História

História do Trabalho: Do Primitivo ao Contemporâneo

O trabalho está presente no cotidiano dos seres humanos desde a Pré-História. Em cada período, o sistema de produção baseou-se em características específicas, relacionadas, entre outras coisas, ao contexto histórico em que se encontrava.

De início, é importante ressaltar que, na história da humanidade, o trabalho sempre esteve relacionado ao atendimento das necessidades básicas de vida e à garantia da sobrevivência.

Trabalho Primitivo

Durante a Pré-História, especificamente na Idade da Pedra Lascada, o trabalho humano passou a ser aprimorado. Os seres humanos começaram a construir ferramentas para caçar, para confeccionar suas próprias vestimentas e para preparar os alimentos.

Embora essas ferramentas fossem rudimentares, elas, facilitavam aspectos relacionados ao trabalho dessa época. Com o tempo, outros objetos foram sendo criados e produzidos.

Quando começou a desenvolver técnicas para aprimorar sua subsistência e facilitar suas atividades, o ser humano, na verdade, começou a produzir o mundo ao seu redor por meio dos objetos e dos significados atribuídos a eles.

Diferentemente dos outros animais, o ser humano não produz apenas por instinto, mas, ao fazê-lo, tem uma intenção específica e plena consciência dessa ação, motivo pelo qual se diz que ele organiza racionalmente o trabalho.

Trabalho na Antiguidade

Na Antiguidade, predominou o trabalho escravo, que é um tipo de trabalho compulsório, ou seja, trata-se de condição de trabalho imposta, relacionada à perda da liberdade das pessoas que são escravizadas.

Elas não são remuneradas e perdem sua liberdade de escolha de ir e vir, sendo submetidas, por meio da força e do poder, a outras pessoas. Civilizações como Egito, Grécia e Roma mantinham esse regime de trabalho.

Trabalhadores escravizados na Antiguidade chegavam a essa condição, principalmente, por se tornarem prisioneiros de guerra, não havendo, porém, um comércio de escravizados intenso, como ocorreu séculos mais tarde, com o tráfico de escravizados africanos que eram levados para a América.

Trabalho na antiguidade
Trabalho no Egito Antigo.

Trabalho na Idade Média

Com o fim da Antiguidade e o início do período que conhecemos como Idade Média, a escravização de pessoas diminuiu e predominou a chamada servidão, que também constituiu um tipo de trabalho compulsório, pois impunha ao servo obrigações em troca do direito de permanecer nas terras do seu senhor e poder cultivá-las.

A sociedade feudal era dividida em três camadas sociais: clero, nobreza e campesinato. O trabalho, por meio da servidão, era realizado pelos camponeses, responsáveis pelo trabalho com a terra e pela produção agrícola.

Trabalho na Idade Média.
Imagem representando trabalhadores servis realizando a colheita de milho no mês de agosto, no Saltério – o livros dos Salmos –, em homenagem à rainha Maria I. Imagem produzida entre as décadas de 1310 e 1320.

Trabalho na Idade Moderna e na Idade Contemporânea

Com o fim da Idade Média, iniciou-se um período no qual o comércio se intensificou, transformando, também, as características do trabalho.

Com as expansões marítimas, os europeus passaram a explorar a costa africana e chegaram à América. A colonização do continente foi pautada no trabalho de escravizados africanos que, retirados de seus lugares de origem, eram forçados a viver nas colônias e a trabalhar sem receber nada em troca. Além do trabalho pesado, eram submetidos a castigos e punições, caso não cumprissem o que havia sido determinado pelos seus proprietários.

Trabalho na idade moderna.
A obra Engenho manual que faz caldo de cana, de 1822, do artista Jean-Baptiste Debret, mostra escravizados trabalhando em uma moenda triturando cana-de-açúcar.

Nesse contexto, também houve o desenvolvimento da indústria, iniciado na Inglaterra, no século XVIII, conhecido como Revolução Industrial. O surgimento das fábricas e os avanços tecnológicos do período geraram a necessidade de se contratar mão de obra. Com isso, muitas pessoas passaram, gradativamente, a trabalhar nas cidades, e não mais no campo.

Antes da Revolução Industrial, o trabalho era manual e os trabalhadores não recebiam um salário fixo. Eles vendiam seus produtos como e quando podiam, recebendo, muitas vezes, outra mercadoria em troca.

Após os processos de industrialização, surgiu outro modelo de trabalho: o assalariado, ou seja, os trabalhadores passaram a receber um salário fixo pelo trabalho realizado em sua jornada que, na maioria das vezes, era excessiva. Um trabalhador, nessa época, chegava a trabalhar até dezoito horas por dia. Muitas fábricas e minas de carvão preferiam contratar mulheres e crianças para poder pagar um valor menor de salário.

Ainda hoje, o trabalho assalariado está presente em várias sociedades humanas.

História do trabalho no Brasil

Antes da chegada dos portugueses ao Brasil, os povos indígenas dedicavam-se ao trabalho voltado para a sua subsistência. Construíam casas, caçavam, pescavam, cultivavam vegetais, entre outras atividades.

Com a chegada dos europeus, instituiu-se um novo modelo de trabalho. Inicialmente, os indígenas foram escravizados, porém, mais tarde, como já vimos, muitos africanos foram trazidos para o Brasil para trabalhar compulsoriamente.

A escravização de pessoas alongou-se até o século XIX, quando foi abolida a escravidão e a atividade manufatureira ganhou mais espaço. A partir de então, houve o incentivo da vinda de mão de obra imigrante de alguns países, como Itália, Japão e Polônia, mesmo havendo a mão de obra dos libertos (ex-escravizados) disponível.

Alguns imigrantes foram trabalhar no campo, enquanto outros se fixaram nas cidades, destinando sua mão de obra ao trabalho nas fábricas. Em ambos os casos, o trabalho não era fácil, pois a herança da escravização permaneceu por muito tempo. As condições de trabalho a que eram submetidos eram precárias.

Os trabalhadores imigrantes já conheciam direitos relacionados ao mundo do trabalho, pois, com a industrialização dos países europeus – que ocorreu antes da industrialização brasileira –, eles já haviam se organizado por lá para obter melhores condições de trabalho.

Assim, já no início do século XX, esse fator contribuiu para o surgimento de sindicatos no país. Essas instituições foram importantes para a atuação dos trabalhadores na história do Brasil ao longo do século XX e início do século XXI. Atualmente, os sindicatos ainda existem e destinam-se à defesa de interesses de grupos de trabalhadores, auxiliando-os em vários aspectos.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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