Geografia

Terremotos

Os terremotos ou abalos sísmicos são tremores na superfície terrestre, provocados por eventos que ocorrem no subsolo e nas camadas interiores do planeta, estão relacionados ao movi­mento das placas tectônicas e às manifestações vulcâ­nicas.

Causas dos terremotos

Terremotos são típicos das áreas de bordas das placas tectônicas, caracterizadas como de fragilidade geológica, porque nelas ocorrem os esforços que resultam em abalos e permitem o expelimento de magma por meio das fendas que se abrem entre as massas de rochas. Os abalos sísmicos de maior inten­sidade são os que decorrem desse choque entre as placas tectônicas.

O local no interior da Terra onde se localiza o foco central das ondas sísmicas, isto é, onde se origina o terremoto, é denominado hipocentro. O ponto da superfície onde ele se manifesta primeiro e com maior intensidade é chamado epicentro. Há um tipo de terremoto provocado por desmorona­mentos internos de blocos de rochas, ligados à ação das águas subterrâneas em terrenos calcários, onde há a dissolução do material rochoso.

Há outros abalos, provoca­dos por ação humana, ora por retirada excessiva da água do subsolo, o que provoca descompensação no equilíbrio de material interior, ora por carga excessiva nas camadas de rochas por sobreposição de material invasivo, como é o caso da construção de grandes re­presas. Essas ações provocam acomodação de terrenos e abalos de pouca intensidade, podendo até ocorrer em terrenos antigos e bem consolidados.

Epicentro e hipocentro de um terremotoOs terremotos de grande intensidade costumam causar danos materiais e até a perda de muitas vidas humanas. Geralmente, as consequências dos terremotos são mais graves quando atingem países pobres, nos quais a infra-estrutura das cidades não está preparada para os tremores. As pessoas perdem tudo, desde seus móveis e suas modestas casas até seus parentes, e são pouco amparadas pelo governo. As tragédias decorrentes de terremotos são um fator agravante da pobreza em algumas regiões.

Já em países desenvolvidos, como os Estados Unidos e o Japão, os governos e as construtoras investem na infra-estrutura, construindo prédios providos de uma compensação estrutural adequada, planejados para aguentar grandes oscilações do terreno. Nesses países, avançados aparelhos sismológicos permitem detectar os eventos sísmicos a tempo de avisar as populações e evitar catástrofes maiores. Os terremotos submarinos podem causar a formação de maremotos (tsunamis) especialmente em áreas de colisão entre placas tectônicas.

Ondas sísmicas

A perturbação que tem origem em um movimento sísmico se propaga pelo interior da Terra em forma de ondas sísmicas. Estas são de diferentes tipos, segundo a forma de transmissão e os efeitos. Para entender esse fato, pode-se imaginar o que acontece quando se provoca uma perturbação na superfície da água em uma bacia. Um simples toque com o dedo produz uma agitação da água, que se converte em ondas transmitidas por toda a superfície. Algo semelhante sucede com os terremotos no interior terrestre.

Em um terremoto, vários tipos de ondas são produzidos. Podemos distinguir as ondas que se transmitem pelo interior terrestre – chamadas ondas primárias e ondas secundárias —, e as superficiais. As ondas primárias e secundárias originam-se no hipocentro; as superficiais, no epicentro.

As ondas primárias (P) são também chamadas longitudinais, porque produzem uma vibração de partículas paralela à direção da propagação da perturbação, ou seja, da mesma forma que acontece em uma mola. São as ondas mais velozes e as primeiras a chegar aos sismógrafos (aparelhos que registram os terremotos). São capazes de percorrer distâncias enormes, de forma que um terremoto que é produzido em um país europeu pode ser detectado na Austrália.

As ondas secundárias (S) ou transversais provocam uma vibração das partículas perpendicular à direção da propagação da onda. É a mesma vibração que é produzida ao se agitar uma corda com uma das extremidades atada. Essas ondas são mais lentas que as P e não são transmitidas por meios fluidos, embora também percorram enormes distâncias. As ondas superficiais são as ondas Rayleigh (R) e as ondas Lowe (L). Os dois tipos são transmitidos pela superfície da Terra e são os que causam as catástrofes associadas aos terremotos.

O estudo das ondas sísmicas tem grande importância porque permite conhecer como é o interior da Terra. Com o estudo das mudanças de velocidade de transmissão das ondas P, foi possível detectar os limites entre as diferentes camadas internas do planeta. A observação de que a transmissão das ondas S é interrompida a certa profundidade permite deduzir que o núcleo externo é fluido.

Tsunamis

Um terremoto cujo epicentro encontra-se no oceano não causa movimento de terras, mas de água. O tremor origina uma importante agitação no oceano, que se traduz na produção de ondas gigantescas. Essas ondas frequentemente afetam as costas asiáticas do Pacífico e, por isso, recebem o nome japonês de tsunami. O Japão sofreu esse fenômeno inúmeras vezes.

Um tsunami se forma, por exemplo, quando o fundo oceânico é subitamente levantado por um terremoto. Esse movimento para cima produz uma grande agitação das águas e origina a série de ondas que configuram o tsunami. Na origem, essas ondas são quase imperceptíveis: são de aproximadamente 40 cm ou menos, embora às vezes cheguem a ter 1 m de altura.

