História

Império Sassânida

A dinastia Sassânida, herdeira do antigo Império Persa, criou um império fortemente centralizado. Durante quatrocentos anos fez frente ao poder de Roma na Mesopotâmia, mas desapareceu com a chegada dos conquistadores árabes.

Origem e desenvolvimento

Entre os séculos III e VII d.C, a dinastia Sassânida dominou a Pérsia, empreendendo numerosas guerras, inicialmente contra os romanos e mais tarde contra o Império Bizantino. Essa dinastia conquistou amplos territórios na Mesopotâmia, na Síria e na Ásia Menor, invadindo a Índia e a Armênia e impondo-lhes pesados tributos.

Após derrotar os partos (povos do planalto iraniano), Ardacher I se fez coroar em Ctesifonte, capital do Império Sassânida, em 226 d.C. A partir desse evento, as fronteiras do Império sofreram constantes modificações em razão de suas relações com os romanos, ao oeste, e com os kushanos (da Ásia Central) e heftalitas (da Índia), ao leste. Ardacher I governou até 241.

Sapor I (241-272) empreendeu duas guerras contra o Império Romano, com as quais conquistou territórios na Mesopotâmia, na Síria e na Ásia Menor. Em reinados posteriores, os romanos reconquistaram os territórios até que eles foram definitivamente incorporados por Sapor II (310-369).

Relevo do Império Sassânida
Relevo sassânida, esculpido em rocha, que representa a investidura do imperador.

Mais tarde, as relações com Roma se estabilizaram. Os heftalitas ou hunos brancos transformaram-se no maior “perigo externo” para o Império, iniciando um período de crise moral e política.

A época de ouro da dinastia Sassânida deve-se aos imperadores Cosroes I (531-579) e Cosroes II (590-628). Suas tropas derrotaram definitivamente os heftalitas, e logo, Bizâncio tomou-se seu principal inimigo. Cosroes II saqueou Jerusalém em 614.

O que ninguém poderia imaginar era que, alguns anos depois (aproximadamente em 650), o Império Sassânida sucumbiria diante dos exércitos muçulmanos.

Vida econômica, cultural e social

Desde o início, o Império Sassânida foi bastante centralizado, o que provocou constantes lutas internas. Sua base econômica era a agricultura: os grandes latifúndios, propriedades da nobreza e do clero, contavam com o trabalho dos escravos e dos camponeses presos à terra.

Os excedentes agrícolas permitiram o desenvolvimento do comércio e a prosperidade do mundo urbano e do artesanato, caracterizado pelo trabalho dos grandes ourives e pela produção de seda.

A localização estratégica do Império definiu as rotas comerciais com a China, ao leste, e com o mundo mediterrânico, ao sudoeste. A capital Ctesifonte, situada às margens do rio Tigre, foi considerada o símbolo do esplendor da dinastia, mas os sassânidas construíram outras cidades, como Neishabur (atual Irã).

Mapa do Império Sassânida
O Império Sassânida

A religião sassânida

O zoroastrísmo, religião oficial do Império, baseava-se em duas forças contrapostas, a luz e o mal. O fogo, considerado fundamental, era adorado nos templos.

Os magos ou sacerdotes ditavam a moral e orientavam o culto, pois administravam os distritos eclesiásticos. Apesar disso, o zoroastrísmo teve vários opositores.

O principal foi Maniqueu, segundo o qual o universo dividia-se entre o bem e o mal, estando em constantes conflito e luta. Maniqueu, que nasceu em 216 no sul da Babilônia (atual Iraque), teria recebido a revelação de um anjo para fundar e pregar uma nova religião, que ficou conhecida como maniqueísmo. Embora tenha sido executado como herege, suas ideias foram amplamente difundidas.

A arte e a cultura alcançaram seu apogeu durante o reinado de Cosroes I, após a imigração de vários filósofos gregos para o território sassânida. A astronomia e a astrologia floresceram intensamente nesse período. Atribui-se a codificação do Avesta, livro sagrado do zoroastrísmo, também a Cosroes I.

Por: Paulo Magno Torres