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Chile

A palavra aimará chili, que significa “confins da Terra”, deu nome à república sul-americana do Chile, que se encontra praticamente isolada do resto do continente pela grande muralha dos Andes.

A República do Chile é formada por uma estreita e longa faixa de terra compreendida entre a cordilheira dos Andes e o oceano Pacífico. Seus 756.626 km2 se estendem ao longo de 39 graus de latitude, na parte meridional da América do Sul.

Limita-se ao norte com o Peru, ao nordeste com a Bolívia, a leste com a Bolívia e a Argentina, e a oeste com o oceano Pacífico.

Além do território continental, o Chile possui várias ilhas costeiras (Chiloé, Wellington, Hanover, Santa Inês etc), a metade ocidental da Terra do Fogo, o arquipélago Juan Fernández e as ilhas polinésias de Páscoa, San Félix, San Ambrosio, Sala e Gómez, as ilhas situadas ao sul do canal de Beagle e outras. Além disso, reclama o território da Antártica localizado entre 53” e 90” de longitude oeste.

Chile

População

O Chile possui uma homogeneidade étnica muito maior que a de outros países sul-americanos, pois no período colonial não participou do tráfico de negros e também porque, na segunda metade do século XIX, a imigração europeia (alemães, italianos, eslavos, franceses), nunca foi intensa, ao contrário do que ocorreu na Argentina ou no Sul do Brasil.

A maior parte da população chilena, aproximadamente 65%, é mestiça, como resultado da mistura racial de índios e espanhóis durante o período colonial. Vem em seguida a população branca, com cerca de 25%, de origem europeia, principalmente espanhola. O grupo indígena tem a menor representação, com aproximadamente dez por cento. Este último grupo é formado por três etnias ameríndias: os araucanos, que ocupam os vales meridionais dos Andes, ao sul do rio Bío-Bío; os fueguinos, na Terra do Fogo; e os changos, que habitam a região litorânea do norte.

De um extremo ao outro do país fala-se o espanhol, embora os grupos indígenas mantenham suas línguas originais.

Estrutura demográfica

É bastante alta a proporção de jovens na população do Chile. O crescimento natural, embora elevado, é menor que o dos outros países andinos e tende a diminuir devido ao controle da natalidade.

A distribuição da população no território é muito desigual. O Chile central concentra a imensa maioria dos habitantes do país, enquanto que os extremos norte e sul (deserto de Atacama e Patagônia) são fracamente povoados devido à hostilidade do meio ambiente. Além dessa concentração regional, ocorre uma concentração urbana; cerca de três quartos da população residem nas cidades, o que faz do Chile um dos países com grau de urbanização mais elevado de toda a América Latina.

Cidades mais importantes

A região central do Chile conta com uma densa rede urbana, sem equivalente no resto do país. Destacam-se três grandes cidades: Concepción, Valparaíso e, sobretudo, Santiago, a capital do país.

No extremo meridional do Chile central, Concepción, com seus anexos marítimos de Talcahuano, San Vicente e Huachipato, forma uma conurbação cuja base econômica é a atividade siderúrgica. Valparaíso constitui o porto de Santiago (a 140km de distância), além de um centro de lazer e industrial (refinarias de petróleo de Concón). Entretanto, Santiago é, incontestavelmente, a metrópole do Chile central e de todo o país. Sua área metropolitana, que abriga um terço da população do vale central, concentra mais da metade das indústrias de toda a nação.

No norte do país, a cidade mais importante é Antofagasta, capital da desértica região do mesmo nome, de cujo porto sai o minério de cobre. Finalmente, no extremo sul do país, encontra-se Punta Arenas, a cidade mais austral do mundo. Punta Arenas foi uma escala importante para a navegação entre o Pacífico e o Atlântico antes da abertura do canal do Panamá, mas depois se transformou em centro de comercialização da lã e da carne produzidas na região sul.

Economia

Agricultura, pecuária, pesca e recursos florestais. Em meados do século XX, o Chile, que até então fora exportador de produtos agrícolas, transformou-se em importador, uma vez que a produção já não atendia às necessidades internas. São várias as causas dessa crise da agricultura: sistemas tradicionais de cultivo; uma estrutura de propriedade fundiária polarizada entre latifúndios e minifúndios, com propriedades médias pouco extensas; e absenteísmo de muitos proprietários de terras.

Além disso, ao lado das inadequadas estruturas de propriedade agrária, o meio físico representa um obstáculo para o desenvolvimento das atividades agrícolas na maior parte do território chileno, pois apenas 15% do solo é cultivável. Dessa percentagem, quase metade corresponde ao Chile central. No norte só é possível o cultivo de alguns trechos, por meio de irrigação, enquanto que o sul do país (Patagônia) é domínio quase exclusivo da pecuária extensiva.

