Geografia

Extinções em Massa

Estimativas científicas estipulam que a vida surgiu na Terra há cerca de 3,5 bilhões de anos, durante o período Arqueano. Por todo esse tempo, a geologia e as condições do planeta foram modificadas profundamente, sob a ação de eventos como a movimentação das placas tectônicas, o reposicionamento dos continentes, a modificação química da atmosfera e mesmo quedas de meteoros. Tudo isso criou enormes mudanças da diversidade das formas de vida – especialmente com a ocorrência de extinções em massa.

Foram pelo menos cinco grandes extinções em massa ao longos dos bilhões de anos e mais alguns eventos quase tão catastróficos. Cada uma delas praticamente varreu todas as formas de vida do planeta, com algumas poucas exceções. Na sequência de cada uma delas, o que se pode ver for uma reformulação da biodiversidade – quase que um “reset” nas formas de vida do planeta.

As grandes extinções em massa do passado

A primeira grande extinção, ocorrida entre os Períodos Cambriano e Ordoviciano, por volta de 488 milhões de anos, destruiu cerca de 70% das espécies existentes no mundo. Naquela época, a vida estava concentrada no ambiente marinho e era formada, em particular, por equinodermos, braquiópodes e conodontes (uma classe de vertebrados completamente extinta).

Essa primeira extinção encerrou um período conhecido como a “Explosão do Cambriano”, no qual as espécies de invertebrados conhecidos como trilobitas dominaram a Terra. Há uma série de hipóteses para as razões pelas quais a primeira extinção foi desencadeada, porém as mais aceitas envolvem um período de glaciação ou uma redução drástica no nível de oxigenação nos mares.

Num evento que se seguiu, por volta de 443 milhões de anos atrás e ainda no Ordoviciano, a movimentação do continente Gondwana para o sul criou uma redução de temperatura que novamente varreu cerca de 70% das espécies, vitimando principalmente os trilobitas restantes. Pouquíssimos desses animais continuariam a existir nos períodos seguintes.

A segunda grande extinção ocorreu no Devoniano, aproximadamente 354 milhões de anos atrás, afetando a sobrevivência de 75% das espécies. A extinção de grande parte da vida marinha, nessa que é conhecida como a “Era dos Peixes”, parece ter ocorrido por uma conjunção de fatores. Um deles, na verdade, teria a ver com a vida em terra.

Nesse período as plantas terrestres passaram por uma evolução extremamente significativa: espécies que possuíam uma altura máxima de 30 centímetros chegaram ao fim da era geológica com alturas que atingiam os 30 metros. A cobertura vegetal mais densa reduziu os níveis de CO2 na atmosfera, criando uma redução do efeito estufa e consequente queda na temperatura global.

A terceira grande extinção, no Período Permiano, aconteceu há cerca de 252 milhões de anos. Esse é o maior evento de extinção em massa da história: 96% das espécies desapareceram e metade das famílias de seres vivos foram extintas.

Praticamente toda a vida marinha foi afetada e pelo menos 70% da vida terrestre. Esse foi também o único evento de extinção a atingir de forma crucial os insetos. Répteis de grande porte, nesse período, já habitavam o ambiente terrestre. Essa extinção provavelmente determinou como sobreviventes essas espécies, que viriam evoluir nos dinossauros na era seguinte, dominando todos os biomas do planeta.

Há cerca de 200 milhões de anos, no final do Período Triássico, houve uma quarta extinção, na qual os eventos vulcânicos ocasionados pela movimentação de placas tectônicas causaram o aquecimento do planeta. Esse evento, que dizimou populações de anfíbios e afetou a fauna marinha de maneira drástica, representou o passo que faltava para consolidar a dominância dos répteis no planeta.

Apesar de não ter sido o maior dos eventos de extinção em massa, quinta extinção, ocorrida há 65 milhões de anos, é certamente a mais conhecida. O evento levou à morte dos dinossauros, os maiores animais do planeta, e abriu caminho para que os mamíferos viessem a se tornar a classe dominante.

As duas causas principais apontadas foram a intensa atividade vulcânica, na região da atual Índia, e o choque de um grande asteroide (mais de 10 quilômetros de diâmetro), que atingiu a Terra na região da Península de Yucatán, no México.

Quinta grande extinção em massa.
Imagem ilustrativa da chuva de meteoros após choque de asteroide na atmosfera da Terra, uma das causas prováveis da extinção dos dinossauros.

Apesar da fama no caso dos dinossauros, a classe mais afetada por essa extinção foi a dos moluscos. Diversos grupos deles foram definitivamente extintos no planeta e jamais ressurgiriam, como os amonites, os belemnites e os rudistas.

Período geológico atual e a 6º grande extinção

Atualmente, existem grandes discussões entre os cientistas de que estaríamos vivendo o Antropoceno, caracterizado pela sexta extinção em massa das espécies, causada pelos efeitos do Homo sapiens no planeta.

O termo Antropoceno (do grego antropo, “humano”) foi cunhado por Paul Crutzen, ganhador do Prêmio Nobel de Química de 1995, e é utilizado por alguns cientistas para se referir ao atual período geológico em que vivemos, no qual o planeta Terra vem sendo profundamente alterado, e as demais espécies, impactadas pelas atividades humanas. .

Uma das principais causas dos impactos humanos no planeta é o crescimento exponencial da população humana. Em termos geológicos, considera-se o “atual” evento de extinção como iniciado no Pleistoceno, na Era do Gelo. Incontáveis classes de mamíferos acabaram extintas nesse período. A extinção então soma-se àquela criada pela própria superpopulação humana e seus efeitos relacionados à modificação climática e dos habitats para a maioria das espécies..

Por: Carlos Artur Matos

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