Continentes

América do Norte

América do Norte, subcontinente que compreende o Canadá, os Estados Unidos e o México. Inclui também a Groenlândia, o departamento francês de ultramar de Saint Pierre e Miquelon e a colônia britânica de Bermudas.

A América do Norte tem mais de 579 milhões de habitantes (segundo dados de 2016). Junto com a América Central, as Antilhas e a América do Sul, forma o continente americano. A definição de América do Norte algumas vezes inclui também a América Central e as Antilhas.

AMBIENTE NATURAL

Limita-se ao norte com o oceano Ártico, ao leste com o oceano Atlântico, ao sul com o golfo do México e o istmo de Tehuantepec e a oeste com o oceano Pacífico. A superfície do continente é de aproximadamente 23,5 milhões de km2.

Relevo

A América do Norte pode ser dividida em cinco importantes regiões fisiográficas. A metade oriental do Canadá, a maior parte da Groenlândia e porções de Minnesota, Wisconsin, Michigan e Nova York nos Estados Unidos fazem parte do Escudo Canadense.

A segunda região faz parte de uma planície costeira, que ocupa a maior parte do leste dos Estados Unidos e do México.

Nos Estados Unidos, a planície costeira é limitada a oeste por uma terceira região, que compreende a cordilheira formada principalmente pelos montes Apalaches.

A quarta região abrange a parte central do continente, que vai do Canadá meridional até o sudoeste do Texas e compreende uma extensa planície.

A quinta região, que é também a mais ocidental e engloba grande parte do México, é uma área de orogenia ativa, formada por grandes cordilheiras (montanhas Rochosas e sierra Madre), planaltos (planaltos do Colorado e o planalto Mexicano) e bacias profundas (a Great Basin).

Hidrografia

Dois importantes sistemas de drenagem — o sistema dos Grandes Lagos e o rio São Lourenço e o sistema dos rios Mississippi e Missouri— dominam a hidrografia da América do Norte oriental e central.

Do Canadá ocidental o rio Mackenzie flui para o oceano Glacial Ártico.

Em direção ao golfo do México e ao mar das Antilhas correm os rios Bravo e Pánuco. No Pacífico deságuam os rios Colorado, Sonora, Yaqui, Balsas, Colúmbia, Fraser e Yukón.

Clima

Embora a América do Norte possua uma considerável variedade de climas, é possível identificar cinco importantes regiões climáticas. Os dois-terços setentrionais do Canadá e do Alasca, da mesma forma que toda a Groenlândia, têm climas subártico e ártico.

Uma segunda região climática abrange os dois-terços orientais dos Estados Unidos e do Canadá meridional. Essa região carateriza-se por um clima úmido em que as quatro estações são muito diferenciadas.

A terceira região inclui o interior do oeste dos Estados Unidos e grande parte do norte do México. A maior parte dessa zona é desértica e montanhosa.

A quarta região climática engloba uma estreita região ao longo do oceano Pacífico que vai desde o Alasca meridional até a Califórnia meridional.

Tem invernos relativamente temperados, mas úmidos, e verões quase secos. A maior parte do sul do México possui clima tropical.

Vegetação

A floresta mais notável é a taiga, ou floresta boreal, uma enorme extensão de árvores, em sua maioria coníferas, que cobre boa parte do Canadá meridional e central e se estende até o Alasca. No leste dos Estados Unidos, as florestas são mistas, dominadas por árvores caducifólias. Na parte ocidental do continente, as florestas estão associadas principalmente às cordilheiras montanhosas e nelas predominam as coníferas.

Na Califórnia, a sequoia de madeira vermelha e a sequoia gigante são as espécies mais importantes. As florestas tropicais do México caraterizam-se por uma grande variedade de espécies.

Fauna

Destacam-se os grandes mamíferos, como os ursos, o carneiro canadense, o urso formigueiro, a jaguatirica, o veado, o bisão (que era característico da fauna do norte do México e dos Estados Unidos, e atualmente só se encontra em rebanhos protegidos), o caribu, o alce americano, o boi almiscarado e o wapiti.

Entre os grandes carnívoros estão o puma, o jaguar (nas regiões mais meridionais), o lobo e seu parente menor, o coiote, e, no extremo norte, o urso polar.

Os numerosos répteis, como a cobra coral, as víboras, o monstro de Gila e o lagarto de contas, habitam o sudoeste dos Estados Unidos e do México.

Minérios

A América do Norte possui enormes jazidas de grande variedade de minerais, entre os quais se destacam os seguintes: o petróleo e o gás natural no Alasca meridional, no Canadá ocidental e no sul e oeste dos Estados Unidos e do México oriental; grandes leitos de carvão no leste e no oeste do Canadá e dos Estados Unidos; e as grandes jazidas de minério de ferro do leste do Canadá, do norte de Estados Unidos e do centro do México.

POPULAÇÃO

Com exceção da zona central do México, os povos indígenas do subcontinente viviam dispersos geograficamente. Os europeus dizimaram-os e deslocaram-os. A maioria da população atual da América do Norte é de ascendência europeia. Pelo menos 35% dos habitantes do Canadá são de ascendência britânica e cerca de 4% são de origem francesa.

A população dos Estados Unidos de ascendência britânica ou irlandesa chega a 29% dos habitantes. Os negros constituem cerca de 12%, os alemães 23%, os hispanos 9% e os habitantes de origem asiática 2,9%. Os povos indígenas americanos e os inuit (esquimós) representam um contigente de cerca de 1,8 milhão nos Estados Unidos e de 400 mil no Canadá. Cerca de 55% da população mexicana é formada por mestiços.

Da população restante, 30% são de origem indígena americana e 15% de origem europeia.

A maior parte da população concentra-se na metade oriental dos Estados Unidos e nas adjacências de Ontário e Quebec, na costa do Pacífico dos Estados Unidos e no planalto central do México.

No geral, a densidade populacional da América do Norte é moderada. No México é de 43 hab/km2, nos Estados Unidos de 27,2 hab/km2 e de 2,6 hab/km2 no Canadá.

O inglês é a língua mais utilizada. A população hispânica dos Estados Unidos fala espanhol. O francês é falado por um-quarto da população canadense. Muitos dos povos indígenas dos Estados Unidos, do Canadá e da Groenlândia utilizam suas línguas tradicionais. O espanhol é a língua dominante no México. Porém mais de cinco milhões de mexicanos falam línguas indígenas.

ECONOMIA

A agricultura tem uma importância maior no México do que nos demais países da América do Norte e proporciona emprego a cerca de 25% da população ativa. A agricultura de subsistência ainda existe, principalmente no sul. A agricultura comercial desenvolveu-se, sobretudo, na planície central e no norte do país.

Nos Estados Unidos e no Canadá, a agricultura é dominada por fazendas mecanizadas, que produzem imensas quantidades de produtos vegetais e animais. As Grandes Planícies do centro dos Estados Unidos e as províncias da pradaria canadense (Alberta, Manitoba, Saskatchewan) são importantes centros produtores mundiais de cereais, sementes oleaginosas e gado.

A agricultura da Califórnia produz grande quantidade de culturas de irrigação. A silvicultura é um dos setores básicos da economia canadense. Importantes indústrias de produtos florestais prosperam também nos estados do oeste e do sudeste dos Estados Unidos. A pesca é a principal atividade econômica da Groenlândia. Há muito que a indústria vem sendo o principal setor econômico dos Estados Unidos.

A maior concentração de fábricas ocorre no cinturão industrial que se estende de Boston a Chicago. Essa atividade econômica também é importante no Canadá e concentra-se nas cidades de Ontário, Quebec, Colúmbia Britânica e Alberta e atualmente é uma atividade em franco desenvolvimento na economia mexicana. Os Estados Unidos, o Canadá e o México são parceiros comerciais graças ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), que entrou em vigor em 1994, determinando a eliminação das barreiras comerciais entre esses três países.

HISTÓRIA

A ocupação humana da América do Norte começou no período quaternário, talvez há cerca de 50.000 anos. Provavelmente, povos de raça mongoloide alcançaram o subcontinente a partir da Ásia. Eric, o Vermelho, explorou e colonizou a Groenlândia. Depois, Leif Eriksson desembarcou em algum lugar situado entre Labrador e Nova Inglaterra.

As explorações europeias da América do Norte adquiriram importância com a viagem realizada em 1492 por Cristóvão Colombo. Em 1497, Giovanni Caboto, navegante a serviço da Inglaterra, percorreu as costas de Labrador, Terra Nova e Nova Inglaterra. Em 1519, Hernán Cortés chegou ao México e conquistou a região. O êxito surpreendente da ocupação deveu-se, em grande parte, às lutas que dividiam os povos indígenas. A divisão interna era especialmente grave no império asteca, que dominava com mão de ferro as outras etnias do centro do México.

Os maias, outro grande povo mexicano, não foram capazes de oferecer uma resistência efetiva aos espanhóis, que os encontraram já em plena decadência. As colônias criadas pelos espanhóis na área do México agruparam-se no Vice-reinado da Nova Espanha. As autoridades espanholas completaram a conquista do México e ocuparam grandes áreas agora situadas ao sul dos Estados Unidos.

A França explorou e colonizou o continente desde o Canadá até o sul. Em 1524, Giovanni da Verrazano, a serviço da França, percorreu a costa norte-americana desde o cabo Fear até o cabo Breton. O explorador francês Jacques Cartier explorou o rio São Lourenço. Em 1682, Robert Cavalier e Henri de Tonty navegaram pelo Mississippi e reclamaram a posse de todos os territórios banhados por esse rio.

A coroa inglesa reivindicou os seus direitos sobre América do Norte com base na viagem de Cabot, mas durante quase um século não fez qualquer tentativa de colonização. Depois de 1607, os ingleses colonizaram progressivamente todo o litoral Atlântico entre a colônia francesa da Acádia e a espanhola da Flórida. Os principais assentamentos franceses fixaram-se no Canadá e próximo da desembocadura do Mississippi. As possessões inglesas consistiam em 13 colônias que se estendiam ao longo do litoral Atlântico. Como consequência de suas tentativas de expansão para o oeste, os ingleses acabaram entrando em conflito com os franceses. Em 1689, as duas potências começaram uma luta pela supremacia militar e colonial.

Depois de quatro guerras, os franceses capitularam e cederam à Grã-Bretanha todas as suas possessões no Canadá e também a parte da Louisiana ao leste do Mississippi. A Guerra da Independência Norte-americana (1776-1783) fez nascer os Estados Unidos da América. O êxito das Treze Colônias em sua independência da Inglaterra teve repercussões nas colônias espanholas da América. O México tornou-se independente em 1821. No final do século XIX e início do XX, o Canadá também obteve total autonomia da Grã-Bretanha. A expansão territorial dos Estados Unidos foi marcada por uma guerra impiedosa contra os povos indígenas, que resistiram à invasão de suas terras.

Não foram somente os conflitos armados que dominaram esses povos, mas também a assimilação pela força e a expropriação de suas terras. Nos Estados Unidos e no Canadá, a maioria dos povos indígenas americanos continuam vivendo em reservas.

Além da compra de territórios contíguos, os Estados Unidos obtiveram outras regiões das Américas do Norte e Central: o Alasca, Porto Rico, a zona do Canal de Panamá e as ilhas Virgens norte-americanas. A hegemonia que os Estados Unidos exercem no subcontinente começou em 1823 com a Doutrina Monroe (“América para os americanos”), ainda que na prática ela não se aplicasse a América do Sul até depois da I Guerra Mundial. O único conflito sério depois da independência foi a Guerra México-Estados Unidos, na qual o primeiro perdeu metade do seu território. Durante o século XX, a tendência à hegemonia norte-americana, sob a forma de amizade mútua entre as nações americanas, tomou forma em 1910 com o estabelecimento da União Pan-americana. Em 1948 nasceu a Organização dos Estados Americanos, para executar o tratado do Rio de Janeiro e como sistema de segurança coletivo. As relações entre os Estados Unidos e o Canadá têm sido amistosas e cooperativas, desde a Guerra de 1812.

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