O primeiro lugar na produção agrária cabe aos cereais: trigo, principalmente, mas também aveia, cevada, milho e arroz. As frutas (maçãs, ameixas, pêssegos e cítricos) seguem-se aos cereais pelo volume de produção. Os vinhedos, introduzidos pelos espanhóis, ocupam grandes extensões na região de Santiago e são a base da segunda indústria vinícola latino-americana depois da Argentina. Outras culturas de menor importância são as leguminosas (feijão, lentilhas e ervilhas) e as batatas. Dentre as culturas de aproveitamento industrial destaca-se a beterraba açucareira.

A pecuária constitui a base econômica da zona meridional. Pelo número de cabeças destaca-se o rebanho bovino. O ovino, segundo em importância, fornece lã para a exportação; metade desse gado se encontra na Patagônia oriental, onde pasta em imensas fazendas. A produção nacional de carne (ovina, bovina e suína), não atende à demanda total, complementada por importações da Argentina.

A piscosidade das águas territoriais do Chile permitiu o desenvolvimento de uma importante indústria pesqueira. Os portos de pesca mais importantes são os de Arica e Iquique. Dentre as espécies capturadas destacam-se a enchova, a sardinha, o atum e os mariscos.

O Chile conta com grandes recursos florestais nas regiões situadas ao sul do rio Bío-Bío. A floresta natural de araucária, carvalho e faia é objeto de uma exploração madeireira que atende às necessidades da marcenaria e da construção, produzindo excedente para exportação. Tem sido fomentado o reflorestamento com pinheiros, que abastecem as indústrias de celulose e papel.

Energia e mineração

A principal fonte de energia é a hidrelétrica, produzida pelos torrenciais cursos d’água do Chile central. As instalações da Empresa Nacional de Eletricidade localizam-se em Chapiquiña, El Sauzal, Los Cipreses, Abanico etc. O petróleo é extraído nas províncias de Magallanes e Tierra del Fuego, porém a modesta produção obriga o país à importação.

Desde o século XIX, os recursos minerais constituem a base da economia chilena. Inicialmente, foi o nitrato de sódio, conhecido comercialmente como salitre do Chile, e depois o cobre, de que o país é um dos maiores produtores mundiais.

No Chile, o nitrato natural só é encontrado no deserto de Atacama. Desde o final do século XIX, a exportação desse mineral foi a principal fonte de recursos do país. Depois da primeira guerra mundial, a queda da demanda e, sobretudo, a fabricação de nitratos sintéticos na Alemanha e nos Estados Unidos, provocaram uma forte crise na exportação do salitre do Chile, que não podia competir com o preço baixo dos produtos sintéticos.

A queda do nitrato foi compensada pela crescente importância do cobre. O Chile possui um quarto das reservas mundiais desse mineral. As principais minas são as de El Teniente (Rancagua), Chuquicamata (Antofagasta), Potrerillos (Copiapó), El Salvador e Río Blanco. A exploração estava nas mãos de empresas americanas, empresas médias chilenas e mineiros particulares (garimpeiros), mas foi nacionalizada na segunda metade do século XX.

O subsolo chileno possui ainda reservas de ferro, ouro, prata, manganês, mercúrio e enxofre.

Indústria

O Chile é um dos países mais industrializados da América do Sul, ao lado do Brasil e da Argentina. Entretanto, sua indústria não tem conseguido atender às necessidades do mercado nacional. Embora a partir da década de 1960 tenha sido iniciada uma política de descentralização, o Chile central continua a concentrar a maior parte das instalações industriais.

A siderurgia, instalada em grandes complexos em Huachipato e Talcahuano, fornece produtos semi-acabados às indústrias automobilística e naval. A indústria química, que teve início com a produção de adubos nitrogenados, diversificou-se, e a petroquímica atingiu grande importância em Concón e Talcahuano.

Entre as indústrias de bens de consumo, destaca-se a têxtil, que se localiza em Concepción, Valparaíso e Santiago. As indústrias alimentícias são muito variadas, com destaque para as de carnes, farinhas, laticínios, conservas e bebidas alcoólicas.

Comércio exterior

A balança comercial, tradicionalmente deficitária, tendeu ao equilíbrio e mesmo ao superávit na década de 1908. Nas exportações predominam os produtos minerais (encabeçados pelo cobre). Também são importantes as vendas de frutas e verduras, farinha de peixe, papel e derivados de papel. A pauta de importações compreende produtos alimentícios (açúcar, banana, chá), equipamentos, veículos motorizados, petróleo e manufaturas.

O Chile mantém intensas relações comerciais com Japão, Alemanha, Reino Unido, Argentina, Brasil e, principalmente, com os Estados Unidos, país com o qual tem vínculos tanto no plano comercial como no financeiro.

Transportes

O desenvolvimento da infra-estrutura rodoviária tem sido dificultado pela configuração do relevo e também pela pouca uniformidade da distribuição demográfica.

A rede rodoviária, que praticamente não chega ao sul do país, organiza-se em torno de uma artéria principal, a pan-americana, que parte de Puerto Montt em direção ao norte. A rodovia transandina liga o Chile à Argentina pelo passo de La Cumbre (3.832m), que permanece intransitável durante cinco meses por ano.

O sistema ferroviário é um dos melhores da América do Sul, embora as diferentes bitolas sejam um grave problema. As principais vias transandinas ligam-se à Argentina (Los Andes-Mendoza e Valparaíso-Santiago-Antofagasta-Salta) e com a Bolívia (Arica-La Paz).

A insuficiência de transporte terrestre é compensada pela grande importância da aviação e do transporte marítimo, tanto nas comunicações internas como nas externas. O porto de Valparaíso apresenta movimento de importações, enquanto os de Iquique, Tocopilla, Huasco, Chañaral e Coquimbo dão saída às exportações de minerais. Os principais aeroportos encontram-se em Santiago, Valparaíso, Arica, Antofagasta e Punta Arenas.

História do Chile

Antes da chegada dos espanhóis, o território chileno era habitado por cerca de 500.000 índios. Embora os diversos povos tivessem entre si relação étnica e linguística, as tribos do norte (atacamenhos e diaguitas) apresentavam maior desenvolvimento cultural, devido ao contato que mantinham com o império inca. Ao sul do rio Bío-Bío viviam os indomáveis araucanos, que resistiram durante séculos à colonização.

Conquista espanhola. Em 1520, Fernão de Magalhães avistou as terras chilenas durante sua viagem de circunavegação. Diego de Almagro, colaborador de Francisco Pizarro, obteve autorização de Carlos V (I de Espanha), para dirigir-se ao sul, em busca do “outro Peru”. Sua primeira expedição regressou decepcionada por não ter encontrado metais preciosos. Em 1540, depois da morte de Almagro, Pedro de Valdivia, à frente de 150 espanhóis, deu início à colonização da região. Em 1541 fundou Santiago, depois de ter tomado posse do território de Nueva Extremadura (Copiapó). A vida na nova colônia foi muito difícil, devido à resistência dos índios.

Em 1550, pacificada a região, Valdivia prosseguiu sua marcha em direção ao sul. Nesse mesmo ano fundou a cidade de Concepción. Três anos depois, o avanço foi impedido pela oposição dos araucanos, que, liderados pelo cacique Lautaro, capturaram e mataram Valdivia. Começava assim uma sangrenta guerra que se prolongaria até o final do século XIX, quando os índios foram definitivamente subjugados. Apesar dessas dificuldades, a colonização não se deteve. No final da década de 1550, durante o governo de García Hurtado de Mendoza, terminou a conquista do território chileno até o limite meridional do rio Bío-Bío. Nos últimos anos do século XVI, a costa chilena foi saqueada por piratas como Francis Drake, que, protegidos pela coroa britânica, tentavam romper o monopólio comercial do império espanhol.

Período colonial

A falta de metais preciosos obrigou os colonizadores a se dedicarem à agricultura. Dentro do império, o Chile era uma colônia pobre, sem recursos minerais e nem mesmo comércio, e por isso a coroa tinha de destinar-lhe recursos econômicos para manutenção do governo e do exército. Essa ausência de atrativos explica que, no final do século XVI, não houvesse mais que cinco mil espanhóis na colônia.

Administrativamente, o Chile fazia parte do vice-reino do Peru. Dentro da colônia, o capitão-geral detinha o poder absoluto sobre a população, embora, teoricamente, fosse possível apelar ao vice-rei ou ao rei da Espanha.

Da mesma forma que em outras partes do império espanhol na América, no Chile ocorreu intensa mistura de índios com brancos, o que explica a homogeneidade étnica de sua população. Ao final do período colonial, havia uns 300.000 mestiços, 175.000 brancos (espanhóis e crioulos) e 25.000 negros, na maioria escravos. A estrutura social se apoiava na divisão racial: os espanhóis e crioulos ocupavam os postos mais importantes; mais abaixo estavam os mestiços e índios; e os trabalhos mais duros eram destinados aos negros.

A população se concentrou no denominado “berço da nação chilena”, ao longo do vale do Aconcágua, e entre Santiago e Concepción. Nessas regiões praticava-se uma agricultura cerealista, com utilização de mão-de-obra indígena. Os morgadios, concedidos a membros da nobreza espanhola, foram estabelecidos nas melhores terras do país, o que deu origem à posterior estrutura da propriedade fundiária. A colônia viveu muito isolada do resto do império; o primeiro jornal foi fundado pouco antes da independência, assim como a Real e Pontifícia Universidade de San Felipe, em Santiago.

Luta pela independência

Apesar do isolamento em que vivia a colônia, os acontecimentos do final do século XVIII e princípio do XIX favoreceram a formação de uma consciência nacional. Dentre esses acontecimentos destacam-se a independência das colônias anglo-americanas e do Haiti, a revolução francesa e o enfraquecimento da metrópole, que se revelou na invasão britânica do vice-reino da Prata, a intensificação do contrabando comercial e a ocupação da Espanha pelas tropas napoleônicas.

Em 1810, depois de reunir-se em Santiago um cabildo aberto constituído pelos representantes dos grupos privilegiados, formou-se um governo provisório composto por líderes locais. Entre 1810 e 1813, esse governo realizou importantes reformas, como a proclamação da liberdade comercial e o estímulo à educação. Entretanto, logo surgiram dissensões entre os crioulos com relação à extensão das reformas. Enquanto isso, a Espanha, que em 1813 expulsara os franceses de seu território, deu início à recuperação do controle sobre as colônias. Em outubro de 1814, depois da derrota dos patriotas em Rancagua, o Chile retornou ao domínio espanhol.

Os líderes da independência tiveram que se exilar. Na Argentina, Bernardo O’Higgins conseguiu o apoio de José de San Martín, que, ajudado pelo governo revolucionário de Buenos Aires, estava recrutando um exército para libertar o cone sul hispano-americano. Além disso, no interior do país crescia o descontentamento com o governo da colônia. Em janeiro de 1817, aproveitando o clima interno adverso, San Martín e O’Higgins atravessaram os Andes e, em 12 de fevereiro, derrotaram os realistas em Chacabuco. San Martín renunciou ao poder e O’Higgins se transformou no chefe supremo do novo país.

Em fevereiro de 1818, foi proclamada a independência e, em abril, depois da batalha de Maipú, os espanhóis abandonaram o país, embora ainda tenham permanecido na ilha de Chiloé até 1826.

O Chile tinha conseguido a independência, mas não a paz. Os crioulos estavam divididos entre os partidários de José Miguel Carrera (que estivera no poder entre 1811 e 1813), e os de O’Higgins. A partir de 1822, com a saída dos espanhóis do Peru e o afastamento da possibilidade de uma invasão realista, intensificou-se a oposição a O’Higgins, que culminou com seu afastamento do poder um ano depois. Entre 1823 e 1830, a política chilena esteve dominada pela luta entre diversas facções para conquistar o poder. Esse fato redundou na existência de trinta governos em sete anos. O caos político terminou em 1829, quando os conservadores, com o apoio de parte do Exército, nomearam uma junta presidida por José Tomás de Ovalle, embora o poder tenha sido exercido de fato por Diego Portales.

Governo conservador

A partir de 1830, a oligarquia crioula dominou o país. A constituição de 1883, promovida por Diego Portales, criou um sistema político centralizado, que atendia aos interesses dos proprietários de terras. O governo se viu fortalecido depois da vitória na guerra contra a confederação peruano-boliviana (1836-1839).

Os governos de Joaquín Prieto (1831-1841), Manuel Bulnes (1841-1851) e Manuel Montt (1851-1861) esforçaram-se por melhorar a situação econômica e, sobretudo, sanear as finanças, exauridas depois de anos de guerra. A primeira medida para aumentar os recursos foi abrir o Chile ao comércio internacional: Valparaíso se transformou em porto livre, para atrair os comerciantes estrangeiros. A boa conjuntura favoreceu a expansão econômica, que abrangeu a exportação de cereais para as zonas auríferas da Califórnia e da Austrália, e o aumento da produção de prata e cobre, que era absorvida pela Europa.

A estabilidade política e a prosperidade econômica permitiram que tivesse início a modernização do país, impulsionada pela construção de estradas de ferro e criação de universidades. O progresso econômico, porém, foi acompanhado de uma autêntica desnacionalização das riquezas. Tanto o controle do comércio como a exploração das minas passaram para mãos britânicas, francesas, alemãs e americanas, devido ao pouco interesse da oligarquia chilena por qualquer atividade econômica além da compra de terras.

Como consequência do desenvolvimento econômico, surgiu uma nova classe, a burguesia nacional, que tentou participar da vida política. A resistência dos proprietários de terras à divisão do poder levou as classes médias a lançar mão da via insurreicional, com um frustrado golpe de estado em 1851. Ao mesmo tempo, o liberalismo começou a ganhar terreno entre os jovens integrantes da oligarquia e os grupos políticos de classe média.

Etapa liberal

As dissensões entre os conservadores e a oposição liberal contra o presidente Montt permitiram a chegada ao poder de José Joaquín Pérez, que governou entre 1861 e 1871. Em 1872, no entanto, rompeu-se a unidade dos liberais devido à política laicista do governo, que se plasmou nas leis de liberdade religiosa e de educação. Começou então um período de secularização e de abertura para o exterior que pôs fim ao isolamento chileno e se expressou na influência da cultura europeia no país.

No campo econômico, o incremento das importações e a avultada dívida adquirida com a construção da infra-estrutura viária provocaram um alto déficit comercial. A necessidade de equilibrar a balança de pagamentos levou o governo a interessar-se pelas minas de salitre: as da fronteira norte, as da província boliviana de Antofagasta e as de Arica e Tarapacá, no Peru. O Chile começou a chamada guerra do Pacífico (1879-1884) e a vitória sobre a coalizão peruano-boliviana permitiu a anexação daqueles territórios. A conquista provocou, porém, atritos com as companhias britânicas e francesas, que eram as proprietárias virtuais das minas de salitre.

A introdução de colonos europeus no sul do país, a partir de meados do século, provocou o recrudescimento das hostilidades com os índios araucanos, que mantinham o limite de seu território no rio Bío-Bío. O uso do fuzil de repetição pelo Exército chileno nas campanhas militares de 1882 e 1883 precipitou a derrota dos índios.

As guerras pioraram a situação da fazenda pública. O presidente José Manuel Balmaceda (1886-1891) exigiu os lucros das minas para o estado, o que provocou a reação contrária da oligarquia econômica, que não desejava um poder central muito forte. A divisão da classe dirigente levou a uma curta guerra civil, que culminou com a renúncia de Balmaceda.

República parlamentar

Depois do governo de Balmaceda, o Chile deixou de ser uma república presidencialista e se transformou em república parlamentarista. No novo sistema político, a oligarquia agrária e financeira exerceu o poder através do controle do Parlamento.

À luz da nova legislação surgiram partidos, como o Socialista e o Radical, que defendiam os interesses das classes sociais (operários, funcionários) surgidas em consequência do desenvolvimento da burocracia, da mineração, grandes empresas de gás, eletricidade e estradas de ferro. Esses partidos organizaram movimentos grevistas em prol de reformas sociais. A instabilidade política e social acentuou a depressão econômica num momento em que a produção agrária mal abastecia o mercado nacional, pois a produtividade era muito baixa devido à ausência de capitalização, e a indústria definhava por falta de investimentos.

Período de instabilidade política: 1920-1938. A crise econômica gerou grande descontentamento entre as classes populares e a classe média, ao mesmo tempo que a oligarquia, cujo poder político estava muito desgastado, era incapaz de acabar com o clima de agitação.

Em 1924, os militares, apoiados pela classe média, forçaram a demissão de Arturo Alessandri, que reconduziram ao poder um ano depois. Alessandri promoveu então uma nova constituição, promulgada em 1925, e que estabelecia um regime presidencialista cujo objetivo principal era limitar o controle da vida política exercido pelos grupos sociais mais poderosos por meio do Parlamento. Além disso, previa-se a limitação do direito de propriedade, em função dos interesses do estado. O caos político continuou (entre 1924 e 1932 sucederam-se 21 gabinetes ministeriais), embora de 1927 a 1931 o governo do coronel Carlos Ibáñez del Campo tenha posto em prática várias medidas econômicas (apoio à indústria, nacionalização parcial da mineração), que se viram limitadas pela oposição dos grupos conservadores. A depressão econômica acentuou-se depois da crise internacional de 1929, que teve efeitos catastróficos para o Chile, com a queda do preço e da demanda internacional de suas matérias-primas e a suspensão dos empréstimos dos Estados Unidos.

As classes médias e populares, as mais atingidas pela crise, se mobilizaram. A resposta de Ibáñez del Campo foi a criação de um estado corporativista inspirado no fascismo italiano. Em 1931, o fracasso dessa experiência provocou a volta ao regime civil com Juan Esteban Montero Rodríguez, substituído por uma curta coligação político-militar que transformou o Chile em república socialista entre junho e setembro de 1932. No final deste mesmo ano, superada a fase mais aguda da depressão econômica, Alessandri ganhou as eleições e voltou à presidência do país.

O novo governo de Alessandri, de 1932 a 1938, caracterizou-se pelo respeito às instituições constitucionais, pela estabilidade política e pelas medidas tomadas para superar a crise econômica (subvenções à indústria, criação de um banco central e desenvolvimento do setor público para diminuir o desemprego).

Os radicais no poder

O descontentamento dos trabalhadores e da classe média com o governo Alessandri traduziu-se no apoio dado ao Partido Radical, que alcançou a vitória na eleição de 1938.

Entre 1938 e 1946, governaram o país os presidentes Pedro Aguirre Cerda e Juan Antonio Ríos. Cerda chegou ao poder em 1938, como candidato de uma coalizão de esquerda, frente popular composta pelos partidos Radical, Socialista e Comunista. Realizou importantes reformas, sobretudo no setor industrial, em que fomentou a produção nacional (criação em 1939 da Corporação de Fomento da Produção) e limitou as importações. Todavia, a falta de uma maioria parlamentar suficiente paralisou muitas leis reformistas elaboradas pelo governo. Os mandatos de Cerda e Ríos foram beneficiados pela conjuntura econômica da segunda guerra mundial, que permitiu a multiplicação das exportações com o crescimento inesperado da demanda europeia.

Entre 1946 e 1952, o presidente do Chile foi o radical Gabriel González Videla, que chegou ao poder por meio de uma coligação com os comunistas (de que não participaram os socialistas). A partir de 1948, porém, a conjuntura internacional da guerra fria levou González Videla a romper seus compromissos com os comunistas e a aliar-se a conservadores e liberais.

O governo de González Videla permitiu o aumento da penetração americana na economia chilena (empréstimos, controle da mineração). Os americanos se transformaram nos maiores fornecedores do país, desfazendo a hegemonia de britânicos e franceses. Além disso, durante o mandato de González Videla, a direita recuperou sua força eleitoral sobre a esquerda, que perdeu votos nas eleições seguintes.

Durante os quatorze anos de governo radical, verificou-se acentuado desenvolvimento industrial e aumento da percentagem de população urbana, que em 1952 chegou a sessenta por cento.

Período de estagnação: 1952-1964

A vitória eleitoral do antigo ditador, Ibáñez del Campo, pode ser explicada pela decepção da classe média com os radicais, que não conseguiram aumentar a influência política desse grupo social, devido ao empobrecimento das classes populares e à crescente dependência dos Estados Unidos. Ibáñez governou em coalizão com a ala direita do Partido Socialista e com vários grupos conservadores. Durante seu mandato presidencial, surgiu na cena pública chilena um novo tipo de político até então desconhecido, o populista.

Em 1958, Ibáñez foi sucedido no poder pelo filho de Arturo Alessandri, Jorge Alessandri, que governou com o apoio de conservadores e liberais. Teve alguns êxitos no campo econômico: reduziu o desemprego e a inflação, favoreceu o desenvolvimento industrial. A política de contenção salarial, porém, opôs o governo aos trabalhadores e à classe média.

O descontentamento popular favoreceu o fortalecimento dos partidos de esquerda (socialistas e comunistas) e da democracia cristã, partido reformista de centro fundado em 1957, que pretendia acabar com o tradicional poder social e político da direita por meio de reformas econômicas, sobretudo no setor agrário.

O governo democrata-cristão e a experiência socialista. Nas eleições de 1964, a esquerda se apresentou dividida e o Partido Democrata Cristão conseguiu uma arrasadora vitória eleitoral. Com o lema de “revolução em liberdade”, Eduardo Frei Montalva tornou-se o novo presidente do país. Elaborou um programa de “chilenização” que contou com o apoio da classe média. Sua realização mais importante foi a reforma agrária, iniciada em 1967, que expropriou, mediante indenização, as terras não-cultivadas e limitou as propriedades a oitenta hectares. Em 1970, já haviam sido expropriados cerca de 200.000 hectares. A política reformista dos democratas-cristãos aumentou a expectativa de melhorias sociais entre as classes populares. Os trabalhadores começaram a participar ativamente na política e foram-se inclinando cada vez mais para a esquerda.

Em 1969 foi criada uma coligação de esquerda com vista às eleições presidenciais. Compunha essa nova formação, a Unidade Popular, socialistas, comunistas e pequenos grupos da esquerda marxista e não-marxista. Um ano depois o socialista Salvador Allende, candidato da Unidade Popular, foi eleito presidente da república.

O programa da Unidade Popular pretendia fazer a transição pacífica para o socialismo, mantendo o sistema democrático. Para conseguir esses objetivos, o governo acreditava ser necessário acabar com o poder político e econômico dos bancos, nacionalizar as empresas em mãos de estrangeiros, desenvolver a reforma agrária e redistribuir a riqueza em favor das classes mais desfavorecidas. Com esse programa de mudança social, o governo de Allende aumentou seu apoio popular nas eleições municipais e legislativas de 1971 e 1972.

A partir de 1971, no entanto, diminuiu o apoio a Allende por parte da classe média, descontente com as dificuldades econômicas provocadas pelas nacionalizações (minas de cobre e indústrias básicas) e pelo boicote do capital estrangeiro, sobretudo dos Estados Unidos. O aparecimento de forte inflação e a estagnação econômica permitiram o reagrupamento das forças contrárias à experiência socialista. O governo de Allende, perseguindo seu objetivo de implantar o socialismo, entrou em conflito frequente com outros órgãos do poder, como o judiciário e os tribunais de contas, enquanto ocorriam ocupações ilegais de fábricas e propriedades. A direita, representada pelo Partido Nacional, e os centristas democratas-cristãos, uniram seus esforços antigovernamentais e buscaram o apoio dos militares.

