicionais [ex.: quilombolas, seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, entre outros] e indígenas.
  • Áreas devastadas são mais fáceis de serem atingidas pelo incêndio à medida que a floresta mais aberta favorece as queimadas, como ocorre na área conhecida como “arco” do desmatamento.
  • Extinção de espécies de animais e vegetais, causando desequilíbrio no ecossistema.
  • Erosão do solo, que passa a ficar desprotegido com o corte de árvores e, consequentemente, ampliação do assoreamento de rios e reservatórios.
  • As temperaturas locais e regionais tendem a subir, contribuindo com as mudanças climáticas.
  • Proliferação de pragas e doenças.
  • Desertificação.
  • Perda de conhecimento específico de populações indígenas e tradicionais que vivem na região há décadas e que contribuem diretamente com o desenvolvimento dos serviços ecológicos da Amazônia.

Referências

Veja também: