História

Reforma Calvinista

A reforma calvinista surge da tentativa fracassada do pastor Ulrich Zwinglio de implantar a reforma luterana na Suíça. Ela é retomada por João Calvino em 1541, com propostas mais radicais que as de Lutero.

Calvino era um teólogo francês que, em 1533, tomou-se defensor da Reforma Religiosa. Teve de fugir para a Suíça em 1536 e se estabeleceu em Genebra, de onde foi banido em 1538 depois de votações populares que deram a vitória a seus adversários, os artichoques.

Voltou à cidade em 1541 quando os guillermins (favoráveis à Calvino) ganham o poder, aplicando ao sistema de governo sua visão particular do cristianismo, obrigando pela força os genebrinos a se converterem ao calvinismo e a abandonarem as praticas católicas.

Características: as ideias de Calvino

Baseando-se em Santo Agostinho, Calvino diz em sua teoria da predestinação absoluta que nós viemos ao mundo predestinados por Deus a sermos salvos ou condenados. Desta forma, a nossa salvação ou condenação depende unicamente da escolha divina, esta, já lançada antes de nascermos.

Retrato de João Calvino, líder da reforma calvinista.
João Calvino (1509-1564)

Os sinais da escolha divina se manifestariam na vida dos indivíduos. O trabalho, a pureza de costumes, o cumprimento dos deveres para com a sociedade e a família seriam alguns desses sinais. Esse cidadão teria também a sua vida abençoa­da por Deus, resultando no progresso econômico.

No pensamento calvinista, ganhou corpo a ideia de que, com a vida dedicada ao trabalho, oriundo de uma vocação particular estabelecida por Deus, era possível, por meio do desempenho na atividade que trouxesse acumulação, saber se o homem era ou não predestinado a ir para o Paraíso Celestial.

Aquilo que fosse conseguido com o trabalho deveria ser reinvestido na atividade desenvolvida para o engrandecimento da vontade divina.

Consequências da reforma calvinista

Essa postura dos seguidores de Calvino alterava profundamente a visão a respeito do trabalho, até então desvalorizado e entendido como castigo de Deus. Não apenas o trabalho foi valorizado, mas a postura econômica, com vistas ao desenvolvimento das atividades terrenas, foi impulsionada e promoveu verdadeira revolução comportamental.

O ganho já não era visto como pecado, mas sim como sinal da salvação, como bênção de Deus, por isso deveria ser buscado.

O estudioso alemão Max Weber, na obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, mostrou a relação existente entre o calvinismo e o desenvolvimento do capitalismo. Segundo esse autor, o calvinismo favorece a acumulação capitalista, prescrevendo uma vida dedicada ao trabalho e à poupança.

Coincidência ou não, os países do norte da Europa, onde o capitalismo mais se desenvolveu, localizam-se exatamente nas áreas onde a reforma calvinista mais se implantou.

A burguesia encontrou no calvinismo a doutrina adequada à seus interesses e ao seu modo de vida. Incompatibilizada com o princípio católico do justo preço e da proibição da usura, a burguesia abraçou a nova doutrina.

A expansão do Calvinismo

A partir da Suíça, os pregadores calvinistas conseguiram difundir sua dou­trina em várias partes da Europa. Na Inglaterra os calvinistas ficaram conhecidos como puritanos. Foram perseguidos e imigraram em grande número para a América. Na Escócia, ficaram conhecidos como presbiterianos, e na França como huguenotes.

Por: Daiane Lara

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