Governo militar

Em 11 de setembro de 1973, as forças armadas tomaram o poder. O golpe militar contou com o apoio das classes média e alta, ao passo que o Partido Democrata Cristão permaneceu neutro. Salvador Allende, sitiado no palácio de La Moneda, não se rendeu e foi morto durante o bombardeio e invasão do palácio.

A junta militar, presidida pelo general Augusto Pinochet, comandante do Exército, reverteu as políticas de Allende e aplicou receitas monetaristas para estabilizar a economia e combater a inflação, ao mesmo tempo em que prescrevia as organizações políticas. O modelo econômico escolhido teve êxito, no início, ao controlar a inflação, mas a crise econômica internacional não permitiu que fossem superados seus efeitos negativos.

Em 1981, uma nova constituição prorrogou até 1989 o regime vigente, depois do que se retornaria ao governo civil. No entanto, a década de 1980 foi marcada por um endurecimento progressivo das posições dos adversários do regime e por oscilações na política oficial, que às vezes procurava obter apoio mediante uma abertura limitada e, em algumas ocasiões, ao não conseguir a resposta desejada, suspendia o diálogo.

O conflito com a Argentina pela posse de algumas ilhas do canal de Beagle foi resolvido por meio da arbitragem papal. Em 1987, Pinochet sobreviveu a um atentado. Em 1988, quando a economia se mostrava em franca recuperação, o governo perdeu um referendo que deveria manter Pinochet no poder até 1996. Em 1989 realizaram-se eleições gerais, quando foi escolhido o candidato da oposição, o civil Patricio Aylwin, que contou com o apoio de uma frente ampla de organizações políticas. No entanto, a presença dos militares e de Pinochet continuou a se fazer sentir. Em 1994 foi eleito presidente Eduardo Frei Ruiz-Tagle, filho de Eduardo Frei.

Instituições políticas

A junta militar revogou em 1973 a constituição de mais longa vigência na história do Chile, a de 1925. Até 1980, o governo manteve um vazio institucional que terminou com a promulgação da constituição de 1981, de caráter presidencialista. Até sua plena entrada em vigor, o presidente da república e chefe do Exército comandou também a Junta de Governo que concentrava transitoriamente os poderes executivo, legislativo e militar.

A constituição de 1981 adotou fórmulas próprias de definição do sistema social, como a divisão de poderes e a participação dos cidadãos na vida pública, embora seu desenvolvimento tenha permanecido restrito durante o período previsto de transição.

O Chile tem uma organização administrativa bastante centralizada. O presidente nomeia os intendentes ou governantes de cada uma das 51 províncias e eles, por sua vez, escolhem delegados que supervisionam a gestão municipal. Os prefeitos das cidades de mais de cem mil habitantes também são nomeados pelo presidente.

Sociedade chilena

Legislação social

O Chile se destacou por possuir uma das legislações trabalhistas mais avançadas da América do Sul. Em 1924 foram promulgadas leis que regulamentavam o regime de contratação e o seguro de acidente de trabalho e de doença. Em 1931 criou-se o Código do Trabalho, que ampliou a legislação trabalhista anterior e, nos anos seguintes, a proteção social se ampliou com o Serviço de Seguro Social. A previdência ficou assegurada por meio de centros privados e do Serviço Nacional de Saúde, organismo vinculado ao Ministério da Saúde. A crise econômica que atingiu o país na década de 1970, no entanto, e a filosofia antiestatizante do regime militar, reduziram fortemente os serviços da previdência social do estado.

Educação

A legislação educacional de 1965 estabeleceu a obrigatoriedade de escolarização de todos os chilenos (decreto do ensino entre 7 e 15 anos), e promoveu a renovação dos métodos pedagógicos e dos programas escolares.

O primeiro ciclo educacional, denominado ensino básico, vai dos 7 aos 12 anos e consta de três graus, com dois cursos cada um. Para cobrir o tempo de obrigatoriedade é acrescentado um quarto grau, o profissional. Ao terminar o primeiro ciclo, os alunos escolhem entre o ensino médio geral, o técnico ou o profissional, que dura seis anos. O ensino superior é ministrado em oito centros universitários, dos quais duas universidades são públicas (Universidade do Chile e Universidade Técnica, ambas em Santiago), duas são católicas (Santiago e Valparaíso) e quatro são leigas e particulares (Valparaíso, Concepción, Valdivia e Antofagasta). O país possui uma série de escolas profissionais dedicadas ao ensino de comércio, indústria e belas-artes.

Religião

A colonização espanhola introduziu o catolicismo, que rapidamente se transformou na religião predominante. Com Pedro de Valdivia desembarcou no Chile o capelão Rodrigo González de Marmolejo, que deu início à evangelização. Em 1550 chegaram os religiosos da Ordem de Nossa Senhora das Mercês e, pouco depois, os franciscanos, dominicanos e jesuítas, que fundaram vários colégios.