Uma onda e a seguinte estão separadas por mais de 1 km de  distância. Entretanto, quando as ondas chegam à costa, amplificam-se incrivelmente. Pode haver tsunamis com ondas de 30 m de altura, mas outros com ondas de apenas 3 a 6 m também são muito destrutivos. As ondas avançam a grande velocidade, até 800 km/h. Podem percorrer oceanos inteiros, de maneira que um terremoto no Chile pode causar um tsunami no Japão.

Como medir a força de um terremoto?

Terremoto em Kobe - Japão
Terremoto em Kobe, Japão, em 1995.

Existem duas escalas para quantificar a potência de um terremoto. A mais antiga é a de Mercalli, que estabelece uma série de graus que estão relacionados com a percepção que as pessoas têm do tremor e os efeitos apreciáveis no entorno, Mais científica é a escala de Richter, proposta em 1935 pelo físico norte-americano Charles Richter (1905-1985). Trata-se de uma escala que se baseia no cálculo de magnitude a partir dos dados obtidos nos sismógrafos. Assim, para calcular a magnitude (M), divide-se a amplitude das ondas sísmicas registradas no sismograma pelo período dessas ondas. O sismógrafo utilizado para realizar esses cálculos deve estar situado a 100 km do epicentro.

A escala de Richter é aberta: o valor máximo de magnitude registrado até agora foi de 9,5, embora seja possível que aconteça um terremoto de maior magnitude. É uma escala exponencial: assim, um terremoto de magnitude 5 libera dez vezes mais energia que um de magnitude 4 e cem vezes mais que um de magnitude 3. A magnitude depende do terremoto, não sendo assim com a intensidade segundo a escala de Mercalli. Um terremoto de magnitude 8 pode ter efeitos de grau XII na escala de Mercalli em uma zona e de grau VI em outro lugar mais distante.

Os terremotos mais importantes

Um terremoto qualifica-se como importante tanto pela magnitude, se atingir valores elevados, como pela quantidade de vítimas ou pelos estragos ocasionados.

Chile (1960). Magnitude, 9,5.

O terremoto de Concepção (Chile) foi o mais intenso já registrado na Terra. Foi produzido em 1960 como consequência da atividade geológica na zona andina, e o epicentro estava situado próximo dessa cidade, que ficou praticamente arrasada. O terremoto Causou 2 mil mortos e 3 mil feridos no Chile e mais de 2 milhões de pessoas perderam suas casas. Os danos não se limitaram a esse país: como consequência do terremoto, formou-se um grande tsunami que afetou o Havaí (61 mortos), o Japão (138 mortos) e as Filipinas (32 mortos). Essa grande onda percorreu o Pacífico e chegou à Nova Zelândia em 15 horas.

Alasca, EUA (1964). Magnitude, 9,2.

O sismo e o tsunami provocados causaram 125 mortes (isso porque o Alasca é uma zona pouco povoada). A cidade mais afetada foi Anchorage, a 120 km do epicentro. Foram produzidos deslizamentos de terras e soerguimentos de terreno. O tsunami percorreu o Pacífico e chegou em 11 horas ao Japão.

Indonésia (2004). Magnitude, 9,0.

Esse terremoto foi produzido numa zona oceânica, a aproximadamente 300 km da costa norte de Sumatra, Indonésia, O tsunami causou centenas de milhares de mortes nessa zona do Sudeste Asiático: o mais mortífero da história. Foi decorrente das tensões ocasionadas pela subdução da parte oceânica da placa índica.

Japão (2011). Magnitude, 8,9.

Terremoto que ocorreu na costa do Japão e provocou uma grande tsunami que chegou a pelo menos 20 países. Ondas de 10m de altura chegaram a entrar 10km em terra causando muita devastação, como a usina nuclear de Fukushima.

Equador (1906). Magnitude, 8,8.

O movimento sísmico foi produzido em alto-mar e afetou, pelo consequente tsunami, as costas do Equador e Colômbia, onde causou entre 500 e 1 500 mortes. O tsunami foi observado no Havaí, São Francisco e Japão.

Chile (2010). Magnitude, 8.8.

O terremoto teve o epicentro ocorrido no mar e atingiu a região central do Chile causando muita destruição e também tsunamis que deixaram mais de 800 mortos.

Tibete (1950). Magnitude, 8,6.

Foi um terremoto muito destrutivo, associado à colisão entre as placas índica e euro-asiática. Os danos foram causados não apenas pelo movimento sísmico, mas também pelas grandes inundações produzidas pelo transbordamento de rios, que afetaram uma ampla zona do Norte da Índia.

Haiti (2010). Magnitude, 7.0.

Apesar de ser a mais baixa magnitude desta lista, o terremoto matou mais de 200.000 pessoas, praticamente destruiu toda a capital Porto Príncipe e deixou mais de 1 milhão desalojados.

Quantos terremotos são produzidos por ano

De acordo com os dados registrados durante o último século, pode-se afirmar que, a cada ano, em todo o mundo, são produzidos cerca de 12 mil a 14 mil terremotos que podem ser percebidos pela população, ou seja, aproximadamente 35 terremotos por dia. Os terremotos que passam despercebidos (de magnitude 2,0-2,9) são, segundo as estimativas, 1,3 milhão ao ano, aproximadamente.

Considera-se que, a cada ano, são produzidos cerca de 18 terremotos importantes (de magnitude 7,0–7,9) e um bem grande (de magnitude 8,0-8,9).

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