História

Período Homérico

A Primeira Diáspora Grega marca o fim da fase pré-homérica e o início do Período Homérico (dos séculos XII a.C. ao VIII a.C.), que se caracteriza por uma regressão da civilização creto-micênica, pois a desorganização dos centros de poder abriu caminho para estruturas sociais mais simplificadas e limitadas em número de pessoas, denominadas genos ou comunidades gentílicas.

A principal fonte de estudos para esse período são as duas obras atribuídas ao poeta Homero, Ilíada e Odisseia. Embora sejam obras literárias produzidas provavelmente no século VIII a.C., elas nos dão pistas de como viveram as pessoas entre os séculos XII a.C. e VIII a.C., pois os enfrentamentos entre gregos e troianos, tema da Ilíada, teriam ocorrido no século XII a.C., momento da Primeira Diáspora. Esse é o motivo de os historiadores nomearem o período como homérico

Características do período homérico

O genos constituía a primitiva unidade econômica, social política e religiosa dos gregos. Todo o grupo vivia sob a autoridade do pater (patriarca) que, ao morrer, era sucedido pelo primogênito, e assim sucessivamente. Era um grupo consanguíneo e a solidariedade entre seus membros era muito grande. Os casamentos eram feitos dentro do clã.

Os bens de produção (terras, sementes, instrumentos) e o trabalho eram coletivos. Sendo assim, a produção era distribuída igualmente entre todos os membros da comunidade.

Socialmente, predominava a igualdade, pois não havia diferenças econômicas. Só existiam as diferenças tradicionais, pois os parentes se hierarquizavam em função de sua proximidade para com o pater.

O poder político do pater advinha de ser ele o responsável pelo culto dos antepassados (antigos paires) que ele realizava todos os dias, antes das refeições comuns. Distribuía justiça costumeira (as leis eram orais) e comandava o exército do genos.

O surgimento das cidades-Estado

Nos fins do Período Homérico, essas comunidades começaram a se transformar. A população cresceu, mas a produção agrícola não acompanhava o mesmo ritmo. Faltavam terras férteis e as técnicas de produção eram rudimentares.

Em vista disso, houve a desintegração das comunidades gentílicas: seus membros, liderados pelo pater de sua submissão, resolveram partilhar as terras coletivas. Os paires favoreceram seus parentes mais próximos, que passaram a ser chamados eupátridas (bem-nascidos), permitindo-lhes ficar com as melhores terras. Os parentes mais afastados herdaram as terras menos férteis da periferia, sendo chamados georgoi (agricultores). Muitos outros, porém, ficaram sem terras, o que lhes valeu o nome de thetas (marginais).

Os eupátridas herdaram a tradição dos paires, monopolizando o poder político e constituindo uma aristocracia de base fundiária. Esses aristocratas se agrupavam em fratrias. Um grupo de fratrias, por sua vez, formava uma tribo.

A reunião de várias tribos deu origem a pequenos Estados locais, as poleis (cidades-Estado). Por volta dessa época, surgiram na Grécia cerca de 160 cidades independentes umas das outras. Cada uma delas se caracterizava por um templo construído em sua parte mais alta: a Acrópole.

Cidades-estado

Primitivamente, as poleis eram governadas por um Basileus (rei), cujo poder era limitado pelos eupátridas. Em geral, quando os reis tentaram assumir um controle maior sobre o poder, foram depostos e substituídos por arcontes (magistrados indicados pelo Conselho dos Aristocratas e renovados anualmente).

De acordo com pesquisadores, a Segunda Diáspora Grega e o nascimento da pólis constituem o caminho para o estabelecimento da propriedade privada, inclusive de pessoas: os que não estavam à altura do ideal de humanidade, em geral estrangeiros, poderiam ser escravizados. Assim, o mundo grego ganhou corpo e entrou em uma nova fase: o Período Arcaico (século VIII a.C. ao século VI a.C.).

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