Em 1818, depois da independência, o catolicismo foi reconhecido como a religião oficial do estado. A partir de 1878, porém, vários governos empreenderam uma campanha de laicização que culminou na constituição de 1925, que estabeleceu a separação entre igreja e estado.

Embora a maioria da população chilena seja católica, existe uma importante colônia protestante (o grupo mais numeroso é o da Igreja Evangélica), que entrou no país durante a penetração europeia do século XIX. No norte do Chile, um setor da população indígena segue tradições religiosas de tipo animista.

Cultura

Literatura

O primeiro escritor chileno foi o próprio conquistador Pedro de Valdivia, que em suas Cartas a Carlos I descreveu com admiração a terra ocupada. Os gêneros literários mais cultivados durante o período colonial foram as crônicas e os poemas épicos. Desses últimos o mais notável foi La Araucana (A araucana), de Alonso de Ercilla, que tratava das guerras entre índios e espanhóis, e que constituiu um modelo para a literatura chilena ao longo de sua história. Os jesuítas Alonso de Ovalle e Diego de Rosales se destacam como representantes da crônica do século XVII. Francisco Núñez de Pineda mostrou em Cautiverio feliz (Cativeiro feliz), sua simpatia pelos araucanos, o que significou o início de uma das tendências mais acentuadas da literatura chilena, o indigenismo.

Depois da independência, Andrés Bello, de origem venezuelana, iniciou a literatura nacional de tipo nativista, movimento que seria seguido por vários escritores durante o século XIX. O anti-hispanismo de alguns deles levou-os a seguir os modelos franceses ou alemães, como é o caso de Guillermo Matta, enquanto que outros se deixaram influenciar pelo romantismo de Gustavo Adolfo Bécquer, como Eduardo de la Barra. Um dos principais romancistas do século foi Alberto Blest, que pertence à corrente do realismo. Na poesia, destacaram-se Carlos Pezoa e José Joaquín Vallejo, muito influenciado pelo espanhol Mariano José de Larra.

No século XX, assinalam-se três grandes poetas: Vicente Huidobro, Gabriela Mistral e Pablo Neruda. Huidobro participou das vanguardas europeias e incentivou o criacionismo, enquanto que Gabriela Mistral e Neruda representaram a expressão da chilenidade em poesia; ambos receberam o Prêmio Nobel.

Na prosa, Mariano Latorre foi o mestre da literatura descritiva chilena e líder da escola crioula. Sobressaem também Francisco Coloane, Manuel Rojas, José Donoso, Jorge Guzmán e Lautaro Yankas.

Arte

A influência de Tiahuanaco e, posteriormente, do império inca, formou a arte e cultura dos povos pré-colombianos do norte do Chile, como os diaguitas e atacamenhos. No centro e sul, os araucanos se destacaram pela elaboração de máscaras e esculturas talhadas em pedra. Cabe assinalar, por sua originalidade, a arte da ilha da Páscoa, representada pela monumentalidade das famosas cabeças esculpidas na pedra e pela delicadeza de algumas pequenas esculturas de madeira.

Os monumentos do período colonial não são muito expressivos e muitos deles foram destruídos por incêndios ou terremotos, como a primitiva catedral de Santiago. Na capital, o único monumento que conserva o traçado original é a igreja de São Francisco, construída no século XVI. Do século XVII existem ainda alguns palácios e casas de estilo espanhol com pequenos pátios internos. O palácio presidencial, antiga Casa da Moeda, mistura de barroco e neoclássico, foi construído pelo italiano Joaquín Toesca no final do século XVIII. No século XIX, os franceses Raymond Monvoisin e Claude-François Brunst de Bains ergueram importantes edifícios em Santiago e deram impulso a sua Escola de Arquitetura. Além de outros arquitetos estrangeiros, Fermín Vivaceta e Manuel Aldunate contribuíram para reforçar o caráter nacional da arquitetura chilena. No século XX, destacaram-se os trabalhos do grupo dos Dez e de Emilio Duhart, autor do colégio da Aliança Francesa. Outros arquitetos importantes foram Sergio Larraín, Jaime Bellalta e Jorge Costábal.

A pintura nacional chilena teve início com José Gil de Castro, no período da independência. Diversos estilos e tendências se sucederam até a terceira década do século XX, quando se desenvolveu a obra do grupo Montparnasse, com influência de Paul Cézanne. Posteriormente, a pintura chilena alcançou projeção internacional com a obra de Roberto Matta. Outros pintores de destaque foram José Balmes, Elsa Bolívar, Cecilia Vicuña, Eduardo Martínez Bonatti, Ramón Vergara, Ernesto Barreda e Carmen Silva. Na música do século XX, destacam-se a cantora popular Violeta Parra e o pianista Claudio Arrau